sexta-feira, 25 de maio de 2012

Deu na folha de sexta, dia 25 de maio

Altino de Melo Prazeres Jr., presidente do Sindicatos dos Metroviários de SP reabete acusações do PSDB e da grande imprensa. Leia abaixo o artigo na Folha de S.Paulo.




Quem parou São Paulo?
Nesta quarta, 23, os metroviários de São Paulo realizaram uma de suas mais fortes greves.
Logo as autoridades tentaram nos culpar pelos transtornos que a população enfrentou, classificando a greve de abusiva, ilegal e até política. Agora anunciam a intenção de "multar" o sindicato em R$ 1 milhão, por prejuízos à cidade.
Parte da imprensa foi pelo mesmo caminho, tentando jogar a população contra os metroviários, como o editorial de ontem desta Folha ("Greve contra São Paulo") ou mostrando os protestos nas estações como se fossem contra a greve, sem mostrar que os passageiros cantavam: "Geraldo, a culpa é sua!".
O que está em jogo é o direito de greve. Representantes do governo e do Judiciário, apesar de afirmarem o contrário, não escondem que entendem que os metroviários não têm o direito de lutar por seus direitos.
A decisão do Tribunal Regional do Trabalho na prática impedia a greve, exigindo 100% do efetivo nos horários de pico e 85% nos demais horários, sob multa diária.
Ora... Mesmo no dia mais movimentado, o metrô não mantém essa percentual. Ou seja, o TRT exigia que, no dia de greve, o atendimento fosse maior do que a própria empresa consegue. Que greve é essa?
O responsável pela greve tem nome: o governador Geraldo Alckmin. Foi seu governo que foi intransigente com os trabalhadores, recusando-se a negociar. Nós chegamos a propor a abertura das catracas, no lugar da greve. Trabalharíamos nesse dia, todos poderiam se deslocar normalmente e nosso protesto ficaria marcado. Uma experiência que já foi feita em outros países.
Mas o governo recusou. Mas não foi intransigente assim com as empresas que prestam serviço ao metrô, como a que atrasou em mais de um ano a entrega do serviço, provocando o mais grave acidente na história do metrô. Caso tivesse ocorrido na Linha 4, privatizada e sem funcionários, o acidente possivelmente teria tido vítimas fatais.
Ao culpar os trabalhadores, o governo tenta esconder sua incapacidade em negociar e também o fato de que, em 20 anos, o PSDB não resolveu o problema de transporte.
Nosso metrô é o mais lotado do mundo, 11 pessoas por metro quadrado. Para quem vai de helicóptero, como o governador, é difícil imaginar como a população lida com o sufoco, o aperto, o assédio às mulheres e as horas de vida desperdiçadas.
O argumento para não melhorar o serviço é a falta de recursos. Não é verdade. O orçamento estadual dobrou desde 2004, indo para R$ 149 bilhões em 2011. O metrô tem lucrado muito. Se seguisse a inflação, o bilhete custaria hoje R$ 1,84.
Há dois lados nessa história. De um lado, o governo e empresários.
De outro, os trabalhadores, tanto aqueles que estão conduzindo o trem como os que viajam nele, no aperto. A população entende que a nossa greve foi justa. Estamos juntos na luta por um metrô de qualidade, mais barato e que cresça no ritmo que São Paulo precisa.
Na quarta, o metrô parou. Mas, infelizmente, o sufoco de passageiros e funcionários continua todos os dias. É contra ele que lutamos.

ALTINO DE MELO PRAZERES JR., 45, é presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo

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