O companheiro Rafael Rossi, de Niterói (RJ), escreveu uma poesia sobre o Haiti e o capitalismo hoje.
“Esse texto não fala exclusivamente do Haiti, mas do mundo de hoje, da nova etapa do imperialismo, das democracias coloniais e da percepção diretamente individual, até mesmo do ponto de vista pessoal desses fenômenos, do reflexo disso nos indivíduos”, diz Rafael.
Abaixo, publicamos Haiti Livre, de Rafael Rossi.
Haiti livre
Sou imigrante, retirante nesse mundo
E o mundo todo hoje é um Haiti
E não há lugar pra mim
E não há lugar pra mim
Sonhos e vidas despedaçados
Capitães-do-mato a caça dos escravos
Tropa de choque contra a multidão
De Toussaint a Zumbi e a João Cândido
É a revolução negra contra a exploração
Minustah no Alemão, BOPE no Haiti
É navalha na carne, a marca da chibata
As mãos calejadas, as costas marcadas
E um rio de gente sai em marcha
Brasileiro da Bolívia, venezuelano da Argentina
Cidadão da América Latina
Mas atirem álcool no meu corpo
Joguem seu petróleo na Baía
O Iraque é aqui
O Haiti é aqui
Quero uma dose de heroína na veia
Quero deitar na cadeira do analista
Que é pra ver se esqueço da vida
No verde da cana me perco em pensamento
No calor da fábrica, perco o pensamento
Vou entrar no jogo pra ver se não fico tão sozinho
Vou virar a mesa e abandonar a partida
Mas não jogo a toalha até que a batalha esteja vencida
Ocupar, resistir, produzir
Haiti livre, Brasil livre
Aqui é o Haiti
Aqui é o Haiti
Aqui é o Haiti
São várias vozes numa só
Pelos cantos desse canto e eu canto
Um deserto de sal ali, logo em frente
Um vermelho-sangue que cobre o céu ao poente
Favela, gueto, prisão, senzala
Sangue índio, suor negro pela estrada
Quero toda a liberdade que esse mundo não pode me dar
Quero lutar, subir pra respirar
Haiti livre, mundo livre
Porque hoje o mundo inteiro é um Haiti
Porque hoje o mundo inteiro é o Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti é aqui.
Um comentário:
O site do PSTU anda tão fraquinho ultimamente...
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