Reportagem exibida no Fantástico, no dia 27/11/2011.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Reportagem sobre as primeiras-damas da corrupção
Reportagem exibida no Fantástico, no dia 27/11/2011.
Cidades alagoanas tem "apagão" e moradores são impedidos de assistir às denúncias de corrupção
Cidades alagoanas alvo de matéria no Fantástico ficam sem energia na hora do programa
www.cadaminuto.com.br
Pelo menos duas cidades, Lagoa da Canoa e Limoeiro do Anadia, tiveram problemas no fornecimento de energia elétrica justamente quando era veiculada a matéria “As primeiras damas da corrupção” no programa Fantástico da Rede Globo. As duas cidades foram abordadas pela matéria.
Dois moradores de Limoeiro do Anadia e um de Belo Monte entraram em contato com o Cadaminuto no início da manhã de domingo para explicar que a energia elétrica estava intermitente e que boatos diziam que a energia ia ser cortada na hora da matéria.
Duas horas antes do início do Fantástico a notícia se confirmou em Limoeiro do Anadia e em parte de Lagoa da Canoa,o Cadaminuto entrou em contato com a Eletrobrás e eles informaram que ainda estavam investigando as causas da interrupção do fornecimento.
Nas redes sociais as notícias sobre a falta de energia nas cidades que eram alvos da matéria causou revolta nos internautas, o repórter Mauricio Ferraz, da Rede Globo, responsável pela matéria foi um dos que se manifestaram.
“Veja como é o Estado de Alagoas! Até a energia foi cortada por conta da reportagem!! Ditadura total” explicou o repórter em seu twitter.Vandalismo: municípios citados no Fantástico ficam sem energia durante exibição de programa
Corrupção: cidades mencionadas na reportagem ficaram às escuras
www.primeiraedicao.com.br
Coincidência ou não, durante o programa Fantástico, da Rede Globo, que exibiu a reportagem “As primeiras damas da corrupção”, com personagens do interior de Alagoas, houve “falta” de energia exatamente nos lugares citados: Limoeiro de Anadia, Belo Monte, Lagoa da Canoa e Traipu.
Na manhã desta segunda-feira (28), a Eletrobrás Alagoas emitiu uma nota informando que a interrupção de energia em Limoeiro de Anadia, neste domingo (27), foi provocada por um ato de vandalismo. A ocorrência foi registrada às 20h09, sendo religada às 22h54. De acordo com a nota, a empresa está tomando as providências junto à Polícia Civil para lavrar o Boletim de Ocorrência.
Já nas cidades de Belo Monte, Lagoa da Canoa e Traipu, também houve registro na suspensão de fornecimento, mas, foram casos isolados. Foram detectados problemas pontuais de cabo partido, chave-fusível, entre outros.
O advogado Adriano Argolo, um dos coordenadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) em Alagoas, lamentou o fato.
“Não temos provas, mas acredito que o que aconteceu só vem a envergonhar ainda mais o nome de Alagoas. Já não basta ter sido o foco principal da matéria“, disse ele acrescentando que o domingo foi de muita expectativa e de ligações. “Durante o dia, a expectativa foi muito grande. Mas não imaginávamos que ia acontecer isso”.quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Quem cala consente: Vera Paiva e a Comissão da Verdade
A professora da Universidade de São Paulo Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva (desaparecido durante a ditadura civil-militar, em 1971), foi impedida de discursar aos presentes. À ela foi dito que por conta de atrasos durante a cerimônia e da agenda de Dilma Rousseff, não havia mais tempo.
O colunista Hamilton Octavio de Souza, do jornal Brasil de Fato, escreveu hoje em sua coluna que, na verdade, Vera Paiva não pôde discursar "por pressão dos comandantes militares e por decisão da presidente Dilma Rousseff".
Para não calar, Vera distribuiu o discurso que seria lido pela internet e o Molotov publica abaixo.
O discurso que não foi lido
Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011, 11:00. Palácio do Planalto, Brasília.
Excelentíssima Sra. Presidenta Dilma, querida ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário. Demais ministros presentes. Senhores representantes do Congresso Nacional, das Forças Armadas. Caríssimos ex-presos políticos e familiares de desaparecidos aqui presentes, tanto tempo nessa luta.
Agradecemos a honra, meu filho João Paiva Avelino e eu, filha e neto de Rubens Paiva, de estarmos aqui presenciando esse momento histórico e, dentre as centenas de famílias de mortos e desaparecidos, de milhares de adolescentes, mulheres e homens presos e torturados durante o regime militar, o privilégio de poder falar.
Ao enfrentar a verdade sobre esse período, ao impedir que violações contra direitos humanos de qualquer espécie permaneçam sob sigilo, estamos mais perto de enfrentar a herança que ainda assombra a vida cotidiana dos brasileiros. Não falo apenas do cotidiano das famílias marcadas pelo período de exceção. Incontáveis famílias ainda hoje, em 2011, sofrem em todo o Brasil com prisões arbitrárias, seqüestros, humilhação e a tortura. Sem advogado de defesa, sem fiança. Não é isso que está em todos os jornais e na televisão quase todo dia, denunciando, por exemplo, como se deturpa a retomada da cidadania nos morros do Rio de Janeiro? Inúmeros dados indicam que especialmente brasileiros mais pobres e mais pretos, ou interpretados como homossexuais, ainda são cotidianamente agredidos sem defesa nas ruas, ou são presos arbitrariamente, sem direito ao respeito, sem garantia de seus direitos mais básicos à não discriminação e a integridade física e moral que a Declaração dos Direitos Humanos consagrou na ONU depois dos horrores do nazismo em 1948.
Isso tudo continua acontecendo, Excelentíssima Presidenta. Continua acontecendo pela ação de pessoas que desrespeitam sua obrigação constitucional e perpetuam ações herdeiras do estado de exceção que vivemos de modo acirrado de 1964 a 1988.
O respeito aos direitos humanos, o respeito democrático à diferença de opiniões assim como a construção da paz se constrói todo dia e a cada geração! Todos, civis e militares, devemos compromissos com sua sustentação.
Nossa história familiar é uma entre tantas registradas em livros e exposições. Aqui em Brasília a exposição sobre o calvário de Frei Tito pode ser mais uma lição sobre o período que se deve investigar.
Em Março desse ano, na inauguração da exposição sobre meu pai no Congresso Nacional, ressaltei que há exatos 40 anos o tínhamos visto pela última vez. Rubens Paiva que foi um combativo líder estudantil na luta “Pelo Petróleo é Nosso”, depois engenheiro construtor de Brasília, depois deputado eleito pelo povo, cassado e exilado em 1964. Em 1971 era um bem sucedido engenheiro, democrata preocupado com o seu país e pai de 5 filhos. Foi preso em casa quando voltava da praia, feliz por ter jogado vôlei e poder almoçar com sua família em um feriado. Intimado, foi dirigindo seu carro, cujo recibo de entrega dias depois é a única prova de que foi preso. Minha mãe, dedicada mãe de família, foi presa no dia seguinte, com minha irmã de 15 anos. Ficaram dias no DOI-CODI, um dos cenário de horror naqueles tempos. Revi minha irmã com a alma partida e minha mãe esquálida. De quartel em quartel, gabinete em gabinete passou anos a fio tentando encontrá-lo, ou pelo menos ter noticias. Nenhuma noticia.
Apenas na inauguração da exposição em São Paulo, 40 anos depois, fizemos pela primeira vez um Memorial onde juntamos família e amigos para honrar sua memória. Descobrimos que a data em que cada um de nós decidiu que Rubens Paiva tinha morrido variava muito, meses e anos diferentes...Aceitar que ele tinha sido assassinado, era matá-lo mais uma vez.
Essa cicatriz fica menos dolorida hoje, diante de mais um passo para que nada disso se repita, para que o Brasil consolide sua democracia e um caminho para a paz.
Excelentíssima Presidenta: temos muitas coisas em comum, além das marcas na alma do período de exceção e de sermos mulheres, mãe, funcionária pública. Compartilhamos os direitos humanos como referência ética e para as políticas públicas para o Brasil. Também com 19 anos me envolvi com movimentos de jovens que queriam mudar o pais. Enquanto esperava essa cerimônia começar, preparando o que ia falar, lembrava de como essa mobilização começou. Na diretoria do recém fundado DCE-Livre da USP, Alexandre Vanucci Leme, um dos jovens colegas da USP sacrificados pela ditadura, ajudei a organizar a 1a mobilização nas ruas desde o AI-5, contra prisões arbitrárias de colegas presos e pela anistia aos presos políticos. Era maio de 1977 e até sermos parados pelas bombas do Coronel Erasmo Dias, andávamos pacificamente pelas ruas do centro distribuindo uma carta aberta a população cuja palavra de ordem era
Hoje, consente quem cala.
Acho essa carta absolutamente adequada para expressar nosso desejo hoje, no ato que sanciona a Comissão da Verdade. Para esclarecer de fato o que aconteceu nos chamados anos de chumbo, quem calar consentirá, não é mesmo?
Se a Comissão da Verdade não tiver autonomia e soberania para investigar, e uma grande equipe que a auxilie em seu trabalho, estaremos consentindo. Consentindo, quero ressaltar, seremos cúmplices do sofrimento de milhares de famílias ainda afetadas por essa herança de horror que agora não está apoiada em leis de exceção, mas segue inquestionada nos fatos.
A nossa carta de 1977, publicada na primeira página do jornal o Estado de São Paulo no dia seguinte, expressava a indignação juvenil com a falta de democracia e justiça social, que seguem nos desafiando. O Brasil foi o último país a encerrar o período de escravidão, os recentes dados do IBGE confirmam que continuamos uma país rico, mas absurdamente desigual... Hoje somos o último país a, muito timidamente mas com esperança, começar a fazer o que outros países que viveram ditaduras no mesmo período fizeram. Somos cobrados pela ONU, pelos organismos internacionais e até pela Revista Economist, a avançar nesse processo. Todos concordam que re-estabelecer a verdade e preservar a memória não é revanchismo, que responsáveis pela barbárie sejam julgadas, com o direito a defesa que os presos políticos nunca tiveram, é fundamental para que os torturadores de hoje não se sintam impunes para impedir a paz e a justiça de todo dia. Chile e Argentina já o fizeram, a África do Sul deu um exemplo magnífico de como enfrentar a verdade e resgatar a memória. Para que anos de chumbo não se repitam, para que cada geração a valorize.
Termino insistindo que a DEMOCRACIA SE CONSTRÓI E RECONSTRÓI A CADA DIA. Deve ser valorizada e reconstruída a CADA GERAÇÃO.
E que hoje, quem cala, consente, mais uma vez.
Obrigada.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Egito: 50 mil na praça Tahir protestam contra SCAF
Passados oito meses da renúncia do ex-ditador Hosni Mubarak, o povo egípcio ainda amarga a continuidade do governo militar que se instaurou após 18 dias de protesto, prometendo uma transição rápida para um regime democrático. O Supreme Council of Armed Forces (SCAF - Conselho Supremo das Forças Armadas) governa o país desde então, ignorando a vontade popular e conduzindo o Egito de acordo com as ordens do imperialismo.
Hoje, 18, cerca de 50 mil pessoas voltaram à praça Tahir, símbolo da revolução de fevereiro, que marcou a queda de Mubarak. As reivindicações são pela transição imediata para um regime democrático, com eleições por voto direto, além de rejeitar a nova proposta de constituição, que amplia os poderes das forças armadas. Na prática, a legalização de uma nova ditadura militar. Força ao povo egípcio!
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A mídia, a política e a polícia
Folha manipula Datafolha
Por Mauro Malin
A imprensa como agente provocador
Por Raphael Tsavkko Garcia
Quando a mídia subverte a instância política
Por Júlio Arantes
E as milícias?
Por Mauro Malin
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Os EUA e a vontade do povo
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Relato sobre a reintegração de posse na USP
Desabafo de quem tava lá [Reintegração de Posse]
Cheguei na USP às 3h da manhã, com um amigo da sala. Ia começar o nosso 'plantão' do Jornal do Campus. Outros dois amigos já estavam lá. A ideia era passar a madrugada lá na reitoria, ou pelas redondezas. 1) para entender melhor a ocupação, conhecer e poder escrever melhor sobre isso tudo. 2) para estarmos lá caso a PM realmente aparecesse para dar um fim à ocupação.
Conversa vai, conversa vem. O tempo da madrugava passava enquanto ficávamos lá fora, na frente da reitoria, conversando com alunos da ocupação. Alguns com posicionamentos bem definidos (ou inflexíveis), outros duvidando até das próprias atitudes. A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)...e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pixações). A ocupação era organizada, eles estavam divididos em vários núcleos e tinham medidas pra preservar o ambiente. Aliás, nada de Molotov.
Mais conversa foi jogada fora, a fogueira que aquecia se apagou várias vezes e eu levantei a pergunta pra alguns deles: e se a PM realmente aparecesse lá logo mais? Seria um tiro no pé dela? Ela sairia como herói? Os poucos que conversavam comigo (eram uns 4, além dos amigos da minha sala) ficaram divididos. "Do jeito que a mídia está passando as coisas, eles vão sair como heróis de novo", disse um. "Se ele vierem vai ter confronto e isso já vai ser um tiro no pé deles", disse outra. Mas, numa coisa eles concordavam: poucos acreditavam que a PM realmente ia aparecer.
Eu achava que a PM ia aparecer e muito provavelmente isso que me fez ficar acordada lá. Não demorou muito e, pronto, muita coisa apareceu. A partir daí, meu relato pode ficar confuso, acho que ainda não vou conseguir organizar tudo que eu vi hoje, 08 de novembro.
Muitos PMs chegaram, saindo de carros, motos, ônibus, caminhões. Apareceram helicópteros e cavalaria. Nem eu e, acredito, nem a maior parte dos presentes já tinham visto tanto policial em ação. Estávamos em 5 pessoas na frente da reitoria. Dois estudantes que faziam parte da ocupação, eu e mais 2 amigos da minha sala, que também estavam lá por causa do JC. Assim que a PM chegou, tudo foi muito rápido:
os alunos da ocupação que estavam com a gente sugeriram: "Corram!", enquanto voltavam para dentro da reitoria. Os dois amigos que estavam comigo correram para longe da Reitoria, onde a imprensa ainda estava se posicionando para o show. Eu, sabe-se lá por qual motivo, joguei a minha bolsa para um dos meninos da minha sala e voltei correndo para frente da reitoria, no meio dos policiais que avançavam para o Portão principal [e único] da ocupação.
Tentei tirar fotos e gravar vídeos de uma PM que estava sendo violenta com o nada, para nada. Os policiais quebravam as cadeiras no carrinho, faziam questão do barulho, da demonstração da força. Os crafts com avisos dos estudantes, frases e poemas eram rasgados, uma éspecie de símbolo. Enquanto tudo isso acontecia, parte da PM impedia a imprensa de chegar perto da área, impedindo que os repórteres vissem tudo isso. Voltando para confusão onde eu tinha me enfiado: os PMs arrombaram a porta principal, entraram (um grupo de mais ou menos 30, eu acho) e, logo em seguida, fecharam o portão. Trancaram-se dentro da reitoria com os alunos. Coisa boa não era.
Depois disso, o outro grupo de PMs,que impedia a mídia de se aproximar dessas cenas que eu contei , foi abrindo espaço. Quer dizer, não só abrindo espaço, mas também começando (ou fortalecendo) uma boa camaradagem para os repórteres que lá estavam atrás de cenas fortes e certezas.
"Me sigam para cá que vai acontecer um negócio bom pra filmar ali agora", disse um dos militares para a enxurrada de "jornalistas".
A cena era um terceiro grupo de PMs, arrombando um segunda porta da reitoria, sob a desculpa de que queria entrar. O repórter da Globo me perguntou (fui pra perto deles depois da confusão em que me meti com os policiais no início): "os PMs já entraram, não? Por que eles tão tentando por aqui também?". Respondi: "sim, já entraram. E provavelmente estão fazendo essa cena pra vocês terem algum espetáculo pra filmar"
A palhaçada organizada pelos policiais e alimentada pelos repórteres que lá estavam continuou por algumas horas. A imprensa ia contornando a reitoria, na esperança de alguma cena forte. Enquanto isso, PM e alunos estavam juntos, dentro da Reitoria, sem ninguém de fora poder ver ou ouvir o que se passava por lá. Quem tentasse entrar ou enxergar algo que se passava lá na Reitoria, dava de cara com os escudos da tropa de choque, até o fim.
Enquanto amanhecia, universitários a favor da ocupação, ou contra a PM ou simplesmente contra toda a violência que estava escancarada iam chegando. Os alunos pediam para entrar na reitoria. Eu pedia para entrar na reitoria. Tudo que todo mundo queria era saber o que realmente estava acontecendo lá dentro. A PM não levava os estudantes da ocupação para fora e o pedido de todo mundo era "queremos algo às claras". Por que ninguém pode entrar? Por que ninguém pode sair?
Enquanto os alunos que estavam do lado de fora clamavam para entrar, ouvi de um grupo de repórteres (entre eles, SBT): "Não vamos filmar essas baboseiras dos maconheiros não! O que eles pedem não merece aparecer". Entre risadas, pra não perder o bom humor. Além dos repórteres que já haviam decidido o que era verdade ou não, noticiável ou não, tinham pessoas misturadas a eles, gritando contra os estudantes, xingando. Eu mesma ouvi muitas e boas como "maconheirazinha", "raça de merda" e "marginal" .
Os estudantes que enfrentavam de verdade os policiais que faziam a 'corrente' em torno da Reitoria eram levados para dentro. Em questões de segundos, um estudante sumia da minha frente e era levado pra dentro do cerco. Para sabe-se lá o que.
Lá pras 7h30, depois de muito choro, puxões e algumas escudadas na cara, comecei a ver que os PMs estavam levando os estudantes da ocupação para dentro dos ônibus. Uma menina foi levada de maneira truculenta, essa foi a única coisa que meu 1,60m de altura conseguiu ver por trás de uma corrente da tropa de choque. Enquanto eu tentava entrar no cerco, para entender a história, a grande mídia já estava lá dentro. Fui conversar com um militar, explicar da JC. Ouvi em troca "ai, é um jornal da usp. De estudantes, não pode. Complica".
Os ônibus com os alunos presos saíram da USP. Uma quantidade imensa de outros alunos gritavam com a PM. Eu e os dois amigos da minha sala (aqueles da madrugada) pegamos o carro e fomos para a DP.
Na DP, o sistema era o mesmo e meu cansaço e raiva só estavam maiores. Enjoo e dor de cabeça, era o meu corpo reagindo a tudo que eu vi pela manhã. Alunos saiam de 5 em 5 do ônibus para dentro da DP. Jornalistas amontoados. Familiares chegando. Alunos presos no ônibus, sem água, sem banheiro, sem comida, mas com calor. Pelo menos por umas 3h foi assim.
Enquanto a ficha caia e eu revisualizava todo o horror da reintegração de posse, outras pessoas da minha sala mandavam mensagens para gente, de como a grande imprensa estava cobrindo o caso. Um ato pacífico, né Globo? Não foi bem isso o que eu vi, nem o que o JC viu, nem o que centenas de estudantes presenciaram.
Enfim, sou contra a ocupação. Sempre tive várias críticas ao Movimento Estudantil desde que entrei na USP. Nunca aceitei a partidarização do ME. Me decepciono com a falta de propostas efetivas e com as discussões ultrapassadas da maioria das assembléias. Mas, nada, nada mesmo, justifica o que ocorreu hoje. Nada pode ser explicação pra violência gratuita, pro abuso do poder e, principalmente, pela desumanização da PM.
Não costumo me envolver com discussões do ME, divulgar textos ou participar ativamente de algo político do meio universitário. Mas, como poucos realmente sabem o que aconteceu hoje (e eu acredito que muita coisa vai ser distorcida a partir de agora, por todos os lados), achei que valeria a pena escrever esse texto. Taí o que eu vi.segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Movimento sem-teto de volta à cena
O movimento pede que 5 mil imóveis sejam disponibilizados na região central da cidade. Verdade seja dita, a reivindicação do movimento não chega nem perto dos 100 mil imóveis desocupados só no centro de São Paulo.
Esse é, sem dúvida o dado mais assustador. E mais revelador. Não custa insistir que a lógica do capital prevalece sobre as necessidades mais básicas da população. A equação é simples: existem milhares de imóveis desocupados que não podem ser utilizados para suprir o déficit habitacional, porque é assim que eles mantém o preço dos imóveis altos.
É a chamada especulação imobiliária. Eu tenho 10 apartamentos que custam 200 mil cada um. Muitas outras pessoas também têm outros tantos apartamentos. Se todo mundo resolver vender, o preço tende a cair e arrastar o lucro lá para baixo. Por outro lado, para não "congelar" as vendas, as imobiliárias lançam mão de outro recurso. Uma compra o imóvel da outra a preços altos, mantendo o mercado "aquecido" e a lucratividade em alta.
Quanto ao poder público, bem... ele está aí para administrar as agruras do capitalismo financeiro. É justo reivindicar a função social da propriedade. Mas resolver a questão mesmo, só mudando radicalmente a lógica da sociedade, deixando de trabalhar para garantir o lucro dos patrões. Em suma, com derrubada do capitalismo.
domingo, 6 de novembro de 2011
Visibilidade e invisibilidade na luta pela educação
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Fortalecer a luta contra a Polícia Militar no campus da USP
Após o trágico incidente do assassinato de um estudante dentro do campus Butantã da Universidade de São Paulo, o reitor João Grandino Rodas firmou um convênio com a Polícia Militar, permitindo sua entrada na Universidade por mais cinco anos, sob o argumento de um suposto combate à violência no campus. Alguns meses depois, é possível afirmar que o problema de segurança está longe de ser solucionado. A PM não resolveu nosso problema; pelo contrário, iniciou um processo de perseguição e controle dentro da Universidade.
Todos os dias estudantes e funcionários são abordados e revistados, mesmo nas portas dos prédios e bibliotecas. A Polícia já entrou em Centros Acadêmicos e prédios de aula, interferindo diretamente nos espaços que deveriam permitir um debate livre e democrático de ideias. E a violência segue. Assaltos e estupros continuam ocorrendo e o clima de medo permanece na Universidade.
No último dia 27, policiais militares abordaram três estudantes na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), porque eles portavam maconha. Centenas de estudantes se reuniram para repudiar a ação da polícia no campus. Um grande ato foi realizado. A Polícia Militar teve que se retirar, mas não sem demonstrar a que veio: mais uma vez utilizou dentro do campus de instrumentos de repressão aos estudantes, com bombas e balas de borracha.
Reunidos em assembleia logo após este trágico acontecimento, os estudantes decidiram ocupar o prédio da Administração da FFLCH. Nós, da Juventude do PSTU, fomos contra a ocupação naquela assembleia. Avaliamos que a luta contra a PM no campus é fundamental, uma pauta crucial de ser levada à frente por toda a esquerda dentro da Universidade. Mas não concordamos que essa luta deva se dar de maneira isolada. Devemos buscar o apoio de mais estudantes em toda a USP, construir uma grande mobilização e usar dos métodos mais radicais do movimento, como as ocupações, a partir do momento em que eles aproximem mais pessoas e disputem a opinião pública para as nossas posições. Ocupar naquele momento significava isolar a vanguarda do movimento, e essa não é a melhor forma de construir uma mobilização vitoriosa. Contudo, a opinião favorável à ocupação foi majoritária e nós, respeitando às deliberações de um fórum legítimo do movimento estudantil, construímos essa ocupação.
Estivemos nas comissões, construímos o ato contra a PM no campus no dia 31, e passamos todos os dias seguintes dentro da Administração da FFLCH. No dia 01 de novembro, fizemos uma grande assembleia que, após horas de debate político, votou por desocupar a Administração da FFLCH. A avaliação feita pela maioria dos estudantes naquele momento foi a de que era necessário ampliar o alcance da mobilização contra a Polícia no campus, e que a ocupação não era o instrumento apropriado para isso neste momento. Havia a proposta da construção de um calendário de lutas, que inclui um ato em frente ao Conselho Universitário no dia 08 de novembro.
A assembleia terminou um pouco após essa votação. Passado das 23h, estudantes se levantaram pedindo o fim da reunião para que pudessem voltar para suas casas, e a assembleia foi oficialmente encerrada aproximadamente às 23h30. Contudo, alguns membros de correntes políticas como a LER-QI, o PCO e o MNN se autodenominaram a continuidade da assembleia e votaram a ocupação imediata da Reitoria da Universidade.
Democracia se faz com respeito à opinião da maioria dos estudantes
O PSTU reivindica a democracia operária em todos os movimentos dos quais faz parte. Para nós, as decisões do movimento devem ser tomadas em reuniões abertas à participação de toda a base, onde as opiniões da maioria definem legitimamente os rumos do movimento.
É por este motivo que, mesmo discordando, ocupamos a administração da FFLCH. E é por esse motivo que hoje não apoiamos como método legítimo da luta atual dos estudantes da USP a ocupação da Reitoria.
Somos contra a construção do movimento isolada dos estudantes. Para nós, é tarefa dos lutadores ganhar cada dia mais estudantes para as nossas opiniões e atividades. E parte disso é respeitar a opinião da maioria mesmo quando somos contrários a ela.
A assembleia do último dia primeiro deliberou pela desocupação da Administração da FFLCH. O recado dos estudantes foi claro: continuar a luta contra a PM no campus, mas não manter o método da ocupação. Quem decidiu ocupar o fez à revelia da opinião da maioria, e este é um erro grave.
O método da calúnia e das mentiras não faz parte do movimento democrático
A acusação de que a Juventude do PSTU fez acordo com a Reitoria da USP para terminar a ocupação da Administração da FFLCH é absolutamente falsa. E mentiras como essa não fazem parte da concepção de movimento historicamente defendida pela esquerda.
Estamos ao lado dos estudantes e do movimento estudantil combativo contra a Polícia no campus e contra a Reitoria. Nossa corrente se constrói há anos nas lutas. Estivemos em todas as greves e ocupações da USP. Somos parte da disputa por outro projeto de educação e universidade. Acusar-nos do contrário não passa de uma grande mentira.
Defendemos a desocupação abertamente e apresentamos os argumentos para tal. Não acreditamos ser essa a melhor tática para o movimento agora. Mas não negociamos com a Reitoria por fora do movimento, e não o faremos em nenhum momento. Não é este o nosso papel nem nossa concepção. Nos submetemos às decisões do movimento e não faremos nenhuma ação desse tipo por fora.
Por outro lado, não aceitamos esse tipo de calúnia. Isso tudo faz parte de um método que não ajuda o movimento, mas o divide. E a responsabilidade é dos mesmos grupos que ocuparam a reitoria sem legitimidade nos fóruns do movimento. Ou seja, de grupos que, sob a falsa pretensão de serem os mais radicais e combativos, são burocráticos e não respeitam os métodos, o programa ou a moral do movimento, seguindo apenas e tão somente sua própria opinião e seus interesses.
Em defesa dos lutadores! Contra a repressão!
Apesar de discordarmos da ocupação e da metodologia com que foi feita, não aceitamos nenhuma repressão aos estudantes que ocuparam. Queremos deixar claro que repudiamos qualquer tipo de atitude violenta por parte da reitoria para reprimir o movimento e somos contrários a qualquer processo contra estudantes e trabalhadores. Exigimos também a revogação completa dos processos criminais e administrativos que existem contra companheiros da Universidade.
Um chamado à unidade na luta contra a Polícia no campus
Continuaremos nesta luta. Não podemos aceitar a Polícia Militar na Universidade, sob qualquer desculpa. Queremos uma universidade segura, mas para isso defendemos outras alternativas: mais iluminação e alternativas de transporte no campus, ocupação de seus espaços pela população, contratação e treinamento de uma guarda universitária concursada, que seja composta por funcionários treinados para a identificação e prevenção dos problemas de segurança, em especial com um corpo feminino que responda aos casos de violência contra as mulheres. Somos contra a PM no campus porque sabemos que seu papel é outro – abordar estudantes e trabalhadores, observar e reprimir o movimento organizado, impedir o clima de livre difusão de ideias, tão importante à autonomia universitária.
Convidamos a todo o movimento estudantil e aos movimentos sociais a participarem da luta, com o calendário que o movimento estudantil, a partir de suas entidades e fóruns, defende para os próximos dias:
Ato em frente ao Conselho Universitário no dia 08/11/2011 a partir das 10h
Aula pública na FFLCH no dia 08/11/2011 a partir das 18h
Defendemos a realização de uma nova assembleia geral dos estudantes para continuar a discussão e organizar nossos próximos passos.
Pela revogação imediata do Convênio entre a PM e a USP!
Fora PM do campus!quinta-feira, 3 de novembro de 2011
"Ou eles, ou nós!"
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Itaú lucra, trabalhadores não
Um outro aspecto desse recorde é que os bancos Santander e HSBC, junto com o Itaú, retiveram, somente este ano, cerca de R$ 600 milhões em tarifas cobradas indevidamente dos clientes. O vídeo abaixo é uma sátira bem-humorada desse aspecto.