sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Stephen Jay Gould e a religião



O paleontologista norte-americano Stephen Jay Gould é considerado um dos principais teóricos que contribuíram para o aprimoramento da Teoria da Evolução. A sua contribuição mais importante ao evolucionismo foi a teoria do Equílibrio pontuado. Gould (que sempre foi simpatizante da esquerda, e participante de manifestações), elaborou tal teoria com uma inegável influência da dialética marxista, como nota Phil Gasper no artigo "O Biólogo Dialético Stephen Jay Gould", publicado na revista Marxismo Vivo nº 6.

Quando o assunto era religião, Stephen Jay Gould sempre buscou ser cauteloso. Criado numa família judia, nunca chegou a praticar o Judaísmo. Porém, seguindo o exemplo do pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin, Gould também não se declarava ateu. Assim como Darwin, se dizia agnóstico.

Em seu livro de 1999, "Rock of Ages", lançado no Brasil sob o título "Pilares do Tempo", Stephen Jay Gould busca apontar a possibilidade de "convivência pacífica" entre Ciência e Religião, como duas áreas distintas, porém importantes, não podendo uma ser considerada superior à outra. No interessante artigo de Reinaldo José Lopes, "A Árvore da Vida", sobre o livro de Gould, podemos ler a sensata conclusão:

"Uma conversa entre iguais - se possível, amorosa e compassiva - é a proposta de Gould, e é impossível não desejar isso como meta. A vida humana é complexa, e há espaço para mais de uma dimensão nela, insiste o autor. "

Ficha:

Pilares do Tempo
Autor: Stephen Jay Gould
188 págs.
Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2002.

* para não restar dúvidas: Sim, esta postagem é uma resposta ao artigo “Minha avó não era macaca”: o obscurantismo criacionista , do companheiro Zé Luís dos Santos, publicada no site do PSTU. Não que eu seja criacionista, pois não creio que Deus precisasse criar o mundo em 7 dias, já que para Ele, que é eterno, 4 bilhões de anos são como 4 minutinhos para nós...

Um comentário:

Joffe disse...

Prezado(a) Iskra,

Há inúmeros grandes cientistas que acreditam ou acreditaram em Deus: Jay Gould, Darwin ou Albert Einstein são apenas alguns exemplos dentre muitos outros.

Há também inúmeros outros cientistas que não acreditavam em Deus: Marx, Engels, Oparin, Haldane, Carl Sagan.

O importante não é acreditar ou não em Deus (os marxistas, em geral, não acreditam). Cada um pode acreditar no que quiser. Eu, por exemplo, já acreditei em Deus, quando era criança.

Todos os indivíduos são livres para acreditar em Deus ou para não acreditar "Nele".

O foco da discussão não é crer ou não em Deus, mas compreender que as religiões causam interferências negativas em todos os domínios da vida social, inclusive no desenvolvimento da ciência, da cultura e do conhecimento dos povos.

Não é incrível que a ciência seja obrigada a desenvolver técnicas arriscadas para a produção de células tronco usando células adultas da pele, dada a proibição ou ausência de investimentos em pesquisas com células de embriões?

Ainda hoje a ciência precisa se contorcer, fazer das tripas coração, lutar de todas as formas possíveis contra os descendentes dos inquisidores que obrigaram Galileu a se retratar...

Por quê?

Porque onde há crença em Deus, há uma vantagem essencial para o opressor: a submissão natural do oprimido às "forças superiores da natureza", aos seus "mistérios insondáveis", aos muitos amos e senhores incumbidos do poder celestial na Terra.

Crer é permitido, em foro íntimo.

Ninguém deve sair por aí criticando os crentes pela sua crença. Mas lutar contra as religiões é uma tarefa de todo marxista. A propósito, foi publicado um artigo de Lenin em um número anterior da revista Marxismo Vivo sobre esse tema.

Porém, se vencermos, quando uma nova sociedade for erigida sobre as cinzas do capitalismo, os homens se libertarão de todas as formas de opressão, e as gerações futuras verão as idéias sobre Deus como um simples resquício da submissão milenar do homem à natureza e à sua própria sociedade.

As gerações futuras de homens livres verão a idéia de Deus da mesma forma como vemos hoje o Deus do Raio, o Deus da Chuva, o Deus Sol das culturas primitivas: reflexos psicológicos e culturais da impotência diante do desconhecido.

Um abraço!

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Zé Luís
aajoffe@gmail.com
http://esperancadeliberdade.blogspot.com