É ponto comum que a revista VEJA é um dos instrumentos mais reacionários da mídia burguesa brasileira. Mas de tempos em tempos ela consegue se superar. A edição 2074 de 20 de agosto (capa no detalhe da arte ao lado) foi dedicada a tratar da questão da educação, e como não poderia deixar de ser, vendeu a idéia da educação nos moldes que defende a burguesia brasileira. Não satisfeita com sua oferenda ideológica ao seu deus mercado, VEJA entoou seu desrespeito a todos os educadores brasileiros que buscam construir uma visão crítica de mundo e em especial a Paulo Freire, que segundo o folhetim não passa de "um arcano sem contribuição efetiva à civilização ocidental", "autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização". Como resposta, Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo Freire, escreveu uma carta de repúdio que, mesmo não concordando em especial com sua leitura sobre o atual governo federal, a publicamos aqui também expressando "nossa mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo de VEJA". Segue:
"Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE - e um dos maiores de toda a história da humanidade -, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país.
Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico.
Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar.
Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.
A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.
Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do "filósofo" e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.
Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela.
Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.
Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu "Norte" e "Bíblia", esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil.
Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.
Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, validando e praticando.
Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!
São Paulo, 11 de setembro de 2008
Ana Maria Araújo Freire.
5 comentários:
Tem rasâo dona Ana Maria Araújo Freire, tô no 3 ano na facurdade de letra e acho a iducaçao uma belesa. A sinhora tem rasao.
Veja é a legitima representante da imprensa marrom no país, um deserviço a civilização do trabalho que pretende representar... Basta ver sua campanha continua contra a educação pública e gratuita brasileira que tanto ataca afim de criar meios para satisfazer sua ansia de negócios... Essa revista reacionária e direitista precisa ser banida das bancas... Paremos de ler e comprar Veja... Estou em campanha... Professor Cadu Interior de SP
UÊ ??? Falar a verdade é ser reacionário ?
Quando estavamos no regime militar a Veja era considerada uma revista com independência e corajosa. Agora que essa corja de ladrãoes chegou ao poder utilizaqndo-se da imagem desse pseudo ditador criado pela USP com o aval do General Golbery está no poder nada pode ser dito ??
Dom Mulla I (o cappo conivente) está trazendo um dano tão grande ao Brasil ( minando o serviço publico com o lixo de seus partidarios) que acho que não haverá recuperação. Quando a máquina de propaganda do PT deixar de funcionar é que a real situação do país será mostrada.
O Brasil vive hoje os seus piores dias, com os maiores índices de estupidez, desmando, desleixo com a coisa públilca e numa verdadeira idade das trevas no que diz respeito à verdade dos fatos.
Que a veja sobreviva a mais essa corja.
Marco Túlio
O lixo direitista-entreguista não se emendam nunca. Privatizadores de merda!
O Chile, de país atrasado e com alto índice de analfabetismo na época (1964), passou a ser o único país a erradicar o analfabetismo na américa, graças ao grande educador Paulo Freire que colocou em prática seu sistema de educação naquele país. Paulo Freire é respeitado nacionalmente e internacionalmente como um dos maiores educadores de todos os tempos. Não nos preocupemos com aqueles que o atacam, pois são menores intelectualmente e não conseguem entender a dimensão de homens como Freire.
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