quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Costa Rica: segue a luta contra o TLC

A luta contra o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos polarizou a pequena Costa Rica nos últimos meses. O movimento "No TLC" (Não ao TLC) organizou milhares de comitês em todo o país, e protagonizou uma marcha com mais de 150 mil pessoas pelas ruas da capital, San José.

No plebiscito oficial ocorrido no dia 7 de outubro, foi dado como vitorioso o "Sim", por uma pequena margem de votos. No entanto, o movimento "No TLC" denuncia inúmeras irregularidades, que vão desde o desrespeito à "trégua eleitoral" nos 3 dias anteriores ao plebiscito, em que a mídia fez uma campanha terrorista em defesa do Sim, até a compra direta de votos.

O movimento não reconhece o resultado do Plebiscito, e a luta continua. Podemos conferir no site do movimento "No TLC" que já foram realizadas duas assembléias nacionais, reunindo ativistas dos comitês de todo o país, uma no dia 13 de outubro, e outra no dia 27 de outubro. Ambas rechaçaram o resultado fraudulento do Plebiscito e convocaram a luta contra a "agenda de implementação" do Tratado.


Assembléia do dia 13



Assembléia do dia 27

terça-feira, 30 de outubro de 2007

"A copa 2014 é nossa!" em charges

Saiu o resultado de qual país sediará a copa 2014, e como não é novidade pra ninguém, ganhou o Brasil. E como não podia deixar de ser, o time de chargistas já entrou em campo.

Duke
Duke
Novaes
Sinovaldo

Depois da vitória em Brasília, ir para as bases

"A grande imprensa quase ignorou a marcha a Brasília do dia 24 de outubro. Os jornais que cobriram o fato não deram nenhum destaque, deixando-o fora das primeiras páginas em todo o país. Em todos os jornais, o número dos presentes foi subestimado.

No entanto, foi a principal mobilização nacional de oposição ao governo Lula em 2007. A passeata juntou 16 mil pessoas vindas de todo este país-continente, algumas com dois ou três dias de viagem.

O boicote da imprensa tem dois objetivos claros: o primeiro é ocultar dos trabalhadores do país a existência de uma oposição de esquerda ao governo, para que sempre se pense ao redor de dois blocos: o do governo e o da oposição de direita. Mas a oposição de esquerda existe e ocupou Brasília. E, dentro do conjunto das entidades que convocaram a marcha, se destaca com clareza o papel da Conlutas, amplamente majoritária na atividade. Apesar da grande imprensa, uma nova direção para as lutas das massas está surgindo.

O segundo objetivo é evitar que se amplie o que a marcha já demonstrou: começou uma campanha de massas contra a reforma da Previdência. Só é possível reunir um número tão grande de pessoas em Brasília, sem contar com o dinheiro do estado ou da burguesia, se houver apoio de um setor de massas.

E é isso que começa a ocorrer."


Assim começa o editorial do Opinião Socialista 320. A íntegra leia aqui.

É só dá uma enfeitadinha que passa...

Lute

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Blogosfera ocupada contra o REUNI

Tornou-se prática do movimento estudantil brasileiro a ocupação da blogosfera. Se tem ocupação da reitoria, tem blog da ocupação na rede. Eis aqui alguns dos blogs das ocupações de reitoria das federais contra o REUNI:
* Atualizado em 01/11/2007 às 13:31. A companheira Lu nos encaminhou o endereço do blog da UFSC.

domingo, 28 de outubro de 2007

UFBA ocupada!

O companheiro Fred Bruno publicou em nosso arremesso "Ocupações contra o REUNI estouram nas universidades federais" um comentário sobre a ocupação da UFBA que postamos aqui:

"Nós estudantes da UFBA estamos ocupando a reitoria desde o dia 1 de outubro. Tudo começou com um vasamento de gás que dura meses na residência universitária, fez com que os residentes resolvessem ocupar a Reitoria. O tempo passando e logo se viu que existiam problemas maiores que esses, e que o maior deles era o REUNI. O DCE (AE,DS) tentou a todo momento desviar o foco do REUNI, mas como não conseguiu abandonou a ocupação.

No dia 18 de outubro em Assembléia geral com mais de 600 estudantes que votou CONTRA o REUNI, o DCE foi obrigado a retornar a ocupação. Hoje, Temos a mais longa ocupação das contra o REUNI com 27 dias tendo que enfrentar a truculência do REItor que fez um CONSUNI fraudado, e um DCE que joga contra mobilização dos estudantes, mesmo assim sabemos que cada dia que passa ganha mais força o movimento contra o REUNI."


A ocupação da UFBA também possui um usuário no YouTube com videos da ocupação. Eis os videos publicados até agora em ocupacaoufba:

UFPR ocupada!

A UFPR está ocupada contra o REUNI. Os estudantes exigem a revogação do CONSUNI e a realização de um plebiscito. Abaixo uma relação de videos publicadas no YouTube pelo usuário UFPROCUPADA.

Ocupadas
Ocupadas
00:15

Video sobre a ocupação da reitoria da UFC

A reitoria da Universidade Federal do Ceará também está ocupada. O vídeo abaixo conta um pouco da história da ocupação.


Relato da marcha à Brasília por Cláudia Rejanne

A professora Cláudia Rejane, militante do PSTU do Crato e que fez parte da delegação cearense que foi à marcha publicou ontem na área de comentários de nosso blog um relato sobre a marcha que trazemos hoje para a "primeira página".

SOVIETE DO CEARÁ EM BRASÍLIA

Enquanto houver espaço, corpo, tempo
E algum modo de dizer não, eu canto
(Belchior)


20/10/2007, Segunda-feira, Crato-CE, local conhecido como “Asa”. Estávamos Cláudia Rejanne (SINDURCA), Ana Maria (Biologia), Dayana (C.A Pedagogia), Ítalo (C.A História), Emanoela (CONLUTE), tod@s da URCA, Tiago e Ivoneide (CONLUTAS). Depois chegaram Dona Guadalupe (IBGE) e Pedro (Ciências Sociais-URCA). Esperávamos um dos ônibus fretados pelos sindicatos, entidades estudantis e populares de Fortaleza, com destino a Brasília para participar da Marcha Nacional em defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários e para entregar o resultado do Plebiscito Nacional realizado em setembro sobre a Reestatização da Vale do Rio Doce, pela redução da taxa de energia elétrica, pelo não-pagamento da dívida externa em detrimento dos investimentos sociais, e contra a reforma da previdência que praticamente inviabiliza a aposentadoria. O Ceará enviou dois ônibus: um, composto majoritariamente pelos sindicalistas: rodoviários, trabalhadores da construção civil etc, e outro, com maioria dos estudantes da UFC, da UECE Fortaleza e Limoeiro do Norte, da URCA, estudantes secundaristas, companheir@s da comunidade do Barroso, Fortaleza, mais uns(mas) companheir@s do sindicato dos trabalhadores do IBGE.

Naturalmente, havia pessoas de diversas tendências políticas: do POR (Partido Operário Revolucionário), independentes, libertários (anarquistas), skinheads comunistas, do PSTU etc. Havia uma coordenação em cada ônibus que discutia, democraticamente, com tod@s @s passageir@s todas as normas, desde não fumar nem beber no ônibus até as músicas e filmes que iríamos ouvir e ver. Na segunda-feira ouvimos músicas variadas e na terça, vimos um filme sobre os 90 Anos da Revolução Russa, produzido pelo PSTU, seguido de debate. O que mais saltou aos olhos de tod@s neste filme foi o avançado grau de democracia operária no regime dos sovietes (conselhos de operários e soldados) russos que decidiam tudo, desde a política econômica até a organização das cidades. Depois vimos um filme sobre as ocupações de espaços urbanos debatido por tod@s sob a coordenação dos anarquistas. Na volta vimos o filme A batalha do Chile, levado pelos companheiros do POR. Menos pela influência do filme sobre a Revolução Russa e mais pelo clima de verdadeira democracia operária que reinava no ônibus, senti uma alegria muito grande com aquele sistema que bem poderia ser um soviete cearense.

Chegamos por volta das 5:30 da manhã no estádio Mané Garrincha, onde vimos chegarem as caravanas de Minas, do Rio, de Roraima, do Amapá, do Brasil inteiro. Companheir@s que viajaram até cinco dias para lá estarem. A manifestação iniciou por volta das 10:30 da manhã. A coordenação do ato puxava as palavras de ordem: “ô Lula, que indecência, essa Reforma da Previdência; 1 2 3 4 5 1000, ou param as reformas, ou paramos o Brasil; ô Lula, que coisa triste, ex-operário governado prá elite; ô Lula, que papelão, essa reforma é do patrão”, e a música: “sou, trabalhador eu sou, quero me aposentar, mas o Lula não quer deixar, eu vou à luta,” dentre outras. Brasília tingiu-se de vermelho. Olhávamos para frente e para trás e era impossível ver o início e o final da Marcha. Muita gente! Um evento de fazer vibrar os espíritos mais descrentes na resistência d@s trabalhador@es e da juventude com PT e PC do B no poder.

O bloco composto pelo ANDES e pelos estudantes vindos diretamente das dezenas de reitorias ocupadas levou o tema do REUNI – Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais, simbolizado pelos espantalhos, para lembrar a história do Espantalho que foi pedir inteligência e conhecimento ao Mágico de Oz e, este, como era um impostor e não sabia fazer mágica nenhuma, ao invés do pedido do espantalho, concedeu-lhe um diploma. O que o governo Lula quer fazer com as universidades públicas é algo semelhante. Ao invés de assegurar educação de qualidade com investimentos massivos nas universidades públicas, propõe-se a lotá-las de estudantes sem, no entanto, fazer concurso para técnico-administrativos e nem para professores e o que é pior: quer aprová-los automaticamente, tenham adquirido conhecimento ou não, no intuito de diminuir as estatísticas de evasão e repetência. Medida semelhante já é conhecida dos cearenses no ensino fundamental e médio. Quem não lembra dos famigerados AS e ANS (Avaliação Satisfatória e Avaliação Não-satisfatória) de Ciro Gomes? Agora querem fazer o mesmo com a universidade pública brasileira. Não é à toa que os Gomes, o PT, o PC do B e todo esse tucanato de verniz vermelho estão aí todos juntos contra a universidade pública e contra os direitos d@s trabalhador@es. O bloco das universidades cantava: “Eu ocupo, ocuparia, educação não é mercadoria; esse REUNI neoliberal não vai passar em nenhuma federal; esse REUNI não vai passar, ocupo reitoria para não privatizar,” dentre outras. Mas a que mais emocionou a galera foi o grito dos estudantes: “nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu, aqui está presente o movimento estudantil.”

A marcha seguiu até o Ministério do Trabalho e Previdência, onde houve uma performance teatral do pessoal da FENASPS com pizzas, Renan Calheiros e uma dama em dourado coberta de dinheiro. Após as falas das entidades promotoras, a Marcha seguiu até os jardins do Palácio do Planalto, cuja proposta inicial era ficar pouco tempo, protestar contra a corrupção e seguir com atos setoriais como, por exemplo, contra a transposição do Rio São Francisco em frente ao Ministério das Cidades e o ato da Educação em frente ao MEC. Nesse momento, o PSOL dividiu a Marcha, centrando a sua intervenção na bandeira de “Fora Renan” e numa espécie de “Feliz 2010, Heloísa Helena presidente”. Nesse momento já ocorria o ato da Educação para protestar contra o REUNI e demais medidas da Reforma Universitária e defender as demais reivindicações do movimento. Falaram o ANDES e diversos DCES, principalmente os de onde há ocupações de reitoria.

Pudemos notar três ilustres ausências na Marcha: a CUT, a UNE e o MST, os quais se comprometeram de estar e não estiveram. Um momento singular foi o hasteamento da bandeira da CONLUTE em frente ao MEC, ao som da palavra de ordem: “Eu sou de luta, sou radical, não sou capacho do governo federal”.

Após a Marcha houve reunião nacional da CONLUTAS para a qual não pudemos ficar, pois os recursos que conseguimos levantar não nos permitiram permanecer em Brasília por mais um dia. Ficaram somente algumas representações.

Na volta ao nosso pequeno soviete, houve um balanço inicial, onde @s companheir@s colocaram suas impressões sobre a Marcha. Na fala de tod@s havia unanimidade quanto à vitória da atividade, principalmente no aspecto da unidade do movimento. Fomos capazes de unir tantas correntes de pensamento em torno de bandeiras comuns. Lamentamos a atitude divisionista e eleitoreira do PSOL e apontamos a necessidade de levar para as nossas estruturas o que vivemos em Brasília, principalmente a urgência de se construir alternativas de luta d@s trabalhador@es, da juventude e dos movimentos populares, através da CONLUTE e CONLUTAS, bem como, da continuação do calendário de lutas, dentro do qual haverá reunião nacional da CONLUTAS em Fortaleza dia 10 de novembro. Houve, também, o informe de que o REUNI tinha sido aprovado pelo CONSUNI da UFC, o que exigirá uma resposta imediata.

Para mim, pessoalmente, o mais emocionante foi ver tanta gente jovem, aguerrida, de diversas correntes políticas e mesmo de nenhuma delas, disposta a colocar o melhor da sua vida a serviço da luta pela universidade pública, gratuita, laica, democrática, de qualidade, na defesa dos direitos d@s trabalhador@es e de uma sociedade verdadeiramente democrática, verdadeiramente socialista. Não essa democracia burguesa fajuta, em que se vota para presidente e se morre de fome, em que, a cada quatro anos, escolhemos quem vai nos ferrar pelos próximos quatro, mas uma democracia da maioria, onde cada um represente a si próprio em instituições verdadeiramente democráticas.

Quiçá os ventos que movem os moinhos da história nos permitam, em bem pouco tempo, um sistema mundial em que possamos participar dos sovietes do Iraque, do Haiti, dos EUA, do Crato, de Limoeiro do Norte, “dje” Fortaleza (olha o sotaque!), sem ter que, para adquirirmos conhecimento, recorrer a nenhum Mágico de Oz, ou de Orós; Que “a liberdade seja o pão em cada boca”, como diziam os muros da Sorbonne em 68; uma sociedade com verdadeiros sovietes, sem a praga monstruosa do stalinismo, essa ditadura burocrática que destruiu o regime soviético original e manchou de sangue as bandeiras do verdadeiro socialismo, o qual, segundo Marx, Lênin e Trotsky, “ou seria internacional ou não seria socialismo”; o socialismo sem o stalinismo que nunca mais manchará as bandeiras desses ideais tão antigos e tão atuais, pois “se nada somos nesse mundo, sejamos tudo, ó produtores (...) Bem unidos façamos nessa luta final, uma terra sem amos, a Internacional”.

Um forte abraço, companheir@s! Hasta la vitória siempre!
Profa. Cláudia Rejanne P. Grangeiro
Diretora do SINDURCA/ANDES/CONLUTAS, militante do PSTU.
Crato-CE, 27/10/2007

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ocupações contra o REUNI estouram nas universidades federais

Os conselhos universitários das universidades federais de todo o país estão votando e aprovando a adesão ao "Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais", o REUNI. E o movimento estudantil universitário que vem dando grandes demonstrações de recomposição no país desde a ocupação da USP reagiu quase que imediatamente.

Várias reitorias começaram a ser ocupadas: UFF, UNIRIO, UFC, entre outras.

Fazemos um chamado a todos os companheiros sejam da juventude do PSTU ou não, a ocupar também o Blog Molotov e o portal do PSTU com os informes das ocupações que estão ocorrendo em suas cidades. Usem a área de comentários do blog ou enviem e-mail para arremessando-no-blog@googlegroups.com ou pstu@pstu.org.br.

LIT participa de ato operário e internacionalista da IT na Argentina

No dia 19/10, a versão em espanhol do portal da LIT-QI divulgou a realização do ato de apresentação da IT - Izquierda de los Trabajadores como partido que estará participando do próximo processo eleitoral na Argentina com a consigna "una nueva alternativa para luchar contra Kristina". O ato ocorreu no dia 07 de outubro e contou com a presença de 500 pessoas incluindo Orlando Chirino da Venezuela, uma delegação da FOS e o companheiro Eduardo Almeida do PSTU.

O ato transformou-se em um grande marco pela reconstrução da unidade do movimento revolucionário latino-americano e em especial argentino.

Em sua intervenção, Edu afirmou que "Agora vivemos uma situação duplamente distinta. Distinta pela luta de classes, com grandes lutas e insurreições na América Latina. Distinta também porque a marca desta etapa, não é a da destruição da LIT e sim de sua reconstrução. Não existe maior homenagem ao velho Moreno, a 20 anos de sua morte, que assentar os cimentos da reconstrução da Internacional que foi o principal objetivo de sua vida. E existem vários sinais dessa reconstrução: a reintegração do CITO, a adesão do Partido da Alternativa Comunista da Itália, o crescimento do PSTU e da CONLUTAS. Porém é necessário falar abertamente entre os que estamos aqui: nenhuma reconstrução da LIT será completa se não avançamos no resgate histórico daquilo que foi nossa pior derrota: a destruição do MAS. A importância deste ato é que daqui se pode dar um sinal aos milhares de militantes do ex MAS que seguem nas lutas e defendendo a revolução socialista, de que algo diferente está acontecendo. Não acreditamos que a tarefa de reconstruir a LIT e a IV seja somente daqueles que hoje estão na LIT. É uma tarefa de todos aqueles que cremos em seu programa, em sua metodologia."

Leia aqui o artigo do FOS e a nota pública da IT sobre o ato.

PSTU faz Arte na Contramão

O PSTU da Zona Sul de São Paulo está promovendo o evento Arte na Contramão. Vão acontecer atividades culturais nos últimos fins-de-semana de outubro e novembro, ou seja, amanhã já tem programação certa. Se você estiver na capital paulista, dê uma conferida na programação aí embaixo e apareça. Vale a pena!


O Reuni que se cuide


Esta foto foi tirada pelo nosso repórter Diego Cruz. É a bandeira da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute) no mastro do Ministério da Educação. Ela foi hasteada durante o ato que a juventude e o Andes fizeram em frente ao ministério para protestar contra o Reuni, projeto de Lula que privatiza as universidades públicas. O governo que se cuide!

Waldemar Rossi e a Marcha à Brasília

O Correio da Cidadania publicou ontem o artigo "Um desserviço à luta dos trabalhadores" de Waldemar Rossi acerca da marcha do dia 24. No artigo, Rossi critíca setores do PSOL por desviar o centro da marcha que é a luta contra a retirada dos direitos para "colocar como centro dessa manifestação os ataques ao corrupto senador Renam Calheiros".

Waldemar Rossi conclui seu artigo assim:
"Como não podia ser diferente, a mídia - o grande baluarte defensor dos interesses do capital – deu destaque aos entreveros e aos ataques a Renan, omitindo descaradamente do conhecimento da opinião pública aquilo que foi a razão de ser da manifestação: o protesto da classe trabalhadora contra os assaltos aos direitos trabalhistas, principalmente aos direitos previdenciários.

Sem dúvidas, os representantes do PSOL prestaram um desserviço à luta de resistência da classe trabalhadora, praticando profundo desrespeito aos milhares de participantes e, neste sentido, se igualando à prática do governo petista. Infelizmente só nos resta lamentar e protestar, porque o estrago já foi feito!"


A repercussão da marcha (2)

Via de regra a grande mídia repercutiu o ato informando que 10 mil pessoas protestaram em defesa dos direitos dos trabalhadores. Mas "via de regra". Houve aqueles que pela cobertura de tão pífia ou deslocada da realidade, merecem aqui nosso destaque.

A cobertura do G1 resumiu-se à publicação de duas fotos, uma da carteira de trabalho sendo queimada e outra dos pizzaiolos em "Militantes protestam contra reforma da Previdência".

Já o Estadão, teve a proeza de somente lançar uma nota de 3 linhas que pela "profundidade e clareza" da mesma somos obrigados a divulgar aqu na íntegra: "Militantes da Conlutas, Andes e sindicais fizeram um ato, nesta quarta-feira, 24, em frente à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pela cassação do presidente do Senado licenciado, Renan Calheiros (PMDB). Os protestantes também pedem o fim da corrupção e da reforma universitária." Uma aula de jornalismo às avessas: 3 linhas, não dá idéia de quantas pessoas participaram, e ainda por cima "informa" que o protesto foi unicamente pelo fim da corrupção e contra a reforma universitária.

No rastro do Estadão, o Jornal Extra Alagoas, conseguiu fazer um artigo com mais de 600 palavras exatamente com o mesmo conteúdo. Impressionante. Conseguiu transformar a notícia vazia de 3 linhas em 673 palavras.

O Globo Online em "Protesto pára a Esplanada dos Ministérios" apesar do merecido destaque à questão do REUNI, não tocou na questão da luta contra a reforma da previdência.

Há 90 anos atrás...

"...As operações começaram às 2 horas do dia 25 de outubro com a ocupação pelos soldados, marinheiros e integrantes da Guarda Vermelha de instalações públicas, tais como os correios, os telégrafos, a central telefônica, a estação ferroviária, a central elétrica, o serviço de abastecimento de água, os armazéns de abastecimento de alimentos, os arsenais militares, o Banco do Estado, e também das grandes gráficas. Não houve luta e os primeiros prisioneiros se entregar resignadamente.

O apoio à insurreição, ao Soviete e aos bolcheviques era tão maciço que não houve necessidade de barricadas nem de intensos tiroteios nem de movimentação súbita de tropas. Tudo ocorreu sem que muito sangue jorrasse. Às 10 horas, embora ainda não se tivesse tomado a sede do governo provisório, o Palácio de Inverno, o Comitê Militar Revolucionário do Soviete de Petrogrado divulgou um boletim anunciando a vitória, a deposição do governo e a transferência do poder para o próprio Comitê. Às 12 horas o Pré-Parlamento foi evacuado e os seus membros se dispersaram sem resistência.

Mas a rendição do Palácio de Inverno não tinha se consumado.

O 2º Congresso dos Sovietes da Rússia, cuja data de início era prevista para o mesmo dia 25, foi instalado antes que o Palácio de Inverno fosse ocupado pelos insurretos. Evidentemente houve atraso no início dos trabalhos, uma vez que todos queriam saber sob que governo transcorreria a reunião. Na abertura contaram-se 650 delegados com direito a voto. Os bolcheviques, como se esperava, conquistaram a maioria: 390 votos. Mais tarde vieram mais delegados e o número de participantes chegou a 900. Mantiveram-se os bolcheviques em maioria: numa primeira votação, contaram-se 505 votos pela passagem do poder para os sovietes, contra 162; assim mesmo esses 162 votos dividiam-se entre votos dados pela "democracia" e outros tantos dados em favor do governo provisório, uns pretendendo que os cadetes seguissem no governo, outros contrários.

Os conciliadores fizeram diversos discursos exigindo o fim da insurreição e assegurando que se fosse derrubado o governo, os bolcheviques não sustentariam no poder por mais do que alguns poucos dias ou que a Rússia ingressaria numa guerra civil. Como suas ameaças não surtissem o efeito imediato desejado, desanimaram e foram abandonando a Congresso dos Sovietes. Os delegados socialistas-revolucionários dividiram-se: os de esquerda permaneceram no Congresso, os outros se foram. Cerca de metade dos mencheviques - uns 70 delegados - também deixaram o Congresso.

Às 2 horas e 10 minutos do dia 26 de outubro, quando a sessão de abertura do Congresso já invadia a madrugada, o governo provisório rendeu-se."

O texto acima é de José Augusto Alvarenga, e pode ser lido aqui.

Não deixe de visitar o especial 90 anos Revolução Russa de nosso portal e conferir os inúmeros artigos ali publicados.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A repercussão da marcha

Cobertura da Marcha Nacional como a feita pelo PSTU com certeza não houve. A grande imprensa escrita e televisionada voltou seus holofotes para outros temas, e somente quando a Agência Brasil soltou a primeira notícia às 13:49 é que alguns meios de comunicação se deram ao trabalho de repassá-la tal como fez o JB, dando conta que "cerca de 10 mil pessoas protestam contra a reforma da Previdência".

O Blog do Noblat também repercutiu o ato com a postagem "Contra tudo e todos!" de Carol Pires. Lá lê-se: "A manifestação é organizada pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) e Intersindicais. O porta-voz do movimento é Zé Maria, presidente do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU). Ele exige que o governo desista da reforma da previdência.".

A Folha Online só veio noticiar a marcha às 19:19, sendo que considerou não só a notícia da Agência Brasil como também o informe do portal nacional do ANDES. Na matéira da Folha Online lê-se: "José Maria de Almeida, da Conlutas, disse que a marcha foi o resultado do encontro realizado em março em São Paulo. 'Mas é também um aviso ao governo federal de que não aceitaremos a reforma que o Fórum Nacional da Previdência Social elaborou. Se o governo sequer enviar essa proposta ao Congresso, organizaremos uma greve nacional no primeiro semestre de 2008'"

Como felizmente nem só de imprensa burguesa vive o internauta brasileiro, é possível ainda ler avaliações da marcha no portal do ANDES e também do Deputado Ivan Valente do PSOL aonde lê-se, tanto em um como em outro, que a marcha chegou a 20 mil mainfestantes. E é claro tem a cobertura do PSTU aqui no Blog Molotov.

No portal: Veja na seção multimídia imagens da Marcha registradas por Diego Cruz e Yara Fernandes.

16 mil pessoas: uma marcha vitoriosa!

... mas poderia ter sido maior.

Mesmo antes da saída das delegações, os relatos dos militantes que organizavam os ônibus eram semelhantes. O número de pessoas nas listas era muito maior que a quantidade de vagas nos ônibus. O esforço de todos os companheiros e companheiras para arrecadar dinheiro fez uma bela marcha, mas não foi suficiente para levar todo que queriam ter ido.

Desde o início, as entidades organizadoras enfrentaram o boicote ativo da Central Única dos Trabalhadores e de setores governistas, como o PCdoB. O caso mais gritante aconteceu na Apeoesp, sindicato dos professores de São Paulo. Em assembléia, a categoria decidiu que cada subsede da entidade – 93 no total – garantiria materialmente um ônibus para Brasília. A direção da entidade, ligada ao governo (Articulação/PT), descumpriu a resolução e, ao final, apenas três ônibus foram enviados.

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, infelizmente, decidiram não construir a marcha. Eles estiveram presentes no Encontro Nacional contra as Reformas, no dia 25 de março, e nas mobilizações de 23 de maio. O MST poderia ter mobilizado um número grande de lutadores que o tem como referência.

Como disse Zé Maria, não podemos mais aceitar o argumento de que o governo Lula está em disputa. Lula estava reunido com os maiores empresários do país, barganhando sabe-se lá o quê. Lula quer tirar da classe trabalhadora o direito de se aposentar. Lula quer acabar com a CLT. Lula mantém a privatização da Vale e privatiza estradas e universidades. Lula enche o bolso dos Estados Unidos com os juros da dívida, dos banqueiros do Santander, Itaú, etc. e das multinacionais. Não, este governo não está em disputa.

Não dá mais sequer para se omitir com relação a estes ataques: quem não combatê-los, estará facilitando a vida do governo. Este, por sua vez, se coloca explicitamente contra os trabalhadores e contra a juventude. Os companheiros do MST precisam se colocar ao lado dos trabalhadores, na luta, nas ruas, nas marchas.

Boicote da empresa de ônibus em BH...

Em BH, um caso curioso. Ainda não sabemos exatamente o que (ou quem) motivou o boicote da empresa de ônibus à marcha, mas o fato é que a delegação mineira – cerca de 500 pessoas – ficaram esperando os 14 ônibus contratados que não apareceram. O companheiro Wender, de BH, postou um comentário no Blog. Reproduzimos abaixo.

“A delegação da Conlutas de Belo Horizonte foi traída pela empresa de transporte contratada, deixando na praça da estação mais ou menos 500 pessoas que estavam dispostas a lutar pelas nossas causas!!!

Enfim, fomos traídos por uma empresa que não nos enviou os ônibus contratados, deixando todos tristes, cabisbaixos e voltando para suas casas!!!

O que faremos para conquistar novamente a confiança de todas as pessoas que disponibilizaram o seu tempo? E a maioria não tem tempo!

Wender – Sindees (BH)

Mulheres em Marcha!

Como não podia deixar de ser, as mulheres foram uma presença marcante na Marcha. Afinal, a reforma da Previdência vai acabar de vez com a diferença de idade entre homens e mulheres para a aposentadoria, ignorando completamente a dupla – e muitas vezes tripla – jornada de trabalho das mulheres.

Mas não é só isso que as mulheres querem. A descriminalização e legalização do aborto é uma bandeira antiga dos movimentos feministas. No governo Lula, esperava-se que ela fosse conquistada. Entretanto, apesar dos projetos existentes, nada aconteceu até o momento.

A discussão voltou com toda a força e o movimento pró-legalização vem crescendo. Em partes, isso se deve também ao fato de, em vários países, o aborto ter sido legalizado. Os mais recentes foram Portugal e México.

Contudo, este não é um debate fácil. A questão é polêmica e, infelizmente, o moralismo e as igrejas, às vezes, pesam mais do que a saúde de milhões de mulheres no planeta. A obrigação da esquerda e dos lutadores é explicar por que é necessária a legalização e lutar por ela para que mulheres parem de morrer. A polêmica ficou mais evidente quando, infelizmente, a ex-senadora do PSOL, Heloisa Helena, se lançou numa campanha contra o aborto.

Acreditamos que essa postura é equivocada e que Heloisa deve rever sua posição somando-se à luta pela legalização, pelo direito da mulher de decidir sobre seu corpo e contra a mortandade feminina. A Secretaria de Mulheres do PSTU confeccionou um adesivo (que reproduzimos abaixo) para ser usado na marcha e depois dela.

Representando Grupo de Trabalho de Mulheres da Conlutas, a professora Janaína Rodrigues defendeu veementemente a legalização e a descriminalização do aborto. “As mulheres trabalhadoras são obrigadas a fazer abortos em clínicas clandestinas e colocam sua vida e sua saúde em risco, por isso é necessário que as mulheres tenham esse direito”, disse, reiterando, também, a necessidade das mulheres de lutar contra a reforma da Previdência, que vai atingir, sobretudo, as trabalhadoras e pobres.

Termina o ato no MEC marcando a luta contra o Reuni

Cerca de 1.000 pessoas realizaram, em frente ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), o ato contra o Reuni. Estudantes de vários estados estavam representados. Havia delegações das universidades que estão ocupadas. A principal delas é a UFRJ, mas também estão em luta a UFPR, e a UFBA. Uma delegação da Fundação Santo André (FSA), que está em greve há mais de um mês, também estava no ato.

“Olê, olê, olê, olá / esse Reuni não vai passar / ocupo reitoria para não privatizar” e “trabalhador e estudante / essa aliança nos leva adiante” foram algumas das palavras-de-ordem cantadas.

O presidente do Andes-SN, Paulo Rizzo, falou que o papel das reitorias, atualmente, tem sido o de impor o Reuni de forma autoritária, sem nenhuma discussão com a comunidade acadêmica. Em contrapartida, “o papel de cada universidade hoje deve ser o de recusar o Reuni”, disse.

Ele também informou que o governo ofereceu um reajuste maior aos professores que fazem 20 horas do que aos que cumprem regime integral. Essa política é parte da estratégia de impor o Reuni, abdicando da dedicação integral de seus profissionais.

Camila Lisboa, estudante da Unicamp e membro da Conlute, falou no carro de som: “esse ano, a luta nos mostrou que é preciso barrar os ataques do governo contra as universidades”. Ela citou uma série de ocupações que já ocorreram – começando pela da USP – e outras que estão em andamento.

A busca de uma alternativa para o movimento estudantil foi outro tema citado. “Diante da burocratização e da falência da UNE, precisamos construir a unidade dos estudantes numa frente de luta”, disse Camila. E concluiu: “o desafio do movimento estudantil hoje é impulsionar a construção de uma nova entidade”. Ao final, puxou a palavra-de-ordem “quem ocupou, quem vai lutar / nova entidade vai fundar”.

A bandeira da Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes, a Conlute, foi hasteada no mastro do ministério.

Esse Reuni não vai passar! Luta pela educação presente na marcha

A luta em defesa da educação esteve presente em todo o ato. O movimento estudantil entrou numa nova fase. A ocupação da reitoria da USP, em maio deste ano, inaugurou uma série de ocupações em todo o país. Neste momento, estudantes lutam contra a privatização do ensino – que se acelerou sob o governo Lula –, contra o Reuni e pela qualidade e gratuidade do ensino, luta que se materializa nas reivindicações por salas de aulas, professores, laboratórios, etc.

Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN, entidade representativa dos docentes das universidades federais, saudou manifestação e disse que muitos companheiros não puderam estar presentes, especialmente estudantes de dezenas de universidades federais, que hoje estão lutando contra o Reuni, ocupando reitorias. “A luta contra a reforma do ensino superior é importante porque os filhos dos trabalhadores não precisam apenas de mais vagas nas escolas, mas sim em escolas públicas, gratuitas e de qualidade”, disse.

Camila Lisboa, estudante da Unicamp e membro da Conlute, ressaltou: “se no primeiro semestre a gente construiu uma grande ocupação na USP contra os decretos de Serra, no segundo semestre, as federais estão ocupando contra o Reuni, contra os decretos do Lula. Enquanto isso, a UNE está a favor do governo, a favor do Reuni, contra as lutas dos estudantes. E a juventude também está junto com os trabalhadores contra as reformas que retiram direitos”.

Ela encerrou sua fala puxando a palavra-de-ordem “olê, olê, olê, olá / esse Reuni não vai passar / ocupo reitoria para não privatizar”. Ela foi seguida pelos trabalhadores que cantaram junto.

Estudantes e docentes espalharam espantalhos na Esplanada contra o Reuni. O ato simbólico foi uma referência ao filme O Mágico de Oz, à cena em que o Mágico dá ao Espantalho um diploma (que não tem valor). Este lhe responde: “para que eu quero um diploma se não tenho cérebro?”.

Marcha encerra em frente ao Congresso Nacional

Um ato contra a corrupção marcou o encerramento desta grande Marcha a Brasília. A organização informou que 16 mil pessoas participaram da manifestação, vindas de todos os cantos do país.

Junto ao espelho d'água, em frente ao Congresso Nacional, repetiu-se a performance dos deputados-pizzaiolos e de Renan Calheiros dançando Tango com a Dama da Corrupção. Os atores encenaram ao som das animadas palavras-de-ordem dos ativistas.

A Marcha já é, sem sombra de dúvidas, uma grande vitória dos trabalhadores, trabalhadoras e juventude deste país!

Neste momento, os movimentos populares estão realizando um ato no Ministério das Cidades. A juventude se dirigiu ao Ministério da Educação, onde também fará um protesto.

*Corrigida em 25/10/2007, às 15h43. Ao contrário do que publicamos antes, o encerramento foi em frente ao Congresso Nacional e não ao Palácio do Planalto. Desculpem-nos!

Zé Maria, da Conlutas, fala no ato contra a reforma da Previdência

Zé Maria de Almeida, da Coordenação Nacional da Conlutas, incentivou a luta contra as reformas e disse que a da Previdência não vai passar. Ele lembrou que Lula se reúne hoje com os 100 maiores empresários do país. “No mesmo dia em que ele [Lula] se reúne com os tubarões do lado de lá, aqui estão os trabalhadores de todo o país lutando pela manutenção dos seus direitos. Esta reforma não vai passar”, disse.

Já apontando para a continuidade das mobilizações, Zé Maria disse: “vamos sair daqui e ir para as escolas, fábricas, bairros e organizar a população, organizar uma grande paralisação nacional, vamos parar a produção. Não vai passar!”.

Ele também lamentou a falta de setores que estiveram juntos no encontro do dia 25 de março e nas manifestações do dia 23 de maio. Porém, afirmou que “não vamos mais aceitar aquela desculpa de que o governo está em disputa e que é preciso mobilizar o povo para disputar o governo. O povo está aqui. E cadê os companheiros?”.

Zé Maria lembrou, ainda, que há um projeto tramitando no Congresso Nacional, nas mãos do deputado petista Vacarezza. O projeto pretende mudar a CLT, rebaixando direitos. Na quinta-feira, 25, a Conlutas e demais entidades que estão presentes na Marcha vão se reunir com Vacarezza e pedir esclarecimentos sobre este projeto.

Ato no Ministério da Previdência acontece neste momento

Em frente ao Ministério da Previdência, acontece o ponto alto da Marcha: o ato contra a reforma da Previdência.

A abertura do protesto teve uma divertida performance artística realizada pelo Sindicato dos Servidores Federais de São Paulo (Sindsef-SP). Atores vestidos de “deputados-pizzaiolos” cercavam um curioso casal que dançava um tango: o ator representava Renan Calheiros e a atriz, a “dama da corrupção”. Um casal inseparável!

Em seguida, começaram as falas. Benedito Marcílio, da Confederação Brasileiras de Aposentados e Pensionistas (Cobap) lembrou que não é verdadeiro o discurso do governo de que a que a Previdência é deficitária. Ele informou que, desde 2002, foram R$ 250 bilhões de superávit. Só em 2006, foram R$ 40 bilhões. “Não precisamos de uma nova reforma da Previdência, mas sim que este governo cumpra a Constituição e os capítulos para a manutenção e sustentação da Previdência e da Seguridade Social”, disse.



Das Pastorais Sociais de São Paulo, Vademar Rossi, classificou as reformas neoliberais como “traição aos direitos dos trabalhadores”. Ele disse, ainda, que as reformas são mais do que isso: “são traição daquele clima de esperança do povo brasileiro que elegeu este governo e esperava as transformações sociais, mas, infelizmente, ele caminhou para outro rumo, organizando a traição e o roubo de direitos que construímos com tanta luta. Não vamos aceitar pacificamente esta traição, estamos dispostos a parar este país se for preciso para que nossos direitos sejam respeitados”.

Representando o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a ex-senadora Heloisa Helena disse que seu partido “está junto com todos os partidos e movimentos sociais, juntando forças políticas pra dizer bem alto fora todos os corruptos que roubam dinheiro do povo, fora os corruptos que dão sustentação a esse sistema e tem a ousadia de querer aprovar reformas neoliberais, roubando mais uma vez o povo”. Ao fim de sua fala, os manifestantes gritaram a palavra-de-ordem “um, dois, três, quatro, cinco mil / ou pára estas reformas ou paramos o Brasil”.

Luís Carlos Prates, o Mancha, dirigente do PSTU, saudou os lutadores que viajaram milhares de quilômetros para fazer o maior ato contra o governo Lula. “Esses trabalhadores venderam e compraram bônus pra financiar a marcha, construíram juntos a marcha, esta marcha que não tem dinheiro do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], que é feita com a contribuição do trabalhador”, disse.

Mancha falou que o governo Lula serve aos banqueiros. Diante disso, “só tem um caminho para derrotar as reformas neoliberais, esta famigerada reforma da Previdência. Este caminho não é o conchavo dentro do Congresso. É a ação direta, a mobilização”.

E concluiu: “este ano, comemoramos 90 anos da Revolução Russa e hoje é necessário retomar a perspectiva da revolução. É preciso uma revolução socialista neste país! O socialismo não morreu, e esta manifestação é demonstração clara disso. Viva a Revolução Russa! Viva a luta dos trabalhadores brasileiros!”.

Agência Brasil divulga fotos da Marcha

A Agência Brasil publicou há pouco as primeiras fotos da Marcha à Brasília registradas por Marcello Casal. São 11 imagens, mas nenhuma registra toda a extensão da marcha, o que não ajuda a dar a dimensão exata da mesma.

Seguem as fotos:













(*) Corrigido o horário do arremesso de 13:22 para 12:22 para ficar em sicronia com os demais.

Haja fôlego!

Alguns abnegados militantes viajaram muitas horas para chegar a Brasília. Só mesmo muita vontade de resistir e mudar essa ordem maluca – que tira dos pobres e dá aos ricos – para mover esses milhares de lutadores.

O sol é forte, o ar seco, o vento – está ventando forte em Brasília –, o cansaço de uma longa viagem e dos esforços anteriores para preparar a manifestação: nada disso fez com que a animação da marcha diminuísse. As pessoas gritam palavras-de-ordem com toda a força, caminham muitos metros para chegar ao Congresso Nacional, carregam bandeiras e faixas. É, Lula, se depender desses honrados militantes, sua vida junto aos empresários não será fácil...

Eles vieram de 26 estados. Alguns, como é o caso dos ativistas de Pernambuco, viajaram mais de 40 horas. Até o pequeno estado do Acre está marcando presença com uma delegação. Entre os mais distantes, também estão Rondônia, Amapá, Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí. Do Rio Grande do Sul, vieram manifestantes que viajaram cerca de 36 horas.

Essa demonstração de esforço é uma pequena amostra do que vai ser a luta contra as reformas daqui para frente.

Em tempo: o internauta “anônimo” informou há pouco, nos comentários do blog, que Lula vai estar reunido hoje com cerca de 100 dos maiores empresários do país. Esse encontro a imprensa está cobrindo...

Bloco dos sem-teto também se destaca na passeata

A presença massiva dos sem-teto chama a atenção na marcha. Eles foram organizados, principalmente, pelo Movimento Urbano de Sem-Teto (MUST), vindos da ocupação Pinheirinho, de são José dos Campos, e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Há pouco, falou no carro de som o líder do Pinheirinho, o Marrom. Ele foi ovacionado ao falar sobre a importância da luta contra a reforma da Previdência e de articular a ela a luta por moradia.

Em entrevista ao Portal do PSTU, Guilherme Castro, coordenador do MTST, informou que o movimento organizou delegações de sem-teto de vários estados do país com a perspectiva de “fortalecer este ato contra a reforma da Previdência e contra as reformas neoliberais do governo federal”. Ele destaca que também foram a Brasília para lutar pela reforma urbana. “Vamos fazer no período da tarde um ato dos movimentos populares em frente ao Ministério das Cidades, exigindo reforma urbana, exigindo moradia popular e uma transformação radical da política habitacional do governo Lula, que não atende aos setores mais pobres que compõem a enorme maioria do déficit habitacional, que ganham até dois salários mínimos”, disse.

Neste momento, o “mar vermelho” de faixas e bandeiras já tomou conta do Planato. Há pouco, quando a Marcha entrava na Esplanada, os manifestantes gritavam: “aha, uhu, a Esplanada é nossa”. Ainda tem muita coisa para acontecer!

Ativistas chegam ao Setor dos Hotéis

A Marcha passa, agora, pelo Setor de Hotéis da cidade. Mais uma vez, a grande imprensa boicota uma atividade de protesto de grande dimensão. A ausência de jornalistas e de cobertura da mídia burguesa num evento grande como este é, no mínimo, estranha.

Isso, porém, não diminui a importância da Marcha nem a empolgação dos ativistas. Ainda não dá para dizer o número exato de pessoas, mas são milhares. Sem falar que muitos ônibus ainda estão para chegar.

Durante o percurso, dirigentes de organizações e entidades fazem suas falas de protesto no carro de som. Entre outros, falaram Paulo Barela, da ASSIBGE, Wiliam Carvalho, do Sinasefe, um representante dos petroleiros e Marcos Praxedes, do MLST. Praxedes fez um chamado aos movimentos populares, sobretudo ao MST, para que se integrem na luta contra as reformas.

O bloco mais animado é o da juventude, organizado pela Conlute. Mesmo com clima árido, os estudantes e jovens trabalhadores não param de tocar seus bumbos e tambores e de gritar suas palavras-de-ordem. Isso é o reflexo das lutas que vêm ocorrendo nas universidades de todo o país contra o Reuni e pelas pautas de cada instituição. Em suma, são todas reivindicações em defesa da qualidade e da gratuidade do ensino. Eles cantam: “o Reuni neoliberal não vai passar em nenhuma federal”.

Marcha acaba de sair da concentração

Com uma faixa que diz “Tirem as mãos da nossa aposentadoria” abrindo a caminhada, os milhares de ativistas que participam da marcha começam a deixar o estádio Mane Garrincha. A pista principal da avenida que leva à Esplanada dos Ministérios já está tomada.

Um pequeno carro alegórico, levado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, traz bonecos do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, vestido de morte, e de Lula, queimando uma carteira de trabalho. São José levou 18 ônibus a Brasília com metalúrgicos, químicos, trabalhadores da alimentação e dos correios, principalmente.

Estão presentes muitas organizações e entidades. Até o momento, é possível ver faixas e bandeiras do PSTU e do PSOL, da Conlutas, da Conlute, da Intersindical e do MTST. Além dessas, são muitos os sindicatos que participam do ato, como Fenasps, Andes, Sindsef-SP, entre dezenas.