domingo, 3 de fevereiro de 2008

Conversa de Rua: Uma metáfora para o mundo contemporâneo

Em sua nova crônica especial para o portal do PSTU, João Paulo da Silva, relata uma conversa de rua com um dono de uma banca de revista sobre um tema sempre muito atual: a luta do povo palestino. O áudio leva a voz de Giambatista Brito e Nestor Bezerra.




Uma metáfora para o mundo contemporâneo

Por João Paulo da Silva

Andando tranqüilo no centro da cidade, não pude deixar de bater os olhos na manchete de um jornal numa banca de revistas: "Hamas diz que lançará foguetes enquanto Israel mantiver ocupação". Percebendo meu interesse pelo assunto, o dono da banca comentou:

- Esses sujeitos são todos uns fanáticos. Vivem metidos nessa guerra sem sentido.Um bando de terroristas doidos que só querem explodir tudo. Eu é que não me meto nisso. Estão todos errados.

A argumentação daquele homem nada mais era do que a simples repetição da propaganda da turma do Tio Sam. Eu que não tenho nenhuma simpatia pelo Hamas podia até ter ficado calado. Mas como isso não é do meu feitio não me contive. Na mesma hora me ocorreu uma metáfora para explicar o caso.

- O senhor tem casa? - perguntei.

- Claro que tenho. Por quê?

- Então imagine só a situação. É madrugada. O senhor e sua família dormem tranquilamente. De repente ouvi-se um estrondo. Parece que vão derrubar a casa. Rapidamente um exército armado até os dentes invade o quarto, apontando fuzis para a cabeça do senhor e de sua família. Os homens armados mandam vocês saírem da casa. Do contrário, todos vão morrer. Eles dizem que a partir daquele momento a casa não lhes pertence mais. Faz parte agora de um Novo Estado que eles estão fundando. O que o senhor faz?

- Saio, ué?! Não tô querendo morrer.

- Exatamente. No primeiro momento o senhor e sua família decidem sair. Mas depois você percebe que aquele exército não queria apenas a sua casa. Queria também a dos seus vizinhos. E a dos vizinhos dos seus vizinhos. E a dos vizinhos dos vizinhos dos seus vizinhos. Aí o senhor se dá conta de que tudo aquilo é na verdade parte de um projeto de dominação. Que na realidade o que eles querem mesmo é controlar toda a região. Tudo isso porque descobriram que naquelas terras – suas e de seus vizinhos, diga-se de passagem – existe muito petróleo e que vale uma fortuna. Então, o exército fortemente armado começa a empurrar o senhor, seus parentes e seus vizinhos cada vez mais para fora daquela terra. De modo que, em pouco tempo, todos vocês estão vivendo como escravos em verdadeiros campos de concentração, sofrendo bloqueios e passando necessidades. Aí o que é que o senhor faz?

- Aí eu me revolto, ué?! Os caras roubaram minha casa e, me expulsaram da minha terra e ainda maltrata minha família!

- Exatamente! Esta situação é muito cruel. Sendo assim, o que o senhor fará todas as vezes que passar na frente de sua casa tomada pelos invasores?

- Ahhhh moço!!! Eu atiro uma pedra, um tijolo, um pedaço de pau! O que eu tiver na mão!

- Tudo isso porque o senhor quer de volta o que é seu. Mas digamos que o senhor não tenha apenas pedras e paus. Possui também bombas e foguetes. Usaria?

- Claro! Agora virou uma guerra!

- Pois é, meu senhor. É justamente essa guerra que vive o povo palestino.

Saí da banca de revistas imaginando o que aquele homem estaria pensando agora. No caminho pra casa, me lembrei da frase que certa vez ouvi de um trotskista chamado Valério Arcary: "Numa luta entre desiguais, permanecer calado é sempre apoiar o mais forte".


* Atualizado em 04/02/2008: O áudio passa a ficar disponível. Estamos experimentando o servidor de podcast podomatic. Não deixe de postar sua opinião, tanto sobre a crônica como sobre o serviço de áudio. Sugestões são muito bem vindas.

3 comentários:

Incendiário disse...

Infelizmente, o áudio está com defeito. Assim que corrigirmos, avisamos.

Anônimo disse...

PRESIDENTE OPERÁRIO ? ORÍGEM HUMILDE ?

Vão abaixo alguns dos itens que constam da lista de compras de José Henrique:
(funcionário que faz a feira do Lula)


R$ 55.400 foram gastos nos supermercados Pão de Açúcar;


R$ 23.800 foram deixados numa casa de carnes chique de Brasília: Reisman. O estabelecimento é conhecido na Capital por levar às suas vitrines refrigeradas os melhores cortes para churrascos. A picanha argentina sai a R$ 48 o quilo. A carne de coelho, muito apreciada por Lula, custa R$ 26;



R$ 14.800 forraram a caixa registradora do Mercadinho La Palma. Situado na Asa Norte de Brasília, vende vegetais frescos, iguarias e temperos.



R$ 1.200 foram despendidos pelo funcionário da presidência em padarias;



R$ 2 400 pagaram vinhos adquiridos na casa Wine Company.

REI É O NÃO É MAIS BARATO ?

Desculpem a falta de contexto mas isso é um absurdo !

Anônimo disse...

Sou brasileiro, não sou pobre e sou considerado classe média aqui em Portugal. Gasto por mês 300 euros em supermercado. Compro o equivalente ao que custaria no Brasil 350 Reais de mercadorias.

Façam as contas !

O Lula deve estar alimentando uma família grande! R$ 55.400 ?? daria para eu viver por 13 anos com o que gasto ! E olha que eu estou muito bem alimentado.