quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Somos um país desenvolvido?
A ONU divulgou o novo ranking mundial de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Segundo o novo ranking, o Brasil tem IDH de 0,80, o que o faria entrar no grupo dos "países desenvolvidos".
Obviamente, Lula comemorou, e em mais um arroubo messiânico, se sentiu o "enviado de Deus". Provavelmente, essa estatística servirá de motivo de intensa propaganda do governo. Claro que Lula ignorou o fato de que o Brasil caiu uma posição no ranking mundial, indo da 69ª para a 70ª posição. E o governo jamais irá citar o fato de que o Brasil está atrás, na América Latina, de Argentina, Chile, Uruguai, Costa Rica, Cuba, México e Panamá. Além de estar atrás de Malásia, Omã, Bósnia, Albânia, Macedônia e Rússia.
Mas no mesmo dia da divulgação do ranking do IDH, uma outra notícia veio melar a festa do governo, e nos trazer de volta à realidade: foi divulgado também um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que mostrou que mais da metade da população brasileira não tem acesso a rede de água e esgotos. Segundo o estudo, se for mantido o ritmo de tartaruga em que o país vem expandindo sua rede de saneamento básico, só chegará à universalização do serviço, em 100% dos domicilios, daqui a 115 anos, no ano de 2122.
Junto ao estudo da FGV, foi divulgado outro, da ONG Trata Brasil, que mostrou as consequências genocidas da falta de saneamento básico. Segundo o estudo, "a chance de uma criança de um a seis anos morrer pelo fato de que não dispõe de esgoto tratado é 32% maior do que uma criança que tem acesso a serviço de esgoto".
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Jimmy Massey: "Tenho sido um assassino psicopata"
Três meses após pisar em solo iraquiano foi encaminhado de volta aos EUA por "perturbação por stress", termo usado na linguagem militar para a perda de juízo provocada pelo horror da guerra. Hoje, Jimmy Massey, é membro do grupo IVAW (Iraq Veterans Against War) e autor do livro Cowboys From Hell (Cowboys do Inferno).
No último dia 12 de novembro, o agora ativista contra a guerra do Iraque, participou da Feira de Livros de Caracas aonde deu depoimentos contundentes sobre as atrocidades cometidas pelas tropas invasoras no território iraquiano. A jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde entrevistou Massey e o conteúdo da entrevista, que recomendo a leitura, está publicado no portal VoltaireNet.
Também no VoltaireNet é possível assistir a três videos publicados no YouTube com uma entrevista concedida à tv venezuelana, que também publicamos aqui:
Corpo a corpo pela CPMF
Brasil no grupo do "alto desenvolvimento humano"
sábado, 24 de novembro de 2007
Unsubscribe-me
A Anistia Internacional está promovendo uma campanha de denúncia contra as torturas praticadas contra presos políticos, chamada unsubscribe-me. O alvo central da campanha envolve os crimes cometidos em Abu Ghraib e em Guantanamo sob o pretexto da "guerra ao terror".
No video abaixo um ator ficou 6 horas vendado e amarrado em cima de duas caixas de papelão, para poder expressar de forma mais realista uma pequena fração do sofrimento pelo qual passam as vítimas das "técnicas" de interrogação estadunidense.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
"Tortura tem... pero no mucho"
O relatório dá indícios também da relação racista no sistema presidiário, apontando que as condições discrimintaórias e de maus tratos afetam “em particular pessoas de descendência africana”.
Quem saiu na, digamos assim, "defesa da imagem" do sistema presidiário brasileiro foi Paulo Vannuchi, o ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Segundo o ministro, "a tortura existe no Brasil, mas não correspondente à vontade das autoridades e não é sistemática". Fica a pergunta, o quanto de tortura afinal corresponderia à vontade do governo?
E olha que essa foi a resposta do responsável pela pasta dos Direitos Humanos do governo. Tortura, seu ministro, seja no grau que for, não se tolera. E o fato, é que ela existe, dentro e fora das cadeias, e é levada adiante pelo braço armado do Estado.
"Querido papai noel, neste natal eu quero ganhar..."
Stephen Jay Gould e a religião
O paleontologista norte-americano Stephen Jay Gould é considerado um dos principais teóricos que contribuíram para o aprimoramento da Teoria da Evolução. A sua contribuição mais importante ao evolucionismo foi a teoria do Equílibrio pontuado. Gould (que sempre foi simpatizante da esquerda, e participante de manifestações), elaborou tal teoria com uma inegável influência da dialética marxista, como nota Phil Gasper no artigo "O Biólogo Dialético Stephen Jay Gould", publicado na revista Marxismo Vivo nº 6.
Quando o assunto era religião, Stephen Jay Gould sempre buscou ser cauteloso. Criado numa família judia, nunca chegou a praticar o Judaísmo. Porém, seguindo o exemplo do pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin, Gould também não se declarava ateu. Assim como Darwin, se dizia agnóstico.
Em seu livro de 1999, "Rock of Ages", lançado no Brasil sob o título "Pilares do Tempo", Stephen Jay Gould busca apontar a possibilidade de "convivência pacífica" entre Ciência e Religião, como duas áreas distintas, porém importantes, não podendo uma ser considerada superior à outra. No interessante artigo de Reinaldo José Lopes, "A Árvore da Vida", sobre o livro de Gould, podemos ler a sensata conclusão:
"Uma conversa entre iguais - se possível, amorosa e compassiva - é a proposta de Gould, e é impossível não desejar isso como meta. A vida humana é complexa, e há espaço para mais de uma dimensão nela, insiste o autor. "
Ficha:
Pilares do Tempo
Autor: Stephen Jay Gould
188 págs.
Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2002.
* para não restar dúvidas: Sim, esta postagem é uma resposta ao artigo “Minha avó não era macaca”: o obscurantismo criacionista , do companheiro Zé Luís dos Santos, publicada no site do PSTU. Não que eu seja criacionista, pois não creio que Deus precisasse criar o mundo em 7 dias, já que para Ele, que é eterno, 4 bilhões de anos são como 4 minutinhos para nós...
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Tin Tin e o racismo em quadrinhos
Recentemente Tin Tin tornou-se manchete de jornais, sites e blogs mundo afora, em função de sua segunda aventura, Tin Tin no Congo, publicado pela primeira vez em 1930. O motivo? Racismo!
A organização inglesa Comissão pela Igualdade Racial (Comission for Racial Equality) classificou o livro, publicado em inglês somente em 2005, como racista e solicitou à rede de livrarias Borders que retirasse o álbum de suas estantes. Segundo um dos membros da CRE, "Este livro contém imagens e palavras de terrível preconceito racial, onde os 'nativos selvagens' se parecem com macacos e falam como imbecis". À época, o Congo era uma colônia belga, e o editor do jornal para o qual foi escrita a história solicitou a Hergé, uma aventura que ajudasse a convencer os jovens leitores belgas da validade da colonização do país africano. E lá foi Tin Tin cumprir sua missão, chegando a um país, aonde elefantes falavam muito bem entre si, mas os congoleses não. Nas páginas de Hergé, que nunca saiu da Bélgica, a colonização tornou-se praticamente um favor que os belgas fizeram aos africanos.
A história cumpriu tão bem seu papel que ao ser publicado em Portugal recebeu o nome de "Tin Tin em Angola", então colônia portuguesa. No Brasil, o álbum foi publicado com o nome "Tin Tin na África".
Na medida em que a história foi sendo republicada, recebeu novas roupagens. Em 1946, Hergé substitui as referências ao colonialismo, mantendo, porém, o esterótipo abrutalhado e ignorante dos africanos. Falecido em 1983, Hergé, justificava sua verão original como simples reprodução do pensamento predominante dos anos 30, justificativa essa utilizada por muitos fãs de Tin Tin. A essa justificativa, respondemos tal como os ativistas da CRE: "sim, ele foi escrito há muito tempo, mas isso não o torna aceitável".
Neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, chamamos a todos os lutadores brasileiros a afirmar com todas as letras que o racismo, sob hipótese alguma pode ser tolerado, nem mesmo em nome da "arte".
França: 20 de novembro de 2007
Trabalhadores protestam contra Sarkozy
Hugo Chavez cumprimenta Sarkozy
Essa terça-feira, 20 de novembro, foi bastante interessante na França.
De um lado, as mobilizações da classe trabalhadora, contra as reformas neoliberais do presidente Nicolas Sarkozy, atingiram um ápice. Trabalhadores de diversos setores paralisaram as atividades, se somando à greve dos transportes que já dura vários dias. O país praticamente parou. Até a distribuição dos jornais nas bancas ficou prejudicada. Um total de cerca de 700 mil pessoas participaram das passeatas em dezenas de cidades.
Ao mesmo tempo, do outro lado da barricada, o presidente venezuelano Hugo Chavez, em visita a Paris, almoçou com Sarkozy, com direito a pose para foto do aperto de mãos. A visita rendeu bons frutos para o imperialismo francês, como o anúncio do acordo do governo da Venezuela com a multinacional francesa Total Oil para a exploração de mais 400 mil barris/dia de petróleo na Faixa do Orinoco.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Polícia invade Universidade Federal da Bahia, agride e prende estudantes
Segundo a imprensa local, cerca de 20 estudantes ficaram feridos na ação truculenta. Como se isso não bastasse, os alunos que foram à sede da PF prestar queixa contra a ação bárbara dos policiais foram impedidos de registrarem a denúncia “por causa do feriado”. Na imagem, policiais levam estudantes presos.
O reitor Namor de Almeida Filho pediu reintegração de posse da reitoria e de “qualquer imóvel da universidade”, pois “o patrimônio público” estaria ameaçado. A ação bárbara da polícia na UFBA demonstra a escalada da violência contra o movimento estudantil. Unesp de Araraquara, Fundação Santo André, USP, PUC-SP, a lista da repressão contra os estudantes aumenta cada vez mais.
Leia também no Portal do PSTU:
PM invade PUC-SP e desocupa reitoria
Derrotar o Reuni de Lula e FMI
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
A Globo e as “invasões” de reitoria
Obviamente, a emissora mostrou a “invasão” – e não ocupação – a partir do seu ponto de vista, com um claro objetivo de jogar a opinião pública contra as OCUPAÇÕES de reitorias país a fora.
No dito capítulo, os estudantes reviram gavetas e armários, destroem livros, picham as paredes, fazem uma verdadeira baderna. Um estudante tenta jogar um ovo em Branca (dona da universidade), mas acaba acertando em Heriberto (uma espécie de vilão que manipula os estudantes). Por fim, a “baderna” faz com que Branca decida chamar a polícia para conter os estudantes. “Invasão de propriedade privada é crime!”, diz.
Não é a primeira vez que a Globo cumpre esse nefasto papel. Deturpação da realidade e manipulações é parte do manual de conduta de emissora. Mas o que esperar de uma emissora que rotulava as manifestações da “Diretas Já” como “comemorações” do aniversário de São Paulo? Mais ainda: o que dizer sobre Agnaldo Silva (autor do folhetim) que exalou todo o seu preconceito quando classificou (em seu Blog) de “elite” a população negra que recebe o Bolsa Família?
Filiação do Sismmar à Conlutas
O Sismmar é um dos sindicatos mais combativos do estado do Paraná. Em 2006 enfrentou a prefeitura de Silvio Barros II (PP) em uma greve de 31 dias e sofreu duras perseguições por parte do prefeito com a demissão de 28 servidores grevistas. Hoje todos os demitidos estão reitegrados ao trabalho. Mais uma vitória do sindicalismo classista e combativo!
domingo, 11 de novembro de 2007
3ª reunião Nordeste aponta a necessidade de se fortalecer a CONLUTAS na região
Pelo turno da manhã o debate envolveu conjuntura e o balanço da marcha do dia 24 e pela tarde, informes regionais e a organização da CONLUTAS da Região. À exceção dos agrupamentos ultra-esquerdistas, LBI e POR, a avaliação de todos os presentes é que a marcha foi uma vitória que coroou o conjunto das lutas e manifestações impulsionadas pela CONLUTAS durante todo o ano de 2007. Fábio José, do PSTU cearense, ressaltou que a marcha fortaleceu as lutas e que as ocupações de reitoria são a prova irrefutável disto. Pela CONLUTE, falou o companheiro Pádua do centro acadêmico de História da UFC que relatou a experiência dos treze dias de ocupação da reitoria da UFC, o quanto a marcha fortaleceu os ocupantes e o apoio inestimável do ANDES e da CONLUTAS durante a ocupação. Reginaldo, de Limoeiro do Norte, falou sobre a importância de se cobrar balanço das direções do MST que poderiam ter ajudado a dobrar o número de presentes na marcha e avançar assim na luta contra as reformas neoliberais de Lula, em especial, a famigerada reforma da previdência.
Muitos informes das lutas nas regiões foram apresentados pelas delegações. No Ceará, as universidades estaduais UECE e URCA entram em greve a partir desta segunda-feira. No Rio Grande do Norte, a viotoriosa greve dos agente de saúde de Mossoró, que durou 30 dias, foi coberta de solidariedade pela CONLUTAS. Também no Rio Grande do Norte, a CONLUTAS teve papel fundamental da greve da polícia militar. Além das lutas, pôde-se perceber o apoio fundamental que se vem dando às oposições sindicais por todos os estados nordestino. Cresce a CONLUTAS no Nordeste, e com ela crescem também suas responsabilidades.
Infelizmente a reunião ocorreu sem a paricipação do companheiro Mancha que teve de desmarcar sua viagem de última hora por razões de saúde. Além da ausência de Mancha muito sentida também foi a ausência de delegações importantes como Bahia, Alagoas, Sergipe e Paraíba, o que sem dúvida alguma, reforçou ainda mais a necessidade de se avançar em um nível de organização ainda maior da CONLUTAS no Nordeste.
Para ver: Álbum online com as fotos do evento.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Reunião da Conlutas Nordeste em Fortaleza
Aos fortalezenses que se interessarem em participar, o evento será no Centro de Humanidades da Universidade Estadual do Ceará (UECE) na Avenida Luciano Carneiro, a partir das 09 da manhã.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Protesto contra Pacote reúne 4 mil no Rio Grande do Sul
Cerca de QUATRO MIL pessoas participaram ONTEM dos protestos contra o Pacote Econômico da governadora YEDA CRUSIUS, organizados por sindicatos e movimentos sociais./ Na Capital, quase DUAS MIL pessoas marcharam pelo centro./ Também realizaram um ato público em frente ao Palácio Piratini e pediram ao presidente da Assembléia Legislativa, FREDERICO ANTUNES, que os deputados não aprovem o plano./ No interior, protestos ocorreram em Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Santana do Livramento e Palmeira das Missões, entre outras regiões./ Em Venâncio Aires, manifestantes liberaram por DUAS horas uma praça de pedágio./ Os sindicalistas, entre eles a Central Única dos Trabalhadores, a Conlutas e a Intersindical, avaliam que o aumento de ICMS proposto no Pacote pode reduzir os empregos no Estado.///
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Justiça concede liminar de reintegração de posse da reitoria da PUC
A reitoria da PUC pediu e a Justiça acaba de conceder uma liminar de reintegração de posse do prédio ocupado pelos estudantes desde o dia 5. O despacho do Juiz Felipe de Melo Franco, da 24ª Vara Civil de São Paulo, autoriza o uso da força para retirar os estudantes, inclusive durante o período noturno.
Apesar da disposição dos estudantes de abrirem diálogo, a reitoria mantém-se intransigente. Na tarde de hoje, dia 7, funcionários colaram uma notificação extrajudicial na porta da ocupação. Mesmo assim, por volta das 16 horas, os alunos ocupados entregaram uma pauta de reivindicações a duas funcionárias que falavam em nome da direção da universidade.
Os estudantes lutam contra o chamado “Redesenho Institucional”, medida imposta de forma autoritária pela reitoria que, entre outros pontos, diminui a democracia, aumenta a centralização nas decisões dos cursos e avança na lógica mercadológica da universidade.
Funcionários e professores ameaçam com greve caso a reintegração seja realmente efetivada. Alunos, docentes e funcionários estão mobilizados e contam com a solidariedade de diversos setores, como advogados, intelectuais e dos movimentos sociais.
Feliz 7 de Novembro!
Hoje, 7 de novembro de 2007, a Revolução Russa está completando exatamente 90 anos.
A Revolução de Outubro foi na verdade em novembro, pelo calendário ocidental. A Rússia na época utilizava o calendário juliano, e por isso para eles ainda era outubro...
Em 7 de novembro de 1917, a Rússia acordou com Todo o Poder nas mãos dos Soviets operários!
Outubro ou novembro, o que importa é que hoje é um dia muito importante para todos os revolucionários do mundo, que ainda acreditam que a tomada do poder pela classe trabalhadora é um sonho possível. E a Revolução Russa será sempre o exemplo inspirador.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
Mínimo e máximo em charges
O mínimo dos trabalhadores é mísero, já o lucro dos banqueiros...
Mal o Bradesco anunciara o maior lucro entre bancos dos últimos 20 anos, vêm o Itaú e anuncia que seu lucro em 9 meses supera lucro anual de qualquer banco no Brasil.
Se depender dos banqueiros, Lula pode ter quantos mandatos for possível imaginar.
Salário mínimo dividido por 4.7 igual a salário mísero
Acesse aqui os valores mês a mês do salário mínimo divulgados pelo DIEESE.
Leia o manifesto dos estudantes ocupados na PUC
MANIFESTO DOS ESTUDANTES OCUPADOS NA REITORIA DA PUC-SP
Ocupamos a Reitoria nesta noite como forma de protesto pela maneira com a qual o Redesenho Institucional, demissões e bolsas vem sendo tratadas nesta universidade. O verticalismo burocrático tem mantido toda a comunidade puquiana à margem de um dos mais importantes processos pelo qual essa universidade já passou. Nós, os estudantes, seguidamente pagamos o pato das políticas desastradas da gerontocracia universitária. Basta! Não aceitaremos a intervenção da tropa de choque neste ato político, como é costume dos poderosos da burocracia universitária. Basta! Não ficaremos calados, conforme é a vontade dos de cima. Basta! Democracia se faz de forma direta, sem conselhos de fantoches, sorrisos e bocas. Basta de laboratórios picaretas e mensalidades altas. Realmente, do alto do castelo, a vista é linda.
Quem sabe o que é o Redesenho? Estamos aqui para debater com cada estudante, de portas abertas, para construir opiniões e consensos. Sim, a Reitoria da PUC-SP não é mais um claustro, à mando da Santíssima Trindade (Pai, Cúria, Bradesco Santo).
O movimento estudantil da PUC não consentirá com tais medidas arbitrárias. Propomos pelo momento:
- Só haverá negociação mediante o resultado das assembléias de curso e com a garantia de não haver nenhuma forma de repressão tanto pela Graber quanto pela polícia.
- Anulação do Processo de Redesenho Institucional. Por um processo realmente democrático, construído pela comunidade.
- Pela revogação da atual política de bolsas que impede os primeiranistas de terem acesso à universidade. Queremos bolsas que atendam as reais necessidades dos estudantes e que a abertura deste novo edital se dê mediante à participação dos estudantes.
- Nenhuma demissão de professores e funcionários. Chega de demissões!
- Nenhuma punição aos estudantes ocupados. Choque então, nem pensar.
- Solidariedade as demais ocupações em todo o Brasil. A nossa luta é uma só!
Amanhã acontecerão assembléias por toda a universidade para discutir as demandas especificas de cada curso frente ao processo de Redesenho.
NÃO PASSARÃO
Estudantes ocupados da Reitoria da PUC-SP
Acesse o Blog da Ocupação
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Estudantes ocupam reitoria da PUC-SP
O Redesenho Institucional impõe uma “flexibilização” da gestão universitária, aumentando a centralização das decisões, diminuindo a democracia e acabando com a autonomia dos cursos. O projeto aumenta ainda a burocracia da universidade e impõe uma lógica de mercado aos cursos, privilegiando as carreiras “lucrativas”.
A direção da PUC promoveu uma audiência pública na noite do dia 5, no Tuca, tradicional teatro da universidade. Porém, o que era para ser uma discussão sobre o projeto se transformou num ato pró-Redesenho, com o impedimento das falas contrárias à medida. Centenas de estudantes se concentraram na saída do teatro e realizaram uma assembléia emergencial na qual decidiram pela ocupação da reitoria.
Após a ocupação, os estudantes realizaram nova assembléia no salão nobre da reitoria. A principal reivindicação é contra o projeto de Redesenho Institucional, porém, os alunos também deliberam suas pautas específicas, a fim de negociar com a direção da universidade.
Atualização 0h35: Informações dão conta que viaturas do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil chegaram ao local. Os policiais estariam preparando bombas de gás. Os estudantes organizam uma comissão para negociar.
"Ele voltou"
Portal do PSTU está de volta!
Ocupação da Unirio começa a sofrer represálias
Salve, companheirada!
Como em todas as federais do país, na Unirio, o Reuni foi aprovado na calada da noite, sem nenhuma discussão com os estudantes, que, em sua maioria, foram pegos de surpresa, sem saber que existia este tal decreto.
Até agora, a postura da reitora Malvina Tuttman – que também é presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), a associação dos reitores – foi demagógica, dizendo que “entendia a posição dos alunos” e que achava “legitima” nossa mobilização. Alguns assessores dela até disseram que ‘se precisássemos de alguma coisa, podíamos pedir’.
Porém, com dez dias de ocupação, o calo começou a doer... Vendo que nossa mobilização – que é a primeira deste porte na história dessa universidade, que não tem tradição de Movimento Estudantil – não pára de ganhar força, algumas atitudes repressivas começam a ser tomadas.
Neste final de semana prolongado, de 2 a 4 de novembro, por exemplo, a entrada de pessoas no campus onde se localiza a reitoria foi proibida das 23h de quinta-feira até amanhã, segunda-feira, às 6h, com a desculpa de manter a segurança do patrimônio público. Na prática, isso fez com que nós ficássemos esses dias presos aqui na reitoria, pois se saíssemos não poderíamos retornar!
Além disso, como estamos ocupando os dois andares do prédio da reitoria – onde funciona toda a burocracia da universidade –, a reitoria faz chantagem conosco, dizendo que estamos prejudicando os alunos, que por conta de nossa ocupação deixam de receber bolsas ou diplomas.
Não bastasse isso, alguns professores ligados à reitoria – com o mesmo discurso demagógico – começam a se dizer “preocupados com nossa segurança”, uma vez que é possível que logo haja um pedido de reintegração de posse do prédio.
Essa mudança de postura só pode ter um motivo: estamos sendo vitoriosos! Estamos conseguindo levar o debate do Reuni para o conjunto dos estudantes, e o Movimento Estudantil da Unirio está cada vez mais fortalecido. E vamos até o fim para barrar o Reuni e derrotar essa reitoria demagógica cujo único compromisso é com o governo federal!
Bem, é isso, minha gente. Saudações revolucionárias!
Thiago Baptista
domingo, 4 de novembro de 2007
O que foi cantado no Encontro
Animado do início ao fim, o Encontro de Negros e Negras não poderia estar completo se não tivessem as várias palavras-de-ordem cantadas pelos participantes. Abaixo, reproduzimos algumas que dão o tom dessa grande reunião de raça e de classe. E, é certo, a disposição dos cerca de 600 ativistas para continuar essa luta!
“Sou resistente
Eu sou de Luta!
GT de Negros da Conlutas!”
“Sou quilombola
Eu sou de Luta!
To construindo a Conlutas!”
“Eu sou negro, trabalhador!
Declaro guerra ao opressor!”
“Eu não sou miss, nem avião
Minha beleza não tem padrão!”
“Brasil, África, América Central
A luta do negro é internacional!”
“Olê, Olê, Olê Olá,
Contra o racismo e a exploração
Trabalhador vai fazer revolução!”
“Sou negro trabalhador
Movimento unificado pra acabar com o opressor”
“Chega de morte e caveirão
Eu quero teto, saúde e educação!”
Atualizada em 5/11/2007, às 16h45.
PSTU promove debate sobre o Haiti no Encontro
Yara Fernandes, direto de São Gonçalo (RJ)
No início da noite de 3 de novembro, após acaloradas discussões nos grupos temáticos do Encontro, o PSTU convidou os participantes para o debate Haiti: a revolução e a luta contra a ocupação. A grande maioria dos delegados ao encontro compareceu.
Na mesa estavam Eduardo Almeida, da direção nacional do PSTU e integrante da caravana da Conlutas que foi ao Haiti em julho, Dayse Oliveira, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU e também parte da caravana, e Wilson Silva, da Secretaria de Negros e Negras do PSTU.
Edu afirmou que o encontro “dá muito orgulho de ser negro. Este orgulho de ser negro foi também o que sentimos quando fomos ao Haiti, porque conhecemos o Haiti rebelde”. Por outro lado, ele conta que “deu vergonha de ser brasileiro, de ver as bandeiras brasileiras hasteadas nos tanques da ONU”.
Ele contou a história do Haiti. Lembrou que o Haiti é o único país que realizou uma revolução de escravos vitoriosa, que sofreu e resistiu a várias ocupações imperialistas. Desde 1986, quando houve a derrubada da ditadura no país, a burguesia não consegue estabilizar o estado burguês. Por isso, o imperialismo mantém a ocupação do país, liderada pelas tropas brasileiras.
Edu denunciou a situação de colônia do Haiti atualmente, “ocupado militarmente e com um plano econômico brutal imposto”. Falou sobre a Lei HOPE, que é uma espécie de Alca entre EUA e Haiti. Ao final, ele recolocou a necessidade de reforçar a campanha pela retirada das tropas.
Raça e Classe
Wilson falou sobre a importância do Encontro, que também é fruto da reorganização do movimento no Brasil. Disse que “a única forma de lutar de forma conseqüente contra o racismo é lutar contra o sistema que dele se alimenta. A maior revolta das autoridades da época em relação ao Quilombo dos Palmares é que dentro do quilombo tudo era de todos e nada era de ninguém. Esta é a sociedade que queremos”.
Wilson concluiu convidando os presentes ao encontro a virem conhecer o PSTU e sua secretaria de negros e negras, fazerem a experiência com o partido.
Dayse lembrou a participação das mulheres negras nas lutas revolucionárias, como Atetirene, que fundou o Quilombo de Palmares, ou a Revolta da Chibata que teve a participação de mulheres negras empregadas domésticas. “No Haiti, me encantou ver entre os revolucionários a figura de Janith. E ver também hoje a quantidade de mulheres dirigentes no Haiti”.
O PSTU teve participação importante neste encontro. Realizou este debate sobre o Haiti, vendeu muitos jornais, cuja última edição traz matéria sobre o Encontro e cobertura da marcha a Brasília, montou uma banca de materiais, livros, camisetas. Os militantes do partido levaram em suas camisetas o adesivo do PSTU.
Rimas da libertação
O hip hop marcou presença no Encontro. Dentre as atrações, teve o show com o rapper Gas-PA, militante e fundador do grupo LUTARMADA. O grupo é um movimento de hip hop que reúne vários grupos e artistas. Como disse Gas-PA, o grupo é "um coletivo de trabalho político". Publicamos, abaixo, a letra da Música Rimas da libertação.
Rimas da libertação
Brotando do chão da periferia
A indignação se transforma em poesia
Que desvenda os olhos
E destapa os ouvidos
Pra fatos esquecidos ou que estavam escondidos
Como a guerrilha do Araguaia no regime militar
Pedaço da nossa história que a imprensa não pôde contar
Hass Sobrinho, Osvaldão, Elza Monerat
Quando ouvir nosso som você vai se lembrar
Dos pretos estadunidenses
No instante seguinte
Ao assassinato do pastor Martin Luther King
Vai lembrar do seqüestro do embaixador suíço
Trocado por 70 presos políticos
Dos quartéis, dos presídios direto pro exílio
E no Chile de Allende foram acolhidos
Obra assinada pela VPR de Lamarca, companheiro de Iara Iavelberg
Vai lembrar de Conselheiro defendendo Canudos
E do verdadeiro MR8 de outubro
Dos versos de Gil Scott-Heron e de Zé Ramalho
Esse som reverencia Apolônio de Carvalho
No Brasil e na Europa, exemplo de conduta
Mais de 60 anos dedicados à luta
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
– Abaixo a ditadura
Última frase dita por Zequinha antes de acabarem com a sua vida
Ele morreu por mim, por você, por todos nós
Esse rap é pra fazer ecoar a sua voz
Pra espalhar pro mundo o exemplo da Comuna de Oaxaca
É o poder popular no país de Zapata
Como o povo de Caracas que dos morros descia
E abortava um golpe de Estado que ainda nascia
Imagine só 30 pretos armados
Ocupando a assembléia do Estado
Da Califórnia, pra garantir o direito à autodefesa
Esse som é pra fazer lembrar dos Panteras Pretas
E de Ho Chi Mihn comandando no Vietnã
A guerra de guerrilhas que humilhou o Tio Sam
Esse rap é um resgate, é pra que ninguém se esqueça
De Gregório Bezerra e da Revolta dos Malês, de 2006, dia 8 de março
Laboratório da Aracruz, tudo em pedaços
Lá se foi pro espaço 20 anos de pesquisa
E viva a mulherada da Via Campesina
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
Aliança do balanço com a vontade de mudança
Quem escuta o nosso som raciocina enquanto dança
Quero que esse rap invada as vielas
Ecoando o grito de libertação de Marighella
Que soe em defesa das nossas comunidades
Como Zumbi defendeu o Quilombo dos Palmares
Que invada os lares dos milionários
Como o Movimento Revolucionário Tupac Amaro
Fazendo refém diplomatas do mundo inteiro
Exigindo em troca a liberdade de seus companheiros
Que venha na lembrança atos de rebeldia
Enquanto você dança e ouve a minha poesia
Sobre Les Marrons e a revolta dos escravos
Libertando o Haiti em 1804
Minhas rimas são documentos subversivos
Traduzindo a luta de Banto Steve Biko
A batalha diária do povo palestino
A luta anti-imperialista de Sandino
Que seja o hino da luta anti-capital
Que seja feminino, masculino e plural.
Revolução! Se liga, sangue bom
Com criatividade e indignação
Revolução! Se liga, sangue bom
Vou rimando e com a rima buscando a libertação
Hip Hop está no encontro
As noites do encontro foram bastante animadas, com diversas apresentações musicais. E ao lado do samba e do raggae, estava o hip hop. Gas-PA e Mimil formam juntos o grupo O levante, que é parte do Coletivo de hip hop LUTARMADA e apresentou seu rap na primeira noite do Encontro. O CD d’O levante está sendo vendido durante o encontro. Gas-PA falou ao Portal do PSTU sobre seu grupo e sobre a importância do encontro. Leia, abaixo, a entrevista feita por Yara Fernandes.
Portal do PSTU – Qual a importância de participar deste encontro?
Gas-PA – É a gente estar junto na luta da população preta numa perspectiva classista. No momento em que a parcela majoritária das organizações do povo preto estão atreladas ao poder, rebaixando sua política em função da dependência das instituições do poder, é legal buscar se unir com o pessoal que não tem esse atrelamento.
O que é o coletivo LUTARMADA?
O LUTARMADA não é um grupo de rap, como as pessoas acham. É um grupo de grupos. Eu sou do grupo O levante, mas tem outros grupos, tem o 2-Black, que vai cantar aqui hoje (03/11), tem grafiteiros, DJs. O LUTARMADA é um coletivo de trabalho político.
Fale um pouco sobre as três músicas que vocês cantaram no Encontro.
Bonde da Revolução é um convite para toda a classe trabalhadora, que esteja vendendo ou não sua força de trabalho, e os oprimidos de toda forma, se juntarem para fazer revolução. Cotidiano do desempregado é uma música cantada em primeira pessoa e trata de todos os conflitos, idéias ruins, questionamentos, de quem está excluído do mercado de trabalho. A terceira, Rimas da libertação é o resgate de várias lutas e vários lutadores da história do mundo inteiro.
O que você espera que este encontro tenha como resultado?
Minimamente uma linha unitária de luta, o que seria muito promissor, já que a gente tem aqui muitos militantes de várias regiões do país.
Grupos debateram conjuntura nacional
Yara Fernades, direto de São Gonçalo (RJ)
Depois de uma abertura em grande estilo, com apresentações culturais e falas de diversas organizações e entidades, o período da tarde do primeiro dia do Encontro Nacional de Negros e Negras foi reservado para o debate de conjuntura.
Houve um painel inicial, apresentado por Zé Maria de Almeida, que avaliou os ataques do governo dos últimos anos, a traição da CUT e o processo de reorganização que se deu no movimento sindical brasileiro que possibilitou o surgimento da Conlutas.
Depois, as três teses inscritas ao Encontro foram apresentadas. Os delegados já haviam recebido o caderno de teses ao se credenciarem. A tese “Hora de Lutar”, do Coletivo Comunista Internacionalista, foi apresentada por Edmilson, e a tese “Construindo a Conlutas como uma ferramenta de luta revolucionária para o povo negro”, do MTL-RJ, foi apresentada por Julinho.
A tese “Uma luta de raça e classe” foi apresentada por Elias, que ressaltou que “o binômio Raça e Classe não é só para dias de festas, é para ser usado como método de luta contra a exploração e a opressão”.
Após a apresentação das teses, os participantes do evento se dividiram em grupos de discussão, cujo único tema foi conjuntura. Os principais debates foram sobre a relação entre os ataques neoliberais e a situação dos negros e negras trabalhadores.
“Toda a política de reformas, de retirada de direitos, atinge todos os trabalhadores, mas a nós muito mais. A política de Lula não pode atender aos interesses do povo negro e da classe trabalhadora, pois Lula está comprometido com os nossos algozes”, disse Elias.
“Não vamos aceitar o fim do direito de greve. Não vamos aceitar as reformas trabalhista e da Previdência. E não vamos aceitar a chacina do povo negro”, disse Geraldinho, da Oposição Alternativa da Apeoesp, nos grupos de discussão.
No final do primeiro dia de Encontro teve muito samba ao vivo para animar as delegações.
A necessidade de um novo movimento negro
O Encontro está discutindo a conjuntura política e temas como reparações, educação, saúde, a luta contra as reformas, cultura afro-brasileira (religiões, capoeira e arte), mulheres negras, movimentos sem-terra, sem-teto e de comunidades quilombolas, violência e juventude negra. No dia de hoje, 4 de novembro, último dia do encontro, está acontecendo uma plenária em que serão votados o programa e um plano de lutas.
Uma das idéias que será discutida no encontro é a de formar um novo movimento negro, com este conteúdo classista, socialista e de oposição ao governo, que possa disputar concretamente as lutas cotidianas com os movimentos governistas. Algo que, para nós, Negras e Negros do PSTU, pode e deve ser um passo fundamental para apresentar uma perspectiva de raça e classe para o movimento.
Homenagem a Solano Trindade
O Encontro é também uma homenagem ao poeta e lutador Solano Trindade, cujo centenário se completa em 2008. Seu filho, Liberto Trindade, não só foi parte da mesa de abertura, como esteve à frente da organização do Encontro, em especial sua parte cultural.
Emocionado, Liberto Trindade falou sobre o marco dos cem anos de nascimento de seu pai. “Ele passou pelo Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, levando seu trabalho, e carregava com ele um monte de amigos, algo que precisamos aprender, para este movimento crescer”. Ele finalizou afirmando que não fala de Solano como filho, mas como admirador.
Encontro reúne cerca de 600 pessoas
Abertura animou os participantes, com falas de entidades e organizações presentes, apresentações culturais e homenagem a Solano Trindade. Leia, abaixo, a reportagem de Yara Fernandes, direto de São Gonçalo (RJ), e o que foi dito na abertura do Encontro.
O 1º Encontro Nacional de Negros e Negras da Conlutas teve início na manhã do dia 2 de outubro, sexta-feira, com apresentações culturais, falas emocionadas e animadoras, e superando as expectativas numéricas. Ainda pela manhã, já estavam inscritos 512 delegados, mas estima-se que o evento tenha reunido cerca de 600 pessoas.
Antes de instalar a mesa de abertura, houve uma apresentação cultural, com capoeira e dança, na entrada do evento, que acontece em São Gonçalo (RJ). Depois da apresentação, os artistas conduziram o público até o auditório, onde foi instalada a mesa de abertura, coordenada por Dayse Oliveira.
Entre indígenas, sem-tetos e juventude, das favelas brasileiras ao Haiti
Ciro Garcia falou representando a Conlutas. Ele criticou o governo: “O governo, através de suas reformas neoliberais, pretende deteriorar mais e mais as condições de vida da classe trabalhadora. E a parcela mais afetada por essa política, pelas reformas, pela escassez de verbas para saúde, educação, é a juventude negra do país”. Ele falou também sobre a repressão policial, que atinge, sobretudo, os negros e negras.
Ciro falou ainda sobre a construção da Conlutas no processo de reorganização do movimento no Brasil, e disse que “da mesma forma, é preciso se contrapor aos governistas no movimento negro, é preciso construir um organismo que encaminhe a luta contra a opressão num marco de raça e classe”.
Lucas, da Conlute, criticou o Reuni e a privatização das universidades, citando os atuais movimentos de ocupação que se espalham pelo país. “Querem colocar a juventude negra em vagas precárias nas universidades particulares, dizendo que isso é cota”, denunciou.
A mesa também contou com a participação do líder indígena José Guajajara. “O movimento negro e o movimento indígena estarem juntos aqui é uma honra, porque foram os povos mais massacrados neste país”, afirmou.
Paula, da ocupação sem-teto Pinheirinho, lembrou que a maioria dos ocupados são negros e pobres, e afirmou a necessidade de unir a classe trabalhadora contra a exploração e a opressão: “a gente só consegue mudar esta sociedade burguesa e preconceituosa com a união de brancos e negros”.
Antônio Vieira Andrade, do Movimento das Favelas, disse que “este é um primeiro encontro, mas queremos encontrar a Conlutas nas favelas”.
Fábio falou pelo PSOL que “é inadmissível que o movimento se cale diante da ocupação no Haiti”. “Temos de forjar uma voz pública unitária para homens e mulheres que querem construir uma alternativa real”, finalizou.
Geraldinho, da Oposição Alternativa na Apeoesp, falou em nome do PSTU, lembrando que “o Haiti tem uma grande importância, foi o único povo a fazer uma revolução negra vitoriosa nesse continente”. Ele disse ainda que “a revolução neste país será feita pelos trabalhadores, construída junto e com corte racial, e junto com as mulheres. Isso não é utopia, é necessidade”.
Conlutas promove encontro de Negros e Negras
O I Encontro Nacional de Negros e Negras da Conlutas acontece neste fim-de-semana, nos dias 2, 3 e 4 de novembro, em São Gonçalo (RJ). O evento poderá ter uma enorme importância para a reorganização da luta negra no Brasil.
Para o PSTU e, particularmente, para sua Secretaria de Negros e Negras, o Encontro de São Gonçalo pode abrir o caminho para que a luta contra o racismo dê um salto em sua reorganização.
Uma luta anticapitalista
A cooptação da maioria do movimento negro se dá hoje por dois caminhos. O primeiro é o da ideologia de adaptação ao capitalismo, para a geração de uma classe média negra. Para isso, bastaria “estudar”, “conseguir bons empregos” e subir na vida e “chegar lá”. Iniciativas governistas e de ONGs afiliadas pregam a mesma ladainha.
Nas fábricas, busca-se convencer os trabalhadores a “vestir a camisa da empresa”. Entre os negros, prega-se que, agora, vistam o embranquecedor manto do neoliberalismo, através da integração ao sistema. Mas como dizia Malcom X, não existe capitalismo sem racismo. A dura exploração imposta pelo neoliberalismo atinge ainda de forma mais brutal os negros.
Enquanto isso, comunidades quilombolas têm suas terras desrespeitadas, como o da Marambaia, no Rio. E ainda existe uma brutal criminalização da pobreza e da população negra, com cenas lamentáveis de repressão e assassinatos praticados pelas forças policiais do Estado, como no Complexo do Alemão, Vila Cruzeiro e Favela da Coréia.
Por isso, a luta negra é inseparável da luta contra o capitalismo. Não existe uma unidade entre o negro trabalhador e o burguês negro. São os trabalhadores que podem apontar uma solução socialista para todas as formas de opressão, inclusive a racial.
A esquerda socialista deve assumir todas as lutas contra a opressão de forma explícita e inequívoca, sem adiá-la para uma etapa posterior. O movimento negro deve assumir um conteúdo anticapitalista e socialista.
Portal do PSTU é atacado
Se é coincidência ou não, ainda não sabemos, mas, recentemente, o site da Conlutas também foi atacado. A entidade ficou mais de um mês trabalhando para resolver o problema. Cada vez que o site voltava ao ar, os hackers atacavam novamente. Isso aconteceu justamente no período que antecedeu a marcha a Brasília.
Pedimos desculpas aos nossos leitores. Esperamos estar no ar novamente em pouco tempo. Enquanto isso, os internautas poderão continuar acompanhando as principais notícias da luta de classes e da juventude aqui no Blog Molotov e no jornal Opinião Socialista.
Portal da LIT publica artigos do FOS sobre a revolução russa
- La revolucion de febrero y las Tesis de Abril (Lucha Socialista 137, 3-5-07)
- Las Jornadas de abril (Lucha Socialista 138, 17-5-07)
- El doble poder y el gobierno de coalicion (Lucha Socialsita 140, 14-6-07)
- Las Jornadas de Julio (Lucha Socialista 142, 15-7-07)
- La sublevacion militar de Kornilov (Lucha Socialista 143, 1-8-07)
- Trotsky: a 67 anos de su muerte (Lucha Socialista 145, 30-8-07)
- La revolucion de octubre (Lucha Socialista 149, 1-11-07)
Fórum Nacional da Previdência conclui trabalhos sem consenso
No vídeo abaixo publicado pela Agência Brasil, o ministro Marinho defende a reforma da previdência para agora.
Ocupação da UFC chega ao nono dia
sábado, 3 de novembro de 2007
I Encontro Nacional de Negros e Negras da Conlutas
Por Yara Fernandes, direto de São Gonçalo (RJ)
Dayse Oliveira apresentou a tese “Uma luta de raça e classe”, iniciando sua fala com a importância do debate sobre reparações. “O Estado tem uma dívida com o povo negro. Todos os trabalhadores são explorados, mas trabalhadores negros são mais explorados ainda. A educação para os trabalhadores é ruim, mas para trabalhadores negros é pior. Por isso a importância da bandeira das reparações para o movimento negro”, disse. Ela ressaltou ainda que “O bolsa família, o Fome Zero, nada disso é reparação, isso é submissão! Reparação tem a ver com cotas, e que cotas queremos. Queremos a negrada nas universidades públicas, não queremos a negrada na privada. Por isso combatemos o Prouni”.
Além de apresentar este e outros pontos da tese, Dayse finalizou propondo a criação de um movimento: “O congresso de negros e negras do Brasil tem a proposta de fundir todos os movimentos em uma nova entidade, sob uma linha governista. Aqui neste encontro, vamos votar um programa de luta, mas como botar isso em prática? É fundamental construir um movimento negro, uma alternativa, que seja socialista, anticapitalista, de oposição ao governo Lula, classista. Queremos construir um movimento para que possamos incidir na luta e dar uma resposta aos trabalhadores negros deste país”.
A tese “Hora de Lutar”, do Coletivo Comunista Internacionalista, foi apresentada por Edmilson. Ele também falou sobre as reparações, afirmando que “o mito da igualdade racial serve para dizer que não tem que ter reparação nenhuma. Além de cotas, é preciso discutir o fim do vestibular. Esta é a melhor forma de lutar por reparações nas universidades. Dizem que não dá para fazer isso, mas é só parar de pagar a dívida que dá”.
Edmilson também defendeu “o armamento e a autodefesa do povo negro. Eu não quero confiar a minha segurança na mão da burguesia”. Com base nisso, defendeu também que a Conlutas envie armas à resistência haitiana à ocupação liderada pelo Brasil no país. “Não estamos dizendo que eles devem construir um movimento armado. Eles é que têm que escolher suas formas de luta. Se eles escolheram, eu tenho que apoiar”. Esta questão é polêmica no evento, pois há diferenças na avaliação das condições objetivas, do que existe de resistência no Haiti hoje. Edmilson também defendeu a criação do movimento negro e disse que é preciso realizar um grande ato no dia 20 de novembro deste ano.
A tese “Construindo a Conlutas como uma ferramenta de luta revolucionária para o povo negro”, do MTL-RJ, foi apresentada por Julinho e Sebastião, que dividiram o tempo disponível para uma apresentação.
Sebastião também ressaltou o tema da autodefesa, dizendo que “se fala muito em autodefesa, mas é preciso aprovar esta autodefesa e ver como aplicar. Queremos que a Conlutas vá para dentro da favela, pra levar este projeto”.
Julinho pegou o gancho da temática da violência, desenvolvendo-o: “A Conlutas também tem que repudiar a lei da redução da maioridade penal. Ela serve para cada vez mais excluir e prender menores que estão por aí sem uma política pública, em especial as crianças negras”.
Após as explanações, teve início o horário de almoço, depois do qual os participantes do Encontro se dividiram nos grupos de discussão temáticos no período da tarde.
A marcha à Brasília em videos
"Eu sou CONLUTAS, sou radical, não sou capacho do governo federal!"
"Olê, olê, olê, olá, esse Reuni não vai passar, ocupa reitoria para não privatizar!"
"Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu, aqui está presente o movimento estudantil!"
"REUNI vem, a UNE some, não fala em nosso nome!"