O escritor português José Saramago manifestou-se sobre a crise econômica na última segunda-feira, 27. Ele falou em Lisboa, durante o lançamento do filme Ensaio sobre a cegueira, do brasileiro Fernando Meirelles, baseado em seu livro homônimo.
Ao se pronunciar contra as políticas capitalistas, defendeu que “Marx nunca teve tanta razão”. As declarações de Saramago repercutiram na imprensa mundial. ele culpou os banqueiros e as grandes empresas pela crise.
Ao relacionar a crise mundial com a história do livro e do filme, disse que “estamos sempre mais ou menos cegos. O ideal seria que todos fossemos cidadãos ativos, mas cada um tem os seus problemas e a sua felicidade a conquistar”. Porém, para ele, “as piores conseqüências ainda não se manifestaram”.
E completou: “Se há uma catástrofe em qualquer lado, aparecem logo países a querer ajudar, mas um ano depois a ajuda ainda não chegou. Como é possível demorar-se tanto a disponibilizar dinheiro para uma emergência e agora, de repente, saltam milhões? Onde estavam? O dinheiro apareceu para salvar vidas? Não: apareceu para salvar bancos. E dizem que sem bancos isto não funciona. Marx nunca teve tanta razão como hoje”.
Ontem, 28 de outubro, ele publicou em seu blog um manifesto intitulado “Novo capitalismo?”. Além do próprio Saramago, assinam Federico Mayor Zaragoza, Francisco Altemir, Roberto Savio, Mário Soares e José Vidal Beneyto. “Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes conjunturais fortuitos que acontecem na superfície da vida económica mas que estão inscritos no próprio coração do sistema”, diz o texto.
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