quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Ceará: greve continua na CEF, e termina no BB e BNB

Na noite desta quinta-feira foram realizadas duas assembléias de bancários simultâneas em Fortaleza, uma dos trabalhadores do BB e da CEF, na sede do Sindicato dos Bancários do Ceará, e outra, em um local vizinho, dos trabalhadores do BNB (Banco do Nordeste).

BNB

Na assembléia realizada em separado, os trabalhadores do Banco do Nordeste decidiram por aceitar a nova proposta apresentada no dia de hoje pela direção do Banco (cuja sede fica em Fortaleza), e encerrar a greve.

Após uma forte greve, como há muito tempo não se via no BNB, que conseguiu paralisar mais de 50% das atividades da Sede Administrativa Central no bairro do Passaré, onde trabalham centenas de bancários, além de todas as agências da cidade de Fortaleza, os trabalhadores conseguiram uma importante vitória, fruto da rejeição da proposta de ontem, e da decisão de prosseguir o movimento no dia de hoje.

A nova proposta apresentada nesta quinta-feira inclui um Piso Salarial de R$ 1.350,00 (praticamente se equiparando ao Piso atual da Caixa Econômica Federal), e uma PLR cujo menor valor, para o cargo de assistente bancário, é de R$ 4.100,00.

Esta tremenda vitória dos trabalhadores do BNB mostra aos trabalhadores do Banco do Brasil que com a rejeição da proposta de ontem, e a manutenção da greve, poderiam ter arrancado muito mais, independente de "crise financeira mundial", já que o Banco do Nordeste, um banco bem menor, e com um lucro muito menor do que o do BB, aceitou ceder diante da força de seus trabalhadores e conceder um Piso praticamente equivalente ao da Caixa, e uma PLR cujo menor valor é bem maior do que a do escriturário posto efetivo do BB.

BB e CEF

Na assembléia unificada dos trabalhadores do BB e CEF (porém com crachás de cores diferentes), foi deliberado pelos trabalhadores da Caixa Econômica Federal a manutenção da greve, acompanhando a decisão tomada por São Paulo e Rio de Janeiro. A decisão foi aplaudida e saudada pelos colegas do Banco do Brasil presentes.

Por sua vez, os trabalhadores do BB (que na data de ontem deram um sonoro NÃO à proposta do Banco, e mantiveram a greve, mesmo sabendo que a mesma havia acabado nos maiores centros) avaliaram hoje que sua missão estava cumprida, após realizar uma histórica greve nesta quinta-feira, mesmo sozinhos e isolados do restante do país, e que haviam dado uma lição moral aos gerentes que na noite anterior haviam tido a cara de pau de se fazer presentes na assembléia para votar pelo fim da greve (hoje eles não tiveram coragem de aparecer).

Embora entendam que a proposta do Banco do Brasil é simplesmente horrível, e não atende em praticamente nada os anseios do funcionalismo, os trabalhadores do BB do Ceará decidiram encerrar a paralisação, e voltar ao trabalho na sexta-feira, não por acharem que não era possível conquistar muito mais com o prosseguimento da greve nacional, mas unicamente por avaliarem que não tem forças para sustentar uma greve sozinhos, sem o restante do país. A avaliação dos cearenses é de que, se São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro houvessem seguido na greve, muitas conquistas poderiam ter sido arrancadas.

Todavia, a assembléia dos trabalhadores do BB e CEF aprovou, unificadamente e por ampla maioria, uma proposta muito importante para a construção das futuras Campanhas Salariais, a rejeição da Mesa Única da FENABAN, nos seguintes termos:

"A assembléia dos bancários do BB e da CEF do Estado do Ceará posiciona-se contrária à continuidade da Mesa Única da FENABAN nas próximas Campanhas Salariais da categoria, devendo ser aberto o debate para a elaboração de uma nova tática de negociação, que unifique os bancos públicos."

Com esta resolução, os bancários cearenses do BB e da CEF apontam o caminho para uma Campanha Salarial vitoriosa em 2009: o fim da Mesa Única da FENABAN, atrás da qual o governo fica escondido por semanas, esperando o desgaste e cansaço dos grevistas, e a criação de uma Mesa Única dos bancos públicos, através da qual os trabalhadores do BB, da CEF e do BNB possam negociar unificadamente e diretamente com o seu patrão, que é o mesmo: o governo federal.

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