I ENCONTRO NACIONAL DE NEGROS E NEGRAS DA CONLUTAS
Yara Fernandes, direto de São Gonçalo (RJ)
No início da noite de 3 de novembro, após acaloradas discussões nos grupos temáticos do Encontro, o PSTU convidou os participantes para o debate Haiti: a revolução e a luta contra a ocupação. A grande maioria dos delegados ao encontro compareceu.
Na mesa estavam Eduardo Almeida, da direção nacional do PSTU e integrante da caravana da Conlutas que foi ao Haiti em julho, Dayse Oliveira, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU e também parte da caravana, e Wilson Silva, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU.
Edu afirmou que o encontro “dá muito orgulho de ser negro. Este orgulho de ser negro foi também o que sentimos quando fomos ao Haiti, porque conhecemos o Haiti rebelde”. Por outro lado, ele conta que “deu vergonha de ser brasileiro, de ver as bandeiras brasileiras hasteadas nos tanques da ONU”.
Ele contou a história do Haiti. Lembrou que o Haiti é o único país que realizou uma revolução de escravos vitoriosa, que sofreu e resistiu a várias ocupações imperialistas. Desde 1986, quando houve a derrubada da ditadura no país, a burguesia não consegue estabilizar o estado burguês. Por isso, o imperialismo mantém a ocupação do país, liderada pelas tropas brasileiras.
Edu denunciou a situação de colônia do Haiti atualmente, “ocupado militarmente e com um plano econômico brutal imposto”. Falou sobre a Lei HOPE, que é uma espécie de Alca entre EUA e Haiti. Ao final, ele recolocou a necessidade de reforçar a campanha pela retirada das tropas.
Raça e Classe
Wilson falou sobre a importância do Encontro, que também é fruto da reorganização do movimento no Brasil. Disse que “a única forma de lutar de forma conseqüente contra o racismo é lutar contra o sistema que dele se alimenta. A maior revolta das autoridades da época em relação ao Quilombo dos Palmares é que dentro do quilombo tudo era de todos e nada era de ninguém. Esta é a sociedade que queremos”.
Wilson concluiu convidando os presentes ao encontro a virem conhecer o PSTU e sua secretaria de negros e negras, fazerem a experiência com o partido.
Dayse lembrou a participação das mulheres negras nas lutas revolucionárias, como Atetirene, que fundou o Quilombo de Palmares, ou a Revolta da Chibata que teve a participação de mulheres negras empregadas domésticas. “No Haiti, me encantou ver entre os revolucionários a figura de Janith. E ver também hoje a quantidade de mulheres dirigentes no Haiti”.
O PSTU teve participação importante neste encontro. Realizou este debate sobre o Haiti, vendeu muitos jornais, cuja última edição traz matéria sobre o Encontro e cobertura da marcha a Brasília, montou uma banca de materiais, livros, camisetas. Os militantes do partido levaram em suas camisetas o adesivo do PSTU.
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