Uma metáfora para o mundo contemporâneo
Por João Paulo da Silva
Andando tranqüilo no centro da cidade, não pude deixar de bater os olhos na manchete de um jornal numa banca de revistas: "Hamas diz que lançará foguetes enquanto Israel mantiver ocupação". Percebendo meu interesse pelo assunto, o dono da banca comentou:
- Esses sujeitos são todos uns fanáticos. Vivem metidos nessa guerra sem sentido.Um bando de terroristas doidos que só querem explodir tudo. Eu é que não me meto nisso. Estão todos errados.
A argumentação daquele homem nada mais era do que a simples repetição da propaganda da turma do Tio Sam. Eu que não tenho nenhuma simpatia pelo Hamas podia até ter ficado calado. Mas como isso não é do meu feitio não me contive. Na mesma hora me ocorreu uma metáfora para explicar o caso.
- O senhor tem casa? - perguntei.
- Claro que tenho. Por quê?
- Então imagine só a situação. É madrugada. O senhor e sua família dormem tranquilamente. De repente ouvi-se um estrondo. Parece que vão derrubar a casa. Rapidamente um exército armado até os dentes invade o quarto, apontando fuzis para a cabeça do senhor e de sua família. Os homens armados mandam vocês saírem da casa. Do contrário, todos vão morrer. Eles dizem que a partir daquele momento a casa não lhes pertence mais. Faz parte agora de um Novo Estado que eles estão fundando. O que o senhor faz?
- Saio, ué?! Não tô querendo morrer.
- Exatamente. No primeiro momento o senhor e sua família decidem sair. Mas depois você percebe que aquele exército não queria apenas a sua casa. Queria também a dos seus vizinhos. E a dos vizinhos dos seus vizinhos. E a dos vizinhos dos vizinhos dos seus vizinhos. Aí o senhor se dá conta de que tudo aquilo é na verdade parte de um projeto de dominação. Que na realidade o que eles querem mesmo é controlar toda a região. Tudo isso porque descobriram que naquelas terras – suas e de seus vizinhos, diga-se de passagem – existe muito petróleo e que vale uma fortuna. Então, o exército fortemente armado começa a empurrar o senhor, seus parentes e seus vizinhos cada vez mais para fora daquela terra. De modo que, em pouco tempo, todos vocês estão vivendo como escravos em verdadeiros campos de concentração, sofrendo bloqueios e passando necessidades. Aí o que é que o senhor faz?
- Aí eu me revolto, ué?! Os caras roubaram minha casa e, me expulsaram da minha terra e ainda maltrata minha família!
- Exatamente! Esta situação é muito cruel. Sendo assim, o que o senhor fará todas as vezes que passar na frente de sua casa tomada pelos invasores?
- Ahhhh moço!!! Eu atiro uma pedra, um tijolo, um pedaço de pau! O que eu tiver na mão!
- Tudo isso porque o senhor quer de volta o que é seu. Mas digamos que o senhor não tenha apenas pedras e paus. Possui também bombas e foguetes. Usaria?
- Claro! Agora virou uma guerra!
- Pois é, meu senhor. É justamente essa guerra que vive o povo palestino.
Saí da banca de revistas imaginando o que aquele homem estaria pensando agora. No caminho pra casa, me lembrei da frase que certa vez ouvi de um trotskista chamado Valério Arcary: "Numa luta entre desiguais, permanecer calado é sempre apoiar o mais forte".
* Atualizado em 04/02/2008: O áudio passa a ficar disponível. Estamos experimentando o servidor de podcast podomatic. Não deixe de postar sua opinião, tanto sobre a crônica como sobre o serviço de áudio. Sugestões são muito bem vindas.
3 comentários:
Infelizmente, o áudio está com defeito. Assim que corrigirmos, avisamos.
PRESIDENTE OPERÁRIO ? ORÍGEM HUMILDE ?
Vão abaixo alguns dos itens que constam da lista de compras de José Henrique:
(funcionário que faz a feira do Lula)
R$ 55.400 foram gastos nos supermercados Pão de Açúcar;
R$ 23.800 foram deixados numa casa de carnes chique de Brasília: Reisman. O estabelecimento é conhecido na Capital por levar às suas vitrines refrigeradas os melhores cortes para churrascos. A picanha argentina sai a R$ 48 o quilo. A carne de coelho, muito apreciada por Lula, custa R$ 26;
R$ 14.800 forraram a caixa registradora do Mercadinho La Palma. Situado na Asa Norte de Brasília, vende vegetais frescos, iguarias e temperos.
R$ 1.200 foram despendidos pelo funcionário da presidência em padarias;
R$ 2 400 pagaram vinhos adquiridos na casa Wine Company.
REI É O NÃO É MAIS BARATO ?
Desculpem a falta de contexto mas isso é um absurdo !
Sou brasileiro, não sou pobre e sou considerado classe média aqui em Portugal. Gasto por mês 300 euros em supermercado. Compro o equivalente ao que custaria no Brasil 350 Reais de mercadorias.
Façam as contas !
O Lula deve estar alimentando uma família grande! R$ 55.400 ?? daria para eu viver por 13 anos com o que gasto ! E olha que eu estou muito bem alimentado.
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