I ENCONTRO NACIONAL DE NEGROS E NEGRAS DA CONLUTAS
O hip hop marcou presença no Encontro. Dentre as atrações, teve o show com o rapper Gas-PA, militante e fundador do grupo LUTARMADA. O grupo é um movimento de hip hop que reúne vários grupos e artistas. Como disse Gas-PA, o grupo é "um coletivo de trabalho político". Publicamos, abaixo, a letra da Música Rimas da libertação.
Rimas da libertação
Brotando do chão da periferia
A indignação se transforma em poesia
Que desvenda os olhos
E destapa os ouvidos
Pra fatos esquecidos ou que estavam escondidos
Como a guerrilha do Araguaia no regime militar
Pedaço da nossa história que a imprensa não pôde contar
Hass Sobrinho, Osvaldão, Elza Monerat
Quando ouvir nosso som você vai se lembrar
Dos pretos estadunidenses
No instante seguinte
Ao assassinato do pastor Martin Luther King
Vai lembrar do seqüestro do embaixador suíço
Trocado por 70 presos políticos
Dos quartéis, dos presídios direto pro exílio
E no Chile de Allende foram acolhidos
Obra assinada pela VPR de Lamarca, companheiro de Iara Iavelberg
Vai lembrar de Conselheiro defendendo Canudos
E do verdadeiro MR8 de outubro
Dos versos de Gil Scott-Heron e de Zé Ramalho
Esse som reverencia Apolônio de Carvalho
No Brasil e na Europa, exemplo de conduta
Mais de 60 anos dedicados à luta
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
– Abaixo a ditadura
Última frase dita por Zequinha antes de acabarem com a sua vida
Ele morreu por mim, por você, por todos nós
Esse rap é pra fazer ecoar a sua voz
Pra espalhar pro mundo o exemplo da Comuna de Oaxaca
É o poder popular no país de Zapata
Como o povo de Caracas que dos morros descia
E abortava um golpe de Estado que ainda nascia
Imagine só 30 pretos armados
Ocupando a assembléia do Estado
Da Califórnia, pra garantir o direito à autodefesa
Esse som é pra fazer lembrar dos Panteras Pretas
E de Ho Chi Mihn comandando no Vietnã
A guerra de guerrilhas que humilhou o Tio Sam
Esse rap é um resgate, é pra que ninguém se esqueça
De Gregório Bezerra e da Revolta dos Malês, de 2006, dia 8 de março
Laboratório da Aracruz, tudo em pedaços
Lá se foi pro espaço 20 anos de pesquisa
E viva a mulherada da Via Campesina
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
Aliança do balanço com a vontade de mudança
Quem escuta o nosso som raciocina enquanto dança
Quero que esse rap invada as vielas
Ecoando o grito de libertação de Marighella
Que soe em defesa das nossas comunidades
Como Zumbi defendeu o Quilombo dos Palmares
Que invada os lares dos milionários
Como o Movimento Revolucionário Tupac Amaro
Fazendo refém diplomatas do mundo inteiro
Exigindo em troca a liberdade de seus companheiros
Que venha na lembrança atos de rebeldia
Enquanto você dança e ouve a minha poesia
Sobre Les Marrons e a revolta dos escravos
Libertando o Haiti em 1804
Minhas rimas são documentos subversivos
Traduzindo a luta de Banto Steve Biko
A batalha diária do povo palestino
A luta anti-imperialista de Sandino
Que seja o hino da luta anti-capital
Que seja feminino, masculino e plural.
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
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