quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
TCU aprova privatização dos aeroportos
A privatização dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília já foram aprovadas pelo Tribunal de Contas da União. "Não creu neu, se finou-se!", como diria o personagem sanguessuga do Chico Anysio, Bento Carneiro. E devem ser apenas os primeiros...
domingo, 4 de dezembro de 2011
Carlos Lupi é o sétimo ministro de Dilma a cair
Desde as primeiras denúncias, Lupi apelou para todo tipo de argumento. Começou com a arrogância de quem se acha inatingível. "Só saio daqui à bala!", gritou aos microfones em uma das primeiras entrevistas. Encerrou com um humilhante "Eu te amo" dirigido à presidente Dilma, para que não tivesse o mesmo destino de seus 6 ex-colegas ministros. Hoje, ao apresentar sua demissão, não se permitiu a menor dignidade, apelando pro clichê surrado da "sensação de dever cumprido".
A situação do ministro começou a piorar depois da divulgação de vídeos que mostravam seu envolvimento com coordenadores de ONGs que recebiam as benesses do Ministério do Trabalho (veja o vídeo). Além do ministro do trabalho, no governo Dilma já caíram os seguintes ministros:
- 7 de junho Antonio Palocci (PT), Ministro da Casa Civil
- 6 de julho Alfredo Nascimento (PR), Ministro dos Transportes
- 4 de agosto Nelson Jobim (PMDB), Ministro da Defesa
- 14 de agosto Pedro Novais (PMDB), Ministro do Turismo
- 17 de agosto Wagner Rossi (PMDB), Ministro da Agricultura
- 26 de outubro Orlando Silva (PCdoB), Ministro dos Esportes
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Reportagem sobre as primeiras-damas da corrupção
Reportagem exibida no Fantástico, no dia 27/11/2011.
Cidades alagoanas tem "apagão" e moradores são impedidos de assistir às denúncias de corrupção
Cidades alagoanas alvo de matéria no Fantástico ficam sem energia na hora do programa
www.cadaminuto.com.br
Pelo menos duas cidades, Lagoa da Canoa e Limoeiro do Anadia, tiveram problemas no fornecimento de energia elétrica justamente quando era veiculada a matéria “As primeiras damas da corrupção” no programa Fantástico da Rede Globo. As duas cidades foram abordadas pela matéria.
Dois moradores de Limoeiro do Anadia e um de Belo Monte entraram em contato com o Cadaminuto no início da manhã de domingo para explicar que a energia elétrica estava intermitente e que boatos diziam que a energia ia ser cortada na hora da matéria.
Duas horas antes do início do Fantástico a notícia se confirmou em Limoeiro do Anadia e em parte de Lagoa da Canoa,o Cadaminuto entrou em contato com a Eletrobrás e eles informaram que ainda estavam investigando as causas da interrupção do fornecimento.
Nas redes sociais as notícias sobre a falta de energia nas cidades que eram alvos da matéria causou revolta nos internautas, o repórter Mauricio Ferraz, da Rede Globo, responsável pela matéria foi um dos que se manifestaram.
“Veja como é o Estado de Alagoas! Até a energia foi cortada por conta da reportagem!! Ditadura total” explicou o repórter em seu twitter.Vandalismo: municípios citados no Fantástico ficam sem energia durante exibição de programa
Corrupção: cidades mencionadas na reportagem ficaram às escuras
www.primeiraedicao.com.br
Coincidência ou não, durante o programa Fantástico, da Rede Globo, que exibiu a reportagem “As primeiras damas da corrupção”, com personagens do interior de Alagoas, houve “falta” de energia exatamente nos lugares citados: Limoeiro de Anadia, Belo Monte, Lagoa da Canoa e Traipu.
Na manhã desta segunda-feira (28), a Eletrobrás Alagoas emitiu uma nota informando que a interrupção de energia em Limoeiro de Anadia, neste domingo (27), foi provocada por um ato de vandalismo. A ocorrência foi registrada às 20h09, sendo religada às 22h54. De acordo com a nota, a empresa está tomando as providências junto à Polícia Civil para lavrar o Boletim de Ocorrência.
Já nas cidades de Belo Monte, Lagoa da Canoa e Traipu, também houve registro na suspensão de fornecimento, mas, foram casos isolados. Foram detectados problemas pontuais de cabo partido, chave-fusível, entre outros.
O advogado Adriano Argolo, um dos coordenadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) em Alagoas, lamentou o fato.
“Não temos provas, mas acredito que o que aconteceu só vem a envergonhar ainda mais o nome de Alagoas. Já não basta ter sido o foco principal da matéria“, disse ele acrescentando que o domingo foi de muita expectativa e de ligações. “Durante o dia, a expectativa foi muito grande. Mas não imaginávamos que ia acontecer isso”.quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Quem cala consente: Vera Paiva e a Comissão da Verdade
A professora da Universidade de São Paulo Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva (desaparecido durante a ditadura civil-militar, em 1971), foi impedida de discursar aos presentes. À ela foi dito que por conta de atrasos durante a cerimônia e da agenda de Dilma Rousseff, não havia mais tempo.
O colunista Hamilton Octavio de Souza, do jornal Brasil de Fato, escreveu hoje em sua coluna que, na verdade, Vera Paiva não pôde discursar "por pressão dos comandantes militares e por decisão da presidente Dilma Rousseff".
Para não calar, Vera distribuiu o discurso que seria lido pela internet e o Molotov publica abaixo.
O discurso que não foi lido
Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011, 11:00. Palácio do Planalto, Brasília.
Excelentíssima Sra. Presidenta Dilma, querida ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário. Demais ministros presentes. Senhores representantes do Congresso Nacional, das Forças Armadas. Caríssimos ex-presos políticos e familiares de desaparecidos aqui presentes, tanto tempo nessa luta.
Agradecemos a honra, meu filho João Paiva Avelino e eu, filha e neto de Rubens Paiva, de estarmos aqui presenciando esse momento histórico e, dentre as centenas de famílias de mortos e desaparecidos, de milhares de adolescentes, mulheres e homens presos e torturados durante o regime militar, o privilégio de poder falar.
Ao enfrentar a verdade sobre esse período, ao impedir que violações contra direitos humanos de qualquer espécie permaneçam sob sigilo, estamos mais perto de enfrentar a herança que ainda assombra a vida cotidiana dos brasileiros. Não falo apenas do cotidiano das famílias marcadas pelo período de exceção. Incontáveis famílias ainda hoje, em 2011, sofrem em todo o Brasil com prisões arbitrárias, seqüestros, humilhação e a tortura. Sem advogado de defesa, sem fiança. Não é isso que está em todos os jornais e na televisão quase todo dia, denunciando, por exemplo, como se deturpa a retomada da cidadania nos morros do Rio de Janeiro? Inúmeros dados indicam que especialmente brasileiros mais pobres e mais pretos, ou interpretados como homossexuais, ainda são cotidianamente agredidos sem defesa nas ruas, ou são presos arbitrariamente, sem direito ao respeito, sem garantia de seus direitos mais básicos à não discriminação e a integridade física e moral que a Declaração dos Direitos Humanos consagrou na ONU depois dos horrores do nazismo em 1948.
Isso tudo continua acontecendo, Excelentíssima Presidenta. Continua acontecendo pela ação de pessoas que desrespeitam sua obrigação constitucional e perpetuam ações herdeiras do estado de exceção que vivemos de modo acirrado de 1964 a 1988.
O respeito aos direitos humanos, o respeito democrático à diferença de opiniões assim como a construção da paz se constrói todo dia e a cada geração! Todos, civis e militares, devemos compromissos com sua sustentação.
Nossa história familiar é uma entre tantas registradas em livros e exposições. Aqui em Brasília a exposição sobre o calvário de Frei Tito pode ser mais uma lição sobre o período que se deve investigar.
Em Março desse ano, na inauguração da exposição sobre meu pai no Congresso Nacional, ressaltei que há exatos 40 anos o tínhamos visto pela última vez. Rubens Paiva que foi um combativo líder estudantil na luta “Pelo Petróleo é Nosso”, depois engenheiro construtor de Brasília, depois deputado eleito pelo povo, cassado e exilado em 1964. Em 1971 era um bem sucedido engenheiro, democrata preocupado com o seu país e pai de 5 filhos. Foi preso em casa quando voltava da praia, feliz por ter jogado vôlei e poder almoçar com sua família em um feriado. Intimado, foi dirigindo seu carro, cujo recibo de entrega dias depois é a única prova de que foi preso. Minha mãe, dedicada mãe de família, foi presa no dia seguinte, com minha irmã de 15 anos. Ficaram dias no DOI-CODI, um dos cenário de horror naqueles tempos. Revi minha irmã com a alma partida e minha mãe esquálida. De quartel em quartel, gabinete em gabinete passou anos a fio tentando encontrá-lo, ou pelo menos ter noticias. Nenhuma noticia.
Apenas na inauguração da exposição em São Paulo, 40 anos depois, fizemos pela primeira vez um Memorial onde juntamos família e amigos para honrar sua memória. Descobrimos que a data em que cada um de nós decidiu que Rubens Paiva tinha morrido variava muito, meses e anos diferentes...Aceitar que ele tinha sido assassinado, era matá-lo mais uma vez.
Essa cicatriz fica menos dolorida hoje, diante de mais um passo para que nada disso se repita, para que o Brasil consolide sua democracia e um caminho para a paz.
Excelentíssima Presidenta: temos muitas coisas em comum, além das marcas na alma do período de exceção e de sermos mulheres, mãe, funcionária pública. Compartilhamos os direitos humanos como referência ética e para as políticas públicas para o Brasil. Também com 19 anos me envolvi com movimentos de jovens que queriam mudar o pais. Enquanto esperava essa cerimônia começar, preparando o que ia falar, lembrava de como essa mobilização começou. Na diretoria do recém fundado DCE-Livre da USP, Alexandre Vanucci Leme, um dos jovens colegas da USP sacrificados pela ditadura, ajudei a organizar a 1a mobilização nas ruas desde o AI-5, contra prisões arbitrárias de colegas presos e pela anistia aos presos políticos. Era maio de 1977 e até sermos parados pelas bombas do Coronel Erasmo Dias, andávamos pacificamente pelas ruas do centro distribuindo uma carta aberta a população cuja palavra de ordem era
Hoje, consente quem cala.
Acho essa carta absolutamente adequada para expressar nosso desejo hoje, no ato que sanciona a Comissão da Verdade. Para esclarecer de fato o que aconteceu nos chamados anos de chumbo, quem calar consentirá, não é mesmo?
Se a Comissão da Verdade não tiver autonomia e soberania para investigar, e uma grande equipe que a auxilie em seu trabalho, estaremos consentindo. Consentindo, quero ressaltar, seremos cúmplices do sofrimento de milhares de famílias ainda afetadas por essa herança de horror que agora não está apoiada em leis de exceção, mas segue inquestionada nos fatos.
A nossa carta de 1977, publicada na primeira página do jornal o Estado de São Paulo no dia seguinte, expressava a indignação juvenil com a falta de democracia e justiça social, que seguem nos desafiando. O Brasil foi o último país a encerrar o período de escravidão, os recentes dados do IBGE confirmam que continuamos uma país rico, mas absurdamente desigual... Hoje somos o último país a, muito timidamente mas com esperança, começar a fazer o que outros países que viveram ditaduras no mesmo período fizeram. Somos cobrados pela ONU, pelos organismos internacionais e até pela Revista Economist, a avançar nesse processo. Todos concordam que re-estabelecer a verdade e preservar a memória não é revanchismo, que responsáveis pela barbárie sejam julgadas, com o direito a defesa que os presos políticos nunca tiveram, é fundamental para que os torturadores de hoje não se sintam impunes para impedir a paz e a justiça de todo dia. Chile e Argentina já o fizeram, a África do Sul deu um exemplo magnífico de como enfrentar a verdade e resgatar a memória. Para que anos de chumbo não se repitam, para que cada geração a valorize.
Termino insistindo que a DEMOCRACIA SE CONSTRÓI E RECONSTRÓI A CADA DIA. Deve ser valorizada e reconstruída a CADA GERAÇÃO.
E que hoje, quem cala, consente, mais uma vez.
Obrigada.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Egito: 50 mil na praça Tahir protestam contra SCAF
Passados oito meses da renúncia do ex-ditador Hosni Mubarak, o povo egípcio ainda amarga a continuidade do governo militar que se instaurou após 18 dias de protesto, prometendo uma transição rápida para um regime democrático. O Supreme Council of Armed Forces (SCAF - Conselho Supremo das Forças Armadas) governa o país desde então, ignorando a vontade popular e conduzindo o Egito de acordo com as ordens do imperialismo.
Hoje, 18, cerca de 50 mil pessoas voltaram à praça Tahir, símbolo da revolução de fevereiro, que marcou a queda de Mubarak. As reivindicações são pela transição imediata para um regime democrático, com eleições por voto direto, além de rejeitar a nova proposta de constituição, que amplia os poderes das forças armadas. Na prática, a legalização de uma nova ditadura militar. Força ao povo egípcio!
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A mídia, a política e a polícia
Folha manipula Datafolha
Por Mauro Malin
A imprensa como agente provocador
Por Raphael Tsavkko Garcia
Quando a mídia subverte a instância política
Por Júlio Arantes
E as milícias?
Por Mauro Malin
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Os EUA e a vontade do povo
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Relato sobre a reintegração de posse na USP
Desabafo de quem tava lá [Reintegração de Posse]
Cheguei na USP às 3h da manhã, com um amigo da sala. Ia começar o nosso 'plantão' do Jornal do Campus. Outros dois amigos já estavam lá. A ideia era passar a madrugada lá na reitoria, ou pelas redondezas. 1) para entender melhor a ocupação, conhecer e poder escrever melhor sobre isso tudo. 2) para estarmos lá caso a PM realmente aparecesse para dar um fim à ocupação.
Conversa vai, conversa vem. O tempo da madrugava passava enquanto ficávamos lá fora, na frente da reitoria, conversando com alunos da ocupação. Alguns com posicionamentos bem definidos (ou inflexíveis), outros duvidando até das próprias atitudes. A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)...e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pixações). A ocupação era organizada, eles estavam divididos em vários núcleos e tinham medidas pra preservar o ambiente. Aliás, nada de Molotov.
Mais conversa foi jogada fora, a fogueira que aquecia se apagou várias vezes e eu levantei a pergunta pra alguns deles: e se a PM realmente aparecesse lá logo mais? Seria um tiro no pé dela? Ela sairia como herói? Os poucos que conversavam comigo (eram uns 4, além dos amigos da minha sala) ficaram divididos. "Do jeito que a mídia está passando as coisas, eles vão sair como heróis de novo", disse um. "Se ele vierem vai ter confronto e isso já vai ser um tiro no pé deles", disse outra. Mas, numa coisa eles concordavam: poucos acreditavam que a PM realmente ia aparecer.
Eu achava que a PM ia aparecer e muito provavelmente isso que me fez ficar acordada lá. Não demorou muito e, pronto, muita coisa apareceu. A partir daí, meu relato pode ficar confuso, acho que ainda não vou conseguir organizar tudo que eu vi hoje, 08 de novembro.
Muitos PMs chegaram, saindo de carros, motos, ônibus, caminhões. Apareceram helicópteros e cavalaria. Nem eu e, acredito, nem a maior parte dos presentes já tinham visto tanto policial em ação. Estávamos em 5 pessoas na frente da reitoria. Dois estudantes que faziam parte da ocupação, eu e mais 2 amigos da minha sala, que também estavam lá por causa do JC. Assim que a PM chegou, tudo foi muito rápido:
os alunos da ocupação que estavam com a gente sugeriram: "Corram!", enquanto voltavam para dentro da reitoria. Os dois amigos que estavam comigo correram para longe da Reitoria, onde a imprensa ainda estava se posicionando para o show. Eu, sabe-se lá por qual motivo, joguei a minha bolsa para um dos meninos da minha sala e voltei correndo para frente da reitoria, no meio dos policiais que avançavam para o Portão principal [e único] da ocupação.
Tentei tirar fotos e gravar vídeos de uma PM que estava sendo violenta com o nada, para nada. Os policiais quebravam as cadeiras no carrinho, faziam questão do barulho, da demonstração da força. Os crafts com avisos dos estudantes, frases e poemas eram rasgados, uma éspecie de símbolo. Enquanto tudo isso acontecia, parte da PM impedia a imprensa de chegar perto da área, impedindo que os repórteres vissem tudo isso. Voltando para confusão onde eu tinha me enfiado: os PMs arrombaram a porta principal, entraram (um grupo de mais ou menos 30, eu acho) e, logo em seguida, fecharam o portão. Trancaram-se dentro da reitoria com os alunos. Coisa boa não era.
Depois disso, o outro grupo de PMs,que impedia a mídia de se aproximar dessas cenas que eu contei , foi abrindo espaço. Quer dizer, não só abrindo espaço, mas também começando (ou fortalecendo) uma boa camaradagem para os repórteres que lá estavam atrás de cenas fortes e certezas.
"Me sigam para cá que vai acontecer um negócio bom pra filmar ali agora", disse um dos militares para a enxurrada de "jornalistas".
A cena era um terceiro grupo de PMs, arrombando um segunda porta da reitoria, sob a desculpa de que queria entrar. O repórter da Globo me perguntou (fui pra perto deles depois da confusão em que me meti com os policiais no início): "os PMs já entraram, não? Por que eles tão tentando por aqui também?". Respondi: "sim, já entraram. E provavelmente estão fazendo essa cena pra vocês terem algum espetáculo pra filmar"
A palhaçada organizada pelos policiais e alimentada pelos repórteres que lá estavam continuou por algumas horas. A imprensa ia contornando a reitoria, na esperança de alguma cena forte. Enquanto isso, PM e alunos estavam juntos, dentro da Reitoria, sem ninguém de fora poder ver ou ouvir o que se passava por lá. Quem tentasse entrar ou enxergar algo que se passava lá na Reitoria, dava de cara com os escudos da tropa de choque, até o fim.
Enquanto amanhecia, universitários a favor da ocupação, ou contra a PM ou simplesmente contra toda a violência que estava escancarada iam chegando. Os alunos pediam para entrar na reitoria. Eu pedia para entrar na reitoria. Tudo que todo mundo queria era saber o que realmente estava acontecendo lá dentro. A PM não levava os estudantes da ocupação para fora e o pedido de todo mundo era "queremos algo às claras". Por que ninguém pode entrar? Por que ninguém pode sair?
Enquanto os alunos que estavam do lado de fora clamavam para entrar, ouvi de um grupo de repórteres (entre eles, SBT): "Não vamos filmar essas baboseiras dos maconheiros não! O que eles pedem não merece aparecer". Entre risadas, pra não perder o bom humor. Além dos repórteres que já haviam decidido o que era verdade ou não, noticiável ou não, tinham pessoas misturadas a eles, gritando contra os estudantes, xingando. Eu mesma ouvi muitas e boas como "maconheirazinha", "raça de merda" e "marginal" .
Os estudantes que enfrentavam de verdade os policiais que faziam a 'corrente' em torno da Reitoria eram levados para dentro. Em questões de segundos, um estudante sumia da minha frente e era levado pra dentro do cerco. Para sabe-se lá o que.
Lá pras 7h30, depois de muito choro, puxões e algumas escudadas na cara, comecei a ver que os PMs estavam levando os estudantes da ocupação para dentro dos ônibus. Uma menina foi levada de maneira truculenta, essa foi a única coisa que meu 1,60m de altura conseguiu ver por trás de uma corrente da tropa de choque. Enquanto eu tentava entrar no cerco, para entender a história, a grande mídia já estava lá dentro. Fui conversar com um militar, explicar da JC. Ouvi em troca "ai, é um jornal da usp. De estudantes, não pode. Complica".
Os ônibus com os alunos presos saíram da USP. Uma quantidade imensa de outros alunos gritavam com a PM. Eu e os dois amigos da minha sala (aqueles da madrugada) pegamos o carro e fomos para a DP.
Na DP, o sistema era o mesmo e meu cansaço e raiva só estavam maiores. Enjoo e dor de cabeça, era o meu corpo reagindo a tudo que eu vi pela manhã. Alunos saiam de 5 em 5 do ônibus para dentro da DP. Jornalistas amontoados. Familiares chegando. Alunos presos no ônibus, sem água, sem banheiro, sem comida, mas com calor. Pelo menos por umas 3h foi assim.
Enquanto a ficha caia e eu revisualizava todo o horror da reintegração de posse, outras pessoas da minha sala mandavam mensagens para gente, de como a grande imprensa estava cobrindo o caso. Um ato pacífico, né Globo? Não foi bem isso o que eu vi, nem o que o JC viu, nem o que centenas de estudantes presenciaram.
Enfim, sou contra a ocupação. Sempre tive várias críticas ao Movimento Estudantil desde que entrei na USP. Nunca aceitei a partidarização do ME. Me decepciono com a falta de propostas efetivas e com as discussões ultrapassadas da maioria das assembléias. Mas, nada, nada mesmo, justifica o que ocorreu hoje. Nada pode ser explicação pra violência gratuita, pro abuso do poder e, principalmente, pela desumanização da PM.
Não costumo me envolver com discussões do ME, divulgar textos ou participar ativamente de algo político do meio universitário. Mas, como poucos realmente sabem o que aconteceu hoje (e eu acredito que muita coisa vai ser distorcida a partir de agora, por todos os lados), achei que valeria a pena escrever esse texto. Taí o que eu vi.segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Movimento sem-teto de volta à cena
O movimento pede que 5 mil imóveis sejam disponibilizados na região central da cidade. Verdade seja dita, a reivindicação do movimento não chega nem perto dos 100 mil imóveis desocupados só no centro de São Paulo.
Esse é, sem dúvida o dado mais assustador. E mais revelador. Não custa insistir que a lógica do capital prevalece sobre as necessidades mais básicas da população. A equação é simples: existem milhares de imóveis desocupados que não podem ser utilizados para suprir o déficit habitacional, porque é assim que eles mantém o preço dos imóveis altos.
É a chamada especulação imobiliária. Eu tenho 10 apartamentos que custam 200 mil cada um. Muitas outras pessoas também têm outros tantos apartamentos. Se todo mundo resolver vender, o preço tende a cair e arrastar o lucro lá para baixo. Por outro lado, para não "congelar" as vendas, as imobiliárias lançam mão de outro recurso. Uma compra o imóvel da outra a preços altos, mantendo o mercado "aquecido" e a lucratividade em alta.
Quanto ao poder público, bem... ele está aí para administrar as agruras do capitalismo financeiro. É justo reivindicar a função social da propriedade. Mas resolver a questão mesmo, só mudando radicalmente a lógica da sociedade, deixando de trabalhar para garantir o lucro dos patrões. Em suma, com derrubada do capitalismo.
domingo, 6 de novembro de 2011
Visibilidade e invisibilidade na luta pela educação
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Fortalecer a luta contra a Polícia Militar no campus da USP
Após o trágico incidente do assassinato de um estudante dentro do campus Butantã da Universidade de São Paulo, o reitor João Grandino Rodas firmou um convênio com a Polícia Militar, permitindo sua entrada na Universidade por mais cinco anos, sob o argumento de um suposto combate à violência no campus. Alguns meses depois, é possível afirmar que o problema de segurança está longe de ser solucionado. A PM não resolveu nosso problema; pelo contrário, iniciou um processo de perseguição e controle dentro da Universidade.
Todos os dias estudantes e funcionários são abordados e revistados, mesmo nas portas dos prédios e bibliotecas. A Polícia já entrou em Centros Acadêmicos e prédios de aula, interferindo diretamente nos espaços que deveriam permitir um debate livre e democrático de ideias. E a violência segue. Assaltos e estupros continuam ocorrendo e o clima de medo permanece na Universidade.
No último dia 27, policiais militares abordaram três estudantes na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), porque eles portavam maconha. Centenas de estudantes se reuniram para repudiar a ação da polícia no campus. Um grande ato foi realizado. A Polícia Militar teve que se retirar, mas não sem demonstrar a que veio: mais uma vez utilizou dentro do campus de instrumentos de repressão aos estudantes, com bombas e balas de borracha.
Reunidos em assembleia logo após este trágico acontecimento, os estudantes decidiram ocupar o prédio da Administração da FFLCH. Nós, da Juventude do PSTU, fomos contra a ocupação naquela assembleia. Avaliamos que a luta contra a PM no campus é fundamental, uma pauta crucial de ser levada à frente por toda a esquerda dentro da Universidade. Mas não concordamos que essa luta deva se dar de maneira isolada. Devemos buscar o apoio de mais estudantes em toda a USP, construir uma grande mobilização e usar dos métodos mais radicais do movimento, como as ocupações, a partir do momento em que eles aproximem mais pessoas e disputem a opinião pública para as nossas posições. Ocupar naquele momento significava isolar a vanguarda do movimento, e essa não é a melhor forma de construir uma mobilização vitoriosa. Contudo, a opinião favorável à ocupação foi majoritária e nós, respeitando às deliberações de um fórum legítimo do movimento estudantil, construímos essa ocupação.
Estivemos nas comissões, construímos o ato contra a PM no campus no dia 31, e passamos todos os dias seguintes dentro da Administração da FFLCH. No dia 01 de novembro, fizemos uma grande assembleia que, após horas de debate político, votou por desocupar a Administração da FFLCH. A avaliação feita pela maioria dos estudantes naquele momento foi a de que era necessário ampliar o alcance da mobilização contra a Polícia no campus, e que a ocupação não era o instrumento apropriado para isso neste momento. Havia a proposta da construção de um calendário de lutas, que inclui um ato em frente ao Conselho Universitário no dia 08 de novembro.
A assembleia terminou um pouco após essa votação. Passado das 23h, estudantes se levantaram pedindo o fim da reunião para que pudessem voltar para suas casas, e a assembleia foi oficialmente encerrada aproximadamente às 23h30. Contudo, alguns membros de correntes políticas como a LER-QI, o PCO e o MNN se autodenominaram a continuidade da assembleia e votaram a ocupação imediata da Reitoria da Universidade.
Democracia se faz com respeito à opinião da maioria dos estudantes
O PSTU reivindica a democracia operária em todos os movimentos dos quais faz parte. Para nós, as decisões do movimento devem ser tomadas em reuniões abertas à participação de toda a base, onde as opiniões da maioria definem legitimamente os rumos do movimento.
É por este motivo que, mesmo discordando, ocupamos a administração da FFLCH. E é por esse motivo que hoje não apoiamos como método legítimo da luta atual dos estudantes da USP a ocupação da Reitoria.
Somos contra a construção do movimento isolada dos estudantes. Para nós, é tarefa dos lutadores ganhar cada dia mais estudantes para as nossas opiniões e atividades. E parte disso é respeitar a opinião da maioria mesmo quando somos contrários a ela.
A assembleia do último dia primeiro deliberou pela desocupação da Administração da FFLCH. O recado dos estudantes foi claro: continuar a luta contra a PM no campus, mas não manter o método da ocupação. Quem decidiu ocupar o fez à revelia da opinião da maioria, e este é um erro grave.
O método da calúnia e das mentiras não faz parte do movimento democrático
A acusação de que a Juventude do PSTU fez acordo com a Reitoria da USP para terminar a ocupação da Administração da FFLCH é absolutamente falsa. E mentiras como essa não fazem parte da concepção de movimento historicamente defendida pela esquerda.
Estamos ao lado dos estudantes e do movimento estudantil combativo contra a Polícia no campus e contra a Reitoria. Nossa corrente se constrói há anos nas lutas. Estivemos em todas as greves e ocupações da USP. Somos parte da disputa por outro projeto de educação e universidade. Acusar-nos do contrário não passa de uma grande mentira.
Defendemos a desocupação abertamente e apresentamos os argumentos para tal. Não acreditamos ser essa a melhor tática para o movimento agora. Mas não negociamos com a Reitoria por fora do movimento, e não o faremos em nenhum momento. Não é este o nosso papel nem nossa concepção. Nos submetemos às decisões do movimento e não faremos nenhuma ação desse tipo por fora.
Por outro lado, não aceitamos esse tipo de calúnia. Isso tudo faz parte de um método que não ajuda o movimento, mas o divide. E a responsabilidade é dos mesmos grupos que ocuparam a reitoria sem legitimidade nos fóruns do movimento. Ou seja, de grupos que, sob a falsa pretensão de serem os mais radicais e combativos, são burocráticos e não respeitam os métodos, o programa ou a moral do movimento, seguindo apenas e tão somente sua própria opinião e seus interesses.
Em defesa dos lutadores! Contra a repressão!
Apesar de discordarmos da ocupação e da metodologia com que foi feita, não aceitamos nenhuma repressão aos estudantes que ocuparam. Queremos deixar claro que repudiamos qualquer tipo de atitude violenta por parte da reitoria para reprimir o movimento e somos contrários a qualquer processo contra estudantes e trabalhadores. Exigimos também a revogação completa dos processos criminais e administrativos que existem contra companheiros da Universidade.
Um chamado à unidade na luta contra a Polícia no campus
Continuaremos nesta luta. Não podemos aceitar a Polícia Militar na Universidade, sob qualquer desculpa. Queremos uma universidade segura, mas para isso defendemos outras alternativas: mais iluminação e alternativas de transporte no campus, ocupação de seus espaços pela população, contratação e treinamento de uma guarda universitária concursada, que seja composta por funcionários treinados para a identificação e prevenção dos problemas de segurança, em especial com um corpo feminino que responda aos casos de violência contra as mulheres. Somos contra a PM no campus porque sabemos que seu papel é outro – abordar estudantes e trabalhadores, observar e reprimir o movimento organizado, impedir o clima de livre difusão de ideias, tão importante à autonomia universitária.
Convidamos a todo o movimento estudantil e aos movimentos sociais a participarem da luta, com o calendário que o movimento estudantil, a partir de suas entidades e fóruns, defende para os próximos dias:
Ato em frente ao Conselho Universitário no dia 08/11/2011 a partir das 10h
Aula pública na FFLCH no dia 08/11/2011 a partir das 18h
Defendemos a realização de uma nova assembleia geral dos estudantes para continuar a discussão e organizar nossos próximos passos.
Pela revogação imediata do Convênio entre a PM e a USP!
Fora PM do campus!quinta-feira, 3 de novembro de 2011
"Ou eles, ou nós!"
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Itaú lucra, trabalhadores não
Um outro aspecto desse recorde é que os bancos Santander e HSBC, junto com o Itaú, retiveram, somente este ano, cerca de R$ 600 milhões em tarifas cobradas indevidamente dos clientes. O vídeo abaixo é uma sátira bem-humorada desse aspecto.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Nota oficial sobre a ocupação da administração da FFLCH-USP
Esta não foi a primeira vez que a PM entrou no campus para reprimir estudantes. Trata-se de mais uma demonstração da política de repressão que vem sendo imposta na Universidade pelo reitor João Grandino Rodas, investigado por corrupção pelo Ministério Público. Este reitor, que não foi eleito pela comunidade universitária, tem uma ampla ficha de repressão aos estudantes e movimentos sociais.
A repressão foi acentuada com a assinatura de um convênio (entre a reitoria da USP e a PM) que foi firmado em setembro deste ano, sem a mínima consulta à comunidade universitária. Este convênio permite a entrada ostensiva da polícia no campus e prevê a instalação de quatro bases militares no campus Butantã. Os policiais têm abordado indiscriminadamente estudantes e trabalhadores. Com isso, o Reitor tenta impor seu projeto de privatização da Universidade, que já vem se concretizando através da terceirização e a precarização do trabalho e ensino.
A abordagem da PM indignou @s estudantes, que começaram a se reunir em volta d@s policiais buscando impedir uma ação mais violenta contra @s alun@s. Mais de quinhentos estudantes se uniram para impedir a prisão dos três universitários que haviam sido abordados. A polícia continuou irredutível e chamou reforços, totalizando 15 viaturas, só no estacionamento da FFLCH. Com o aumento da força policial mais estudantes se juntaram para defender a autonomia da universidade, se posicionando contra a repressão policial.
Em um ato de protesto contra a repressão, centenas de estudantes se colocaram em frente as viaturas para evitar a detenção dos estudantes. A partir deste momento, @s políciais, que estavam, em sua maioria, sem identificação pessoal, partiram para um violento confronto físico, saindo do campo das ameaças e ofensas verbais para agressões com gás lacrimogênio, spray de pimenta, bala de borracha e cassetete.
Diante da truculência da polícia, @s estudantes, que se mobilizaram contra a repressão e a violência, se defenderam conforme podiam. Após três horas de tencionamento e meia hora de confronto físico, os polícias deixaram a universidade. @s estudantes não se deixaram intimidar pela violência da polícia. Após a assembleia realizada pel@s mais de quinhentos presentes foi decido pela ocupação da Administração da FFLCH como forma de lutar contra a repressão na USP.
Seguiremos ocupad@s até que o convênio (USP- PM) seja revogado pela reitoria, proibindo a entrada da polícia militar no campus em qualquer circunstancia, bem como a garantia de autonomia nos espaços estudantis, como o Núcleo de Conciência Negra, a Moradia Retomada, o CANiL_Espaço Fluxus de Cultura da USP, entre outros. Continuaremos aqui até que se retirem todos os processos crimininais e administrativos contra @s estudantes, professores e funcionári@s.
São Paulo, 28 de outubro de 2011.
Movimento de ocupação.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
A fome e suas coincidências
Entre os destaques das declarações das duas instituições, fatos realmente assustadores. A fome mata mais do que os vírus da AIDS, da malária e da tuberculose, segundo o PAM. Acrecente-se que uma em cada 7 pessoas do mundo dorme todos os dias com fome e, para piorar, na maioria dos casos mulheres e crianças. De 2005 a 2008, os alimentos, em todo o mundo, atingiram o maior valor dos últimos 30 anos. Na Somália, localizada no chamado Chifre da África e um dos países em pior situação, 4 milhões de pessoas estão em situação crítica e aproximadamente 750 mil podem morrer de fome até o final do ano.
Pois bem, a notícia repercutiu. Mas nem os "especialistas" da FAO, nem os do PAM, deram explicações razoáveis para esse aumento da fome. E o nosso bom jornalismo, pra variar, foi na onda. Vejamos o que dizem os tais especialistas: o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed, 'explicou' que a situação atual é “mais dramática” porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional. Impressionante como são azarados os somalianos! Justo agora, que o mundo está em crise, essa terrível coincidência, esse terrível acaso do aumento de preços dos alimentos!
A próxima "explicação" serei obrigado a transcrever, porque não dá pra reescrever tamanha sabedoria: "Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. 'Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar', disse Ahmed." Estão vendo? A culpa só pode ser do povo, que inventa de procriar.
Em meio a tantos acasos e coincidências, não custa lembrar mais alguns:
- 35 anos atrás, data em que a alta dos alimentos foi tão violenta quanto a atual, "coincide" com o auge da crise do Estado de Bem Estar Social (aquele modelo econômico que oferecia um tremendo bem-estar para os 9 países mais ricos do mundo, enquanto os outros 190 padeciam de um estranho mal-estar) e começava a "gloriosa" implementação do neoliberalismo;
- no Egito, a alta desenfreada dos alimentos nos últimos meses de 2010 e começo de 2011 foi um dos principais motivos para que eclodissem as revoltas populares - uma tremenda coincidência, já que a causa mesmo das revoltas no Egito foi o Facebook;
- a fome no mundo está piorando porque, por coincidência, nesses países há graves problemas como guerras civis, o que impede que a ajuda humanitária entregue as esmolas doações vindas de várias partes do globo;
- por coincidência também, grande parte dessa população mora em regiões que enfrentam longos períodos de seca, onde, coincidentemente, não se pode encontrar nenhuma sede de governo ou qualquer coisa relacionada às riquezas produzidas no país. A propósito, essa é a última coincidência: 60% do PIB da Somália vem da agropecuária. Isso mesmo! Da produção agrícola e de gado. Em uma palavra: comida.
Com tudo isso, só posso mesmo achar que esse papo de gente morrendo de fome de um lado e concentração de riqueza de outro é mesmo conversa fiada. Tudo não passa de acaso e coincidência...
sábado, 15 de outubro de 2011
Militante do PSTU vence concurso de poesia em Criciúma
Em entrevista ao site ClicaTribuna, Israel disse ter ficado surpreso com a premiação, pois esperava um resultado melhor de outro poema enviado. Israel, que é estudante de sociologia na Universidade Estadual de Santa Catarina (Unesc), destacou a importância do concurso e lembrou que quase sempre, infelizmente, a cultura só é valorizada se atender aos interesses de lucratividade da Indústria Cultural.
O Blog Molotov parabeniza ao militante pelo concurso e pelo belo poema!
Sou coisa preta
sou pedra tirada do ventre da terra.
Sou feto parido do chão,
eu sou carvão.
A minha cor é a do piche,
eu sou azeviche;
pra me parir tem que ter pá, picareta e dinamite;
pra me parir tem que ter braço forte;
tem que ter sorte, acredite;
pois a morte é viva no útero da minha mãe
e antes de trabalhar tem que fazer oração,
tem que rezar, tem que pedir proteção,
pra me parir tem que ter calo na mão.
eu sou carvão.
Arrancam-me do solo nu
não ligo, sou pedra de exu, me vingo;
sou hulha, pirita, rejeito; sou chaga que não tem cura, doença no peito;
sou feio, de um jeito igual pichação;
sou ponto preto no pulmão
do mineiro, poeira, explosão.
Eu sou carvão
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Dilma, Fifa e a meia entrada
Para assistir ao vídeo do dia 07/10/2011, clique no link do SBT Brasil.
O chargista Mário Alberto, do LanceNet, em novembro do ano passado, já mostrava um pouco do que estaria por vir...
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
"Trégua" no Ceará?
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Marx me liga
Boa semana a tod@s!
domingo, 2 de outubro de 2011
Repressão em Wall Street
Se do lado do capital a repressão aumenta, do outro lado cresce o apoio aos manifestantes. No décimo quinto dia do movimento Occupy Wall Street, o sindicato nacional dos trabalhadores do setor siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados, anunciou sua solidariedade ao movimento, que alcança um número cada vez maior de cidades, entre elas Chicago e Los Angeles.
Na próxima quarta-feira, 5 de outubro, trabalhadores e estudantes preparam uma grande manifestação em Wall Street.
Abaixo os últimos vídeos postados pelo movimento, feitos no 11º e 12º dias de ocupação (dias 27 e 28 de fevereiro).
Ocupações de "paz e amor"
De acordo com o documento, as menores faziam sexo com soldados da força de paz em troca de alimentação ou hospedagem. A entrevista está contida em um documento da diplomacia norte-americana, de janeiro de 2010, que só foi divulgado agora pelo Wikileaks.
A notícia circulou na imprensa no mês de setembro (mais no Opera Mundi) e revela a dura realidade das ocupações militares ditas "humanitárias".
domingo, 28 de agosto de 2011
As prioridades do governo (charge de @CarlosLatuff)
O agronegócio na América Latina tem algo em comum (charge)
sábado, 27 de agosto de 2011
Copa 2014: abertura em São Paulo, encerramento no Maracanã e... (charge)
"Atacar os ratos infiéis que fazem mal ao nosso país" (charge)
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
No Ceará a luta dos professores em greve também é feita em cordel
O que publicamos a seguir chama-se "Cordel para Cid" escrito pelo professor Francinilto Almeida de Tabuleiro do Norte no Ceará.
1.
Em discursos de políticos
Há certas prioridades
Dentre as quais EDUCAÇÃO
Incluem essas “beldades”
Mas o que se vê de fato
É um grande desacato
Recheado de maldades.
2.
O Piso do Magistério
Como Lei Nacional
Surgiu em 2009
Regra Constitucional
Mas alguns governadores
“Amigos” dos professores
Buscaram o Tribunal.
3.
Entretanto o STF
Com visão mais ampliada
Disse “Não!” aos “amiguinhos”
Daquela grande empreitada
O Piso Salarial
Já é Lei Nacional
Precisa ser respeitada.
4.
Mas não é isso o que vemos
Garanto, posso afirmar.
Sou professor e me negam
Essa Lei tão exemplar
São interesses mesquinhos
Desses nossos “amiguinhos”
Que brincam de governar.
5.
Dos Estados do Nordeste
É somente o Ceará
Que desobedece o Piso
E fica no deus-dará
Pois o Sr. Cid Gomes
É um dos ilustres nomes
Que contra essa Lei está.
6.
E como se não bastasse
Andando na contramão
Ele fica com gracinhas
Sem a menor atração
Nem percebe o desmantelo
Devido à falta de zelo
Com a “pobre” Educação.
7.
Nunca se viu nesse Estado
Um jogo tão inclemente:
Dividiu-se a Escola Pública
Da forma mais indecente
Uns são privilegiados
Ricamente bem tratados
Inscrição: SOU COMPETENTE.
8.
No lado esquerdo, porém
Estão os discriminados...
Tentaram, fizeram testes...
Mas foram, sim, reprovados.
Então não podem tocar
Desse mais fino manjar
Dos “deuses” bem educados.
9.
E são dois tipos de IMPOSTOS?
Eu me ponho a perguntar.
Por que este é escolhido
Sem que aquele possa entrar?
Uns têm muitas regalias
Sentem-se reis em folias,
Outros vivem a penar.
10.
Denuncio com firmeza
Esse abuso insolente
Minha escola, lado-a-lado
De uma ESCOLA COMPETENTE
Não temos quadra, sequer
Nós somos, sim, da ralé
Inscrição: INCOMPETENTE.
11.
Será que existe algum pai
Alguma mãe tão sofrida
Que não queiram profissão
Nessa amargurada vida
Para os seus filhos amados
De novo assim massacrados
Por uma regra indevida?
12.
Isso tudo só se dá
Para efeito camuflado
Pois nosso Governador
O que quer é resultado
As escolas oprimidas
Por certo serão supridas
Pelas do “recheio” amado.
13.
Não somos contra as escolas
Que ensinam a profissão.
Estamos insatisfeitos
Com a discriminação
Os direitos são iguais
Ninguém é menos nem mais
Em termos de educação.
14.
Além dessas injustiças
Sem cumprir a Lei do Piso
O professor corre o risco
De também perder o siso
Pois nosso Governador
Aumentando a nossa dor
Acha mesmo que é preciso.
15.
“Ensina quem tem amor”
“Nem carreira existiria”
“Por que fizeram concurso?”
São frases de maestria
Que o nosso Governador
Com carinho e com amor
Solta a plena luz do dia.
16.
E Vossa Excelência diz:
“Ensina quem tem amor...”
Pois é isto o que não falta
Na vida de um professor
O que falta é dignidade
Por parte da autoridade
Isto, sim, Governador.
17.
Não sabe Vossa Excelência
A rotina que mantém
Um professor que se preza
Na carreira que convém
Somente com muito amor
Mesmo com o Governador
Sugando o pouco que tem.
18.
Esse desprezo que vemos
Com palavras tão cruéis
Mostra a sua ingratidão
Com profissionais fiéis
Pois professor é amigo
É pai, é mãe é abrigo...
São muitos os seus papéis.
19.
São eles no dia a dia
Dando exemplos de bondade
Moldando comportamentos
Encaminhando à verdade
Ensinando o bem viver
Fazendo o país crescer
Erguendo a humanidade.
20.
Vossa Excelência não sabe
A sobrecarga que tem
Uma professora-mãe
Guerreira como ninguém
Depois de longa jornada
Assiste à família amada
Disposta como convém.
21.
Quantos professores vivem
Sem dispor de um bom lazer
Pois são tantas as tarefas
Restando para fazer
Isto porque nossas leis
Não nos dão a voz e vez
Para o quadro reverter.
22
Quem é que nesse mundo
Progride sem professor?
Que mundo pode existir
Sem a profissão do amor?
Será que Vossa Excelência
Nunca sofreu influência
De um deles, Governador?
23.
Nós queremos mais respeito
Com a nossa profissão
Ela é quem muda os rumos
Dessa e de qualquer nação
Só alguém estabanado
Olha bem desconfiado
Pra SENHORA EDUCAÇÃO.
24
Ela rege o Universo
Faz conquistas envolventes
Muda qualquer panorama
Deixa as coisas diferentes...
Se não há educação
Não existe evolução
Seremos, sim, indigentes.
25.
Será que é muito difícil
Perceber nosso valor?
Educação é a base
Digo isso aonde eu for
Sem a nossa profissão
Não existia outra, não
Sequer de Governador.
- FIM -
Rede Globo: Xenofobia, machismo e racismo, a gente vê por aqui.
Mas o racismo da Globo não se expressa somente em suas novelas e com o povo negro. Existem outras formas dele andar de mãos dadas com seus irmãos gêmeos, o machismo e a xenofobia. O video a seguir é uma reportagem do canal Sport Tv que consegue ser racista, xenófobo e muito machista. A "reportagem" em tom de "brincadeira" vai fundo no intuito de desqualificar o povo e a cultura paraguaia. Apesar de ser de julho do ano passado nunca é tarde pra conferir o "jornalismo" global.
Deixamos registrado aqui nosso respeito aos trabalhadores e trabalhadoras paraguaios e nossa repulsa renovada à Rede Globo.
PS: O blogonauta Flipe nos chamou a atenção que a própria Globo reconheceu o desrespeito e fez seu pedido de desculpas. Procuramos o video que já não está mais no canal do Sport Tv mas existem links para ele no YouTube. Aqui um deles: http://youtu.be/80OzeCc6Bfk
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Dívida estadunidense caiu de AAA para AA+. Sabe desde quando isso não acontece?
Essa é pra quem gosta de numerologia e afins. Todo mundo já sabe que a agência de classificação de risco Standard and Poor's rebaixou a nota da dívida americana de AAA para AA+. Entretanto, talvez o que muitos não saibam é que foi a primeira vez que isso aconteceu desde 1917. E todos sabem, claro, que 1917 foi um ano fabuloso. Não para o capitalismo, evidentemente.
Sou agro, agromentirosa.
Com certeza uma peça que não merece ser divulgada em nosso blog mas a montagem-resposta que está no YouTube merece, e muito. Ei-la:
domingo, 21 de agosto de 2011
"Não tenho nada a ver com esse abacaxi" (charge)
Nivea e Dove disputam lugar de campanha publicitária mais racista.
Já a peça da Nivea usa de um racismo tão escancarado que a própria empresa já divulgou nota pedindo desculpas anúncio "impróprio e ofensivo". A campanha mostra um modelo negro "arrumadinho" arremessando o que supostamente seria a sua cabeça antes dele ter ser "re-civilzado". A cabeça sendo arremessado tem ostenta um tremendo cabelo black power. O slogan não poderia ser mais apropriado, ou melhor, inapropriado mesmo: "Re-civilize yourself".
Pelo jeito na Europa deve existir algum prêmio para a publicidade mais racista ou coisa parecida.
"A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal"
"Minha pressão sangüínea elevada (e que continua a elevar-se) engana àqueles que me são próximos sobre minhas reais condições físicas. Estou ativo e capaz de trabalhar, mas o fim está evidentemente próximo. Estas linhas serão tornadas públicas após minha morte.
Não preciso mais uma vez refutar aqui a calúnia vil de Stalin e seus agentes: não há uma só mancha sobre minha honra revolucionária. Não entrei, nem direta nem indiretamente, em nenhum acordo, ou mesmo em nenhuma negociação de bastidores, com os inimigos da classe operária. Milhares de adversários de Stálin tombaram, vítimas de falsas acusações. As novas gerações revolucionárias reabilitarão sua honra política e tratarão seus carrascos do Kremlim como eles merecem.
Agradeço ardentemente aos amigos que se mantiveram leais através das horas mais difíceis de minha vida. Não cito nenhum em particular, porque não os posso citar todos.
Apesar disso, considero-me no direito de fazer exceção para o caso de minha companheira, Natália Ivanovna Sedova. Além da felicidade de ser um combatente da causa do socialismo, quis a sorte me reservar a felicidade de ser seu esposo. Durante quarenta anos de vida comum, ela permaneceu uma fonte inesgotável de amor, magnanimidade e ternura. Sofreu grandes dores, principalmente no último período de nossas vidas. Encontro algum conforto no fato de que ela conheceu também dias de felicidade.
Nos quarenta e três anos de minha vida consciente, permaneci um revolucionário; durante quarenta e dois destes, combati sob a bandeira do marxismo. Se tivesse que recomeçar, procuraria evidentemente evitar este ou aquele erro, mas o curso principal de minha vida permaneceria imutável. Morro revolucionário proletário, marxista, partidário do materialismo dialético e, por conseqüência, ateu irredutível. Minha fé no futuro comunista da humanidade não é menos ardente; em verdade, ela é hoje mais firme do que o foi nos dias de minha juventude.
Natascha acabou de chegar pelo pátio até a janela e abriu-a completamente para que o ar possa entrar mais livremente em meu quarto. Posso ver a larga faixa de verde sob o muro, sobre ele o claro céu azul, e por todos os lados, a luz solar. A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal, de toda opressão, de toda violência e possam gozá-lá plenamente."
Leon Trotsky
Coyoacán, 27 de fevereiro de 1940.
Post Scriptum
Diante da natureza de minha doença (pressão sanguínea elevada e em constante elevação), parece-me que o fim chegará de repente e, provavelmente - é ainda uma hipótese pessoal -, por uma hemorragia cerebral. É o melhor dos fins que eu poderia desejar. É possível, entretanto, que eu me engane (não tenho a menor vontade de ler livros especializados, e os médicos naturalmente não me dirão a verdade). Se a esclerose tiver que assumir um caráter prolongado e eu for ameaçado de uma longa invalidez (neste momento, pelo contrário , sinto até uma intensa energia espiritual devida ao subir da pressão, mas isso não durará muito), reservo-me o direito de determinar por mim mesmo o momento de minha morte. O "suicídio" (se é esse o termo apropriado) não será, de maneira alguma, a expressão de uma explosão de desespero. Natascha e eu já nos dissemos mais de uma vez que, se chegados a uma tal condição física, preferiremos encurtar a própria vida, ou mais exatamente, o longo processo da agonia. Mas, sejam quais forem as condições de minha morte, morrerei com uma fé inquebrantável no futuro comunista. Esta fé no homem e em seu futuro dá-me, mesmo agora, uma tal força de resistência como religião alguma poderia me fornecer.
Leon Trotsky
3 de março de 1940.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Blog do Juca Kfouri noticia ato em Brasilia do dia 24
Deu no blog do Juca Kfouri: dia 24 de agosto haverá ato em Brasília. No blog, o jornalista dá destaque às mobilizações do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e da Frente de Resistência Urbana, por conta dos despejos de comunidades de periferia para "limpar" o meio de campo para o "espetáculo" da Copa de 2014.
Segue trecho da postagem:
E, de fato, a maneira pela qual tem gente sendo retirada de suas casas devido às obras para a Copa e para a Olimpíada lembra, em alguns casos, o que os nazistas faziam nas residência dos judeus na Segunda Guerra Mundial.Leia o post completo aqui.
É preciso por um paradeiro nisso e é preciso que este tipo de absurdo chegue aos ouvidos da presidência da República, o que um ato em Brasília sempre ajuda a fazer.
É Direito Humano básico o direito à moradia e a lei diz que ninguém pode ser removido de sua casa e mandado para os cafundós como está acontecendo, com indenizações, além do mais, que não permitem a aquisição de imóvel semelhante.
No portal leia:
Foi aprovado o aumento... (charge)
Mudas direto do ministério (charge)
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Darcus Howe desmente ao vivo jornalista da BBC
"Dilma é traidora dos aposentados."
A afirmação é de Warley Martins, presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas – COBAP, acerca do veto da presidenta ao aumento dos aposentados.
Leia em nosso portal, clicando aqui.