terça-feira, 30 de junho de 2009

Peregrinação operária em Compostela

As peregrinações até a cidade de Santiago de Compostela, por razões religiosas, feitas a pé por fiéis do mundo inteiro, são muito conhecidas.

Porém, no dia de hoje, Compostela (que é a capital administrativa da Galiza, região autonômica da Espanha) recebeu uma peregrinação diferente, que não tinha motivos religiosos.

Os operários metalúrgicos de Vigo e Pontevedra (no sul da Galiza), que estão há mais de um mês em uma heróica greve, enfrentando a intransigência da patronal e a repressão policial nas ruas, realizaram uma marcha a pé, saindo da cidade de Pontevedra ontem a tarde, pernoitando no meio do caminho, e continuando na manhã de hoje, chegando a Santiago de Compostela no começo da tarde desta terça-feira .

A "peregrinação" a pé teve por objetivo pressionar a Junta da Galiza (governo regional, cuja sede é em Compostela) a tomar uma posição na mediação do conflito, em favor dos trabalhadores.

O vídeo abaixo mostra a chegada dos milhares de operários em Santiago de Compostela:



Abaixo um pequeno mapa do caminho percorrido pelos operários:



Mais informações sobre a marcha aqui.

Enfrentamentos em Honduras

Os golpistas hondurenhos estão tendo que enfrentar a resistência do povo, que não está passivo diante do golpe. Os professores entraram em greve geral, e as escolas não estão funcionando. Os confrontos se multiplicam por todo o país, enfrentando uma dura repressão, como mostrado nos vídeos abaixo:



segunda-feira, 29 de junho de 2009

Últimas informações de Honduras

As mais recentes informações de Honduras dão conta de que a repressão aos manifestantes que protestavam contra o golpe militar se tornou extremamente violenta. Foram feitos disparos contra os manifestantes que protestavam em frente à Casa Presidencial. Já há um morto e muitos feridos.

A repressão aos setores da imprensa que não apoiam o golpe é feroz. A rádio comercial "Globo", de Tegucigalpa, que se negou a apoiar o golpe, foi invadida por militares, e um dos seus jornalistas teve que pular da janela do terceiro andar para fugir da ordem de prisão que lhe deram. A equipe de enviados especiais da rede de televisão venezuelana TeleSUR foi detida por militares golpistas.

Mais informações em Kaos en la Red e LaClase.info.

Honduras: o povo encara os tanques

O povo de Honduras está nas ruas resistindo como pode ao golpe militar iniciado neste domingo.

Os dois vídeos abaixo no YouTube mostram o povo nas ruas resistindo ao avanço dos tanques militares, obrigando-os a recuar e a desviar sua rota:



domingo, 28 de junho de 2009

Golpe militar e sequestro do presidente em Honduras


Informações de última hora dão conta de que o presidente de Honduras, Manuel Zelaya, foi sequestrado por militares no começo da manhã de domingo, em um golpe de Estado orquestrado por setores de direita, e levado a força para a Costa Rica.

Setores da direita hondurenha apelaram para o golpe de Estado por não aceitarem a convocação de um plebiscito por parte do presidente, que seria realizado hoje, com o objetivo de permitir que a população decidisse se deveriam ou não ser convocadas eleições para uma Assembléia Constituinte no país, para elaborar uma nova Constituição.

Segundo o portal venezuelano LaClase.info, milhares de manifestantes tomaram as ruas da capital do país, Tegucigalpa, protestando contra o golpe, e estão sendo reprimidos.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Gazeta do Sul também repercute visita da delegação haitiana

gazeta-do-sul-haiti O jornal Gazeta do Sul divulgou artigo sobre a passagem da representante da delegação haitiana em Santa Cruz do Sul.

Leia aqui.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Diário de Pernambuco repercute a visita da delegação do Haiti

Frantz Dupuche da delegação haitiana visitou ontem a redação do Diário de Pernambuco que repercutiu em matéria a passagem da delegação e gravou um pequeno video com o depoimento de Franck Seguy, jornalista que acompanha a delegação. O video foi disponibilizado no portal do jornal e que estamos publicando aqui.

* Atualizado no dia 24/06/2009 às 09:21h.

domingo, 21 de junho de 2009

Lula tem razão, Sarney não é uma pessoa comum

Diante de tantos “atos secretos” envolvendo o presidente do senado, José Sarney, nós só podemos é concordar com Lula, o do bigodo não é uma pessoa comum. Afinal uma pessoa comum, não tem uma folha corrida tão extensa quanto Sarney. Não se pode ignorar tantos anos dedicados aos poderosos de plantão, o igualando a qualquer um de nós, pessoas comuns. De jeito algum. Sarney é o cara dos caras.

A declaração do Lula porém me fez lembrar de três videos muito interessantes que estão no YouTube. O primeiro conta um pouco a história de Sarney. Ei-lo:

O segundo é um trecho de um comício aonde Lula faz campanha contra os Sarney no Maranhão.

O terceiro é de 1989. Em um dos debates dos candidatos a presidente, Lula deixa clara a relação entre ele e Sarney.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

"A história está a ser escrita nas ruas de Vigo"



Ontem foi apresentado na cidade de Vigo (província de Pontevedra, Galiza, "Espanha") um manifesto assinado por numerosas personalidades do mundo da cultura, das artes, do ensino, profissionais, etc, junto a representantes de movimentos sociais e políticos da Galiza e internacionais, em apoio à luta operária que está a ser dada nas ruas de Vigo pelo proletariado metalúrgico galego como símbolo da luta de todo um povo e uma classe pela plena emancipação.

Eis o documento na sua versão integral, seguido de um resumo dos apoios recebidos pelo mesmo (em galego):

" A historia está a ser escrita nas ruas de Vigo

As e os abaixo assinados consideramos um imperativo ético e social dar todo o apoio solidário à luita dos metalúrgicos de Ponte Vedra que, junto aos trabalhadores e trabalhadoras doutras empresas radicadas em distintas zonas da Galiza, hoje simbolizam no nosso país a mobilizaçom social e obreira contra umha resoluçom da crise capitalista favorável em exclusiva aos mesmos que a provocárom. A gente do Metal, polos seus métodos democráticos, assembleares e combativos, sem se dobrarem diante de um patronato que nos derradeiros anos aproveitou a bonança económica num contexto de contínua reduçom da capacidade aquisitiva e restriçom dos direitos sociolaborais do pessoal assalariado, vem sendo um exemplo para o conjunto da classe trabalhadora galega, em paralelo às mobilizaçons que estám a acontecer na Grécia, Portugal ou França.

Aqui, nom som eles os únicos que enfrentam as consequências de umha crise gerada pola destruidora capacidade do sistema para acumular riqueza nas maos de uns poucos: as trabalhadoras do têxtil, com Caramelo à frente, os das empresas do leite como Pascual, o pessoal das fábricas como Bunge, Galfrío ou Vidreira del Atlântico, todos eles estám a demostrar que só com o confronto de classes e a defesa das liberdades públicas, pode impedir-se a degradaçom das condiçons de vida e de trabalho do conjunto da populaçom, frente ao egoísmo patronal e a dureza dos governos que a sustentam.

Há anos tentárom fazer invisível a classe obreira, como se abaixo do “capitalismo popular” dos Reagan e as Thatcher, quer dizer, a sua faciana neoliberal, todo o mundo pudesse viver sem o salário, das rendas e dos investimentos financeiros. Agora que a gente de trabalho, fonte de toda a riqueza, está maciçamente na rua para defender os direitos da humanidade despossuída, a maioria dos meios de comunicaçom manipulam a realidade apresentando as manifestaçons obreiras como actos criminais, salvando a cara do patronato e das autoridades que decote exercem umha surda violência contra as condiçons laborais e sociais do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, sejam assalariados ou autónomos.

Na realidade, o convénio do Metal de Ponte-Vedra passou a ser a fronteira que a Patronal espanhola fixou para a totalidade dos sectores da produçom: congelaçom salarial, jornada laboral delongada, nom pagamento de horas extras, liberdade de contrataçom de imigrantes para os explorar sem medida, precarizaçom do emprego, submissom e isolamento dos sindicatos, ameaças de deslocalizaçom ou de clausura… E, para os seus colegas do Governo, passou a ser questom de Estado, penalizando os protestos e a rebeldia, conculcando se for preciso a liberdade de reuniom e manifestaçom, acarom do direito á informaçom veraz e objectiva. Em consequência, na luita do Metal jogamos muito mais do que umha singela subida de jornais para um segmento da populaçom empregada; está em jogo, além do futuro do resto dos convénios e da qualidade do emprego, o direito a rejeitar o papel subsidiário que outros tenhem decidido para as nossas vidas.

A crise do capital colocou cada qual no seu lugar e os que pensavam que chegara “o fim da historia”, nom tenhem outra que aprender a cantiga que di: “detrás dos tempos venhem tempos, e outros tempos ham de vir”. Assim pois, hoje, a historia está a ser escrita nas ruas de Vigo.

A sua vitória é a vitoria de todos e de todas, e a unidade entre as forças obreiras e sociais abre as portas a umha resposta contundente do conjunto da sociedade ao que é o fundo: a crise é do capital, dos capitalistas, e portanto som eles os que tenhem que a pagar, ao tempo que os direitos e liberdades civis devem ser garantidos. "

Resumo de adesons

Personalidades internacionais: Adolfo Pérez Esquivel (argentino–galego) Premio Novel da Paz; Nora Cortiñas, Maes de Praça de Maio, Victor Mendivil, Dirección Nacional de la Central de los Trabajadores Argentinos, Antonio Arruti, Coordenador Nacional do Movimento de Libertação Sem Terra ( Brasil).

Académicos/as RAG: Francisco Fernández Rei, Margarita Ledo, Xosé Neira Vilas e Xosé Luis Méndez Ferrín.

Escritores/as: Suso de Toro, Anxo Angueira, Xurxo Borrazás, Séchu Sende, Manuel Forcadela, María Lado, Miguel Anxo Fernán Vello, Chus Pato, Patricia Janeiro.

Cineastas: Antón Dobao, Alberte Pagán.

Historiadores: Carlos Velasco (Universidade da Corunha), Francisco Espinosa (da Univ. de Sevilla), José Luis Gutiérrez Molina (da Univ. de Cádiz), Dionísio Pereira, Eliseo Fernández, Xoán Carlos Garrido, Uxío Breogán Diéguez, Xurxo Martínez Crespo, Gonzalo Amoedo.

Políticos: Xosé Manuel Beiras (BNG), Camilo Nogueira (BNG), Carlos Morais (Primeira Linha), Maruchi Álvarez (ACE), Carlos Dafonte (ex. secretario PCG), Lois Pérez Leira (Nova Esquerda Socialista), Maurício Castro (Nós-UP), Mariano Abalo (FPG), Xosé Collazo (PCPG), Roberto López Laxe (Corrente Vermella), Xosé Mª Pazos (ACE), Miguel Anxo Abraira Movemento pola BASE.

Catedráticos e professores: Fermín Bouza, Carlos Taibo, Xoán Doldán, Francisco Sampedro, Celso Álvarez Cáccamo, Pablo González Mariñas.

Jornalistas: Gustavo Luca de Tena, Lara Rozados, Comba Campoy, José Manuel Martín Medem (Madrid), Oscar Castelnovo (Arxentina), Manuel Vidal Villaverde.

Advogados: Xosé Luis Franco Grande, Carlos Slepoy, Gustavo García.

Editores: Victor Freixanes, Manuel Bragado, Francisco Pillado Mayor, Paco Macías, Antón Mascato García.

Músicos/as: Xosé Bocixa, Leo e “Arremecaghona”, Marina Quintillán.

Organizaçons internacionais:

Jaime Pastor (de Izquierda Alternativa, Madrid), Nines Maestro Corriente Roja, Solidaridad Obrera (Madrid), CTA (Arxentina), Asociación ex detenidos y desaparecidos Arxentina, Luis Fernández Ageitos Asociación Taxista de Bos Aires, Mario Alderete (Arxentina), Rogelio de Leonardi (Arxentina), José Urreli (Arxentina).

Ata o domingo, podedes enviar o voso apoio ao correo solidariedademetal@gmail.com


A notícia está em Kaos en la Red.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O empréstimo

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Cartão vermelho para a homofobia no futebol turco

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A federação turca de futebol protagonizou recentemente mais um revoltante episódio de homofobia diante da revelação da homossexualidade do árbtiro Halil Ibrahim Dinçdag, de 33 anos.

A federação decidiu que Halil simplestemente não poderia mais apitar pois tal como declarou um dos representantes da dita federação, Halil não teria competência para apitar já que com certeza “favorecia os jogaodores fortes e musculosos”.

Leia aqui.

Segue a luta operária em Vigo

A greve dos trabalhadores metalúrgicos da cidade de Vigo, na Galiza (Estado espanhol), continua enfrentando a intransigência patronal e a repressão policial.

Após inúmeras jornadas de paralisação e lutas neste mês de junho, a patronal continua intransigente em relação à reivindicação de aumento salarial, e a polícia tem atacado com violência as mobilizações que ocupam as ruas da cidade (ao que os operários tem respondido à altura).

Abaixo seguem quatro vídeos no YouTube que mostram algumas imagens da luta operária em Vigo neste mês de junho de 2009:









Obs.: A palavra "Folga" significa "Greve" em galego (que é a língua mais próxima ao português entre todas as línguas latinas). "Folga" é a forma galeguizada do catelhano "Huelga".

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A conversation about race

No final dos anos 40, Kenneth e Mamie Clark, um casal de psicólogos afro americanos conduziram importantes pesquisas com crianças utilizando bonecas para registrar a atitude acerca da raça. O video abaixo feito recentemente reproduz os experimentos do casal. Assistam:

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cenas da ditadura voltam à USP

No dia de hoje, 09 de junho de 2009, a Universidade de São Paulo (USP) relembrou os piores dias da ditadura militar.

A Polícia Militar do governador José Serra, que já havia invadido a Universidade desde a semana passada para tentar impôr um clima de terror sobre os funcionários em greve, na tarde desta terça-feira partiu para cima de estudantes e trabalhadores da USP com cacetetes e bombas de gás, dentro do campus! Os primeiros vídeos da agressão já estão no YouTube:



domingo, 7 de junho de 2009

Amazônia na visão dos ruralistas

Muito boa a charge do Samuca.

amazonia_samuca Ô Cândido, essa merecia ir pro Lingua Ferina. ;)

sábado, 6 de junho de 2009

Robert Fisk e o discurso de Obama no Cairo

Robert Fisk, correspondente no Oriente Médio do The Independent, não deixou passar em brancas nuvens o discurso de Obama no Egito. Logo no dia 02/06, Fisk disparou o que maioria dos árabes já sabia: o discurso de Obama fará pouca diferença. Na última sexta, dia 05, o jornalista escreveu mais um artigo: Palavras para curar feridas de século.

Palavras, para curar feridas de século.

Robert Fisk

Pregador, historiador, economista, moralista, professor de escola primária, crítico, guerreiro, iman, imperador. Às vezes, até esquecia-se que Barack Obama é presidente dos EUA.

Conseguirá sua fala ante público cuidadosamente selecionado na Universidade do Cairo, fazer "reimaginar o mundo" e curar as feridas de séculos entre muçulmanos e cristãos? Resolverá a tragédia árabe-israelense, depois de mais de 60 anos? Se bastarem palavras, talvez...

Foi discurso bem construído, o que ouvimos de Obama ontem, ao mesmo tempo gentil e duro, do tipo que agrada qualquer público – e, de público, lá, só havia nós. Elogiou o Islam. Adorava o Islam. Admirava o Islam. Adorava o Cristianismo. E admira os EUA. Sabíamos que há sete milhões de muçulmanos nos EUA, que há mesquitas em todos os estados da União, que o Marrocos foi a primeira nação a reconhecer os EUA e que nosso dever é lutar contra os estereótipos antimuçulmanos, assim como é dever dos muçulmanos lutar contra os estereótipos anti-norte-americanos?

Boa parte da verdade, sim, foi dita, embora caramelizada para não ferir suscetibilidades em Israel. Negar os fatos do Holocausto de judeus é "sem fundamento, ignorante e semeia o ódio", disse ele, em frase obviamente dirigida ao Iran. E Israel merece segurança e "os palestinos devem desistir da violência..."

Os EUA exigem uma solução de dois Estados para o conflito Israel-Palestina. Disse aos israelenses que a colonização da Cisjordânia tem de parar. "Os EUA não aceitam a legitimidade da continuada construção de colônias israelenses."

Os palestinos sofreram muito sem pátria. "A situação do povo palestino é intolerável", disse Obama; e os EUA não darão as costas "às legítimas aspirações dos palestinos, de ter Estado próprio". Israel tem de dar "passos concretos" para que os palestinos progridam em suas vidas diárias, na trilha da paz. Israel tem de reconhecer o sofrimento dos palestinos e o direito de os palestinos existirem. UAU. Há mais de uma geração Israel não ouvia esse tipo de crítica de um presidente dos EUA. Soou como o fim do sonho sionista. George Bush existiu?

Infelizmente, sim, existiu. Às vezes, de fato, a fala de Obama soava como a Empresa de Reparos e Consertos Gerais de Bush, visitando o mundo muçulmano para varrer montanhas de candelabros partidos e carne dilacerada. Mas o presidente dos EUA – e isso foi surpreendente – admitiu os fracassos de seu país, a resposta exagerada ao 11/9, a criação de Guantânamo a qual, Obama outra vez nos fez lembrar, ele acaba de mandar fechar. Nada mau, Obama...

Chegamos ao Iran. Um Estado que queira ter armas nucleares é "caminho perigoso" para todos nós, especialmente para o Oriente Médio. Temos de impedir que comece qualquer corrida por armamento nuclear. Mas o Iran, como nação, deve ser tratada com dignidade. O mais extraordinário: Obama nos lembrou que os EUA trabalharam para derrubar o governo democraticamente eleito de Mossadeq no Iran dos anos 50s. Difícil superar "décadas de desconfiança".

E houve mais; democracia, direitos das mulheres, economia, um punhado de boas citações do Corão ("Quem mata um inocente, é como se matasse toda a humanidade".) Os governos devem respeitar "todo o seu povo" e também as minorias. Falou dos coptas cristãos do Egito; até os maronitas cristãos do Líbano apareceram por ali.

E quando Obama disse que alguns governos "quando chegam ao poder" tornam-se cruéis e suprimem os direitos alheios, a supostamente adestrada plateia irrompeu em aplausos ensurdecedores. Não surpreende que o governo egípcio tenha querido selecionar trechos do discurso de Obama, só os mais recomendáveis para o povo egípcio. A platéia estava claramente muito, muito infeliz com o regime de Estado policial de Hosni Mubarak. Fato é que Obama não pronunciou sequer uma vez o nome de Mubarak.

E sempre, e sempre, se ficava pensando: Obama ainda não mencionou o Iraque... E então, ele mencionou ("guerra escolhida... nossos soldados logo sairão de lá"). Mas ainda não falou do Afeganistão... e, então, ele falou do Afeganistão ("não queremos manter soldados no Afeganistão..."). Quando começou a falar sobre "uma coalizão de 46 países" – estatística muito duvidosa – começou a soar muito parecido com o predecessor. E aí, é claro, encontrou um problema inevitável. Como disse ontem Marwan Bishara, intelectual palestino, é muito fácil ficarmos "atordoados" ante presidentes. Foi uma performance atordoante. Mas quem leia o texto, verá que faltam coisas.

Nenhuma referência – durante ou depois a cordial escarificação do Iran – às cerca de 264 ogivas nucleares israelenses. Os palestinos ouviram reprimenda por atirarem foguetes contra crianças adormecidas e por explodir idosas em ônibus. Mas nenhuma referência à violência que Israel pratica em Gaza: só à persistente "crise humanitária em Gaza".

Nenhuma referência a Israel ter bombardeado civis no Líbano, nem às repetidas invasões de território libanês (17.500 mortos só na invasão de 1982). Obama disse aos muçulmanos que não vivam no passado, mas poupou os israelenses dessa recomendação. O Holocausto lá estava, no discurso; e Obama lembrou-se que hoje visitaria o campo de concentração de Buchenwald.

Para um homem que está mandando mais milhares de soldados norte-americanos para o Afeganistão – desastre certo ainda por acontecer, aos olhos de árabes e ocidentais – houve algo de bravata e presunção nesse ponto. Quando falou do muito que o ocidente deve ao Islam – a "luz do conhecimento" na Andaluzia, a álgebra, a bússola, a tolerância religiosa, foi como se acariciasse o gato antes de levá-lo ao veterinário. E o veterinário, claro, pregou aos muçulmanos sobre os perigos do extremismo, os "ciclos de desconfiança e discórdia" – apesar de os EUA e o Islam partilharem "princípios comuns" os quais, como ninguém sabe, são "justiça, progresso e a dignidade de todos os seres humanos".

Houve uma generosa omissão: em discurso de quase 6.000 palavras, não apareceu a palavra letal "terror". "Terror" ou "terrorismo" tem sido mais frequentes que vírgulas em todos os discursos do governo israelense e tornou-se parte da obscena gramática da era Bush.

Um cara inteligente esse Obama. Não chega a ser um Gettysburg. Não é exatamente um Churchill, mas não está mal. Sempre se pode, seja como for, lembrar observações de Churchill: "Palavras são fáceis e muitas; grandes feitos são difíceis e raros."

General Motors na rua da amargura

gm-amancio Amâncio

sexta-feira, 5 de junho de 2009

VOTA Iniciativa Internacionalista

O video acima é um dos muitos (até o momento 105) que estão disponíveis no YouTube chamando voto à Iniciativa Internacionalista que está concorrendo às eleições européias.

Vale uma visita também ao portal Iniciativa Internacionalista que concentra notícias das várias iniciativas da chapa além de imagens, videos, etc.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Michael Moore: Adeus General Motors

adeusgm O Estadão publicou hoje tradução do texto Goodbye, GM do cineasta Michael Moore. Como para acessar é preciso ser assinante, publicamos aqui na íntegra o texto de Moore.

Escrevi isso na manhã do fim da antes poderosa General Motors. Por volta do meio-dia, o presidente dos Estados Unidos tornaria oficial: a GM, tal como a conhecemos, teve perda total.

Enquanto estou aqui sentado no berço da GM, em Flint, Estado de Michigan, estou cercado de amigos e famílias cheios de ansiedade pelo que acontecerá com eles e com sua cidade. Quarenta por cento das casas e negócios da cidade foram abandonados. Imaginem como seria viver numa cidade em que quase metade das casas está vazia. Qual seria seu estado de espírito? É uma triste ironia que a companhia que inventou a “obsolescência planejada” - a decisão de construir carros que se desmantelariam após alguns anos para que o consumidor tivesse de comprar um novo - agora se tornou obsoleta.

Ela se recusou a fabricar automóveis que o público queria, carros mais econômicos, que fossem tão seguros quando poderiam, e fossem expressivamente confortáveis de dirigir. Oh… e que não começariam a se desmanchar depois de dois anos. A GM teimosamente combateu regulamentos ambientais de segurança. Seus executivos arrogantemente ignoraram os carros japoneses e alemães “inferiores”, carros que se tornariam o padrão ouro para compradores de automóveis. E ela foi determinada em punir sua força de trabalho sindicalizada, cortando milhares de empregos por nenhuma boa razão além de “melhorar” os resultados financeiros de curto prazo da corporação.

A partir dos anos 80, quando a GM registrou lucros recordes, ela deslocou incontáveis empregos para o México e outros lugares, destruindo assim as vidas de dezenas de milhares de americanos que trabalhavam duro. A flagrante estupidez dessa política foi que, quando eles eliminaram a renda de tantas famílias de classe média, quem vocês acham que seria capaz de comprar seus carros? A história registrará essa trapalhada da mesma maneira como escreve hoje sobre a construção francesa da Linha Maginot ou de como os romanos envenenaram inadvertidamente seu próprio sistema de água com chumbo letal em seus canos.

Então, aqui estamos ao pé do leito de morte da GM. O corpo da companhia ainda não esfriou, e eu me vejo cheio de - ousaria dizê-lo - alegria. Não é a alegria da vingança contra uma corporação que arruinou minha cidade natal e trouxe miséria, divórcio, alcoolismo, sem-teto, debilitação física e mental, e vício em drogas para as pessoas com as quais cresci. Eu não tenho, obviamente, nenhuma alegria em saber que mais 21 mil trabalhadores da GM serão informados de que também eles estão sem trabalho.

Mas os Estados Unidos agora possuem uma empresa automobilística! Eu sei, eu sei… quem, na terra, quer gerir uma montadora de carros? Quem de nós quer 50 bilhões de nossos dólares atirados no buraco sem fundo para tentar ainda salvar a GM? Salvar a nossa preciosa infraestrutura industrial, porém, é outra questão e deve ser uma alta prioridade. Se permitirmos o fechamento e desmantelamento de nossas plantas automotivas, nós dolorosamente desejaremos ainda as possuir quando percebermos que essas fábricas poderiam ter construído os sistemas de energia alternativa de que hoje desesperadamente precisamos. E quando percebermos que a melhor maneira de nos fazer transportar é em trens-bala e de superfície e ônibus mais limpos, como faremos isso se tivermos permitido que nossa capacidade industrial e sua força de trabalho especializada desapareçam?

Tal como fez o presidente Roosevelt após o ataque a Pearl Harbor, o presidente Obama precisa dizer à nação que estamos em guerra e precisamos imediatamente converter nossas fábricas de automóveis em fábricas que produzam veículos de transporte de massa e dispositivos de energia alternativa. Em poucos meses de 1942, em Flint, a GM paralisou toda a produção de carros e usou imediatamente as linhas de montagem para construir aviões, tanques e metralhadoras. A conversão não tomou nenhum tempo. Todos se empenharam. Os fascistas foram destruídos.

Estamos agora num tipo diferente de guerra - uma guerra que foi conduzida contra os ecossistemas e foi movida por nossos líderes corporativos. Essa guerra atual tem duas frentes. Uma tem seu quartel-general em Detroit. Os produtos construídos nas fábricas de GM, Ford e Chrysler estão entre as maiores armas de destruição em massa responsáveis pelo aquecimento global e o derretimento de nossas calotas polares. As coisas a que chamamos “carros” podiam ser divertidas de guiar, mas são como um milhão de adagas no coração da mãe natureza”.

Persistir na sua fabricação só levará à ruína de nossa espécie e de boa parte do planeta.

A outra frente nessa guerra está sendo travada pelas companhias de petróleo contra você e eu. Elas estão empenhadas em nos depenar sempre que puderem, e têm sido as gerentes implacáveis da quantidade finita de petróleo que está localizado sob a superfície da terra. Elas sabem que o estão sugando até o bagaço. E como os magnatas da madeira no início do século 20, que não davam a mínima para futuras gerações quando derrubaram as florestas, esses barões do petróleo não estão dizendo ao público o que eles sabem que é verdade - que existem apenas algumas poucas décadas de petróleo aproveitável. E à medida que os últimos dias do petróleo se aproximam, nos preparar para algumas pessoas muito desesperadas dispostas a matar e ser mortas apenas para pôr as mãos num galão de gasolina.

Há 100 anos, os fundadores da GM convenceram o mundo a desistir de seus cavalos, selas e carruagens para tentar uma nova forma de transporte. Agora chegou a hora de nós dizermos adeus ao motor de combustão interna. Ele pareceu nos servir tão bem por tanto tempo. Nós gostávamos de fazer malabarismos com os carros, tanto sentados no banco da frente como no de trás. Assistíamos filmes em grandes telas ao ar livre, íamos as corridas da Nascar por todo o país. E víamos o Oceano Pacífico pela primeira vez através da janela na Highway 1. E agora isso acabou. Este é um novo dia e um novo século.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sindicato dos Metalúrgicos de São José defende nacionalização da GM do Brasil

O SINDMETALSJC publicou hoje declaração sobre o pedido de concordata da GM Company decretado hoje nos Estados Unidos. Diante da incerteza que a concordata coloca para os trabalhadores da filial brasileira e da “política de reestrturação” da empresa que ataca duramente os direitos dos trabalhadores estadunidenses, o sindicato defende a nacionalização da GM do Brasil.

Leia a declaração no portal.

Virus no Brasil

virus-brunoBruno