Na última quinta-feira, dia 27 de outubro, por volta das 18h, três estudantes foram abordados dentro de seu carro, pela polícia militar, no estacionamento da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Estes estudantes tiveram seus documentos confiscados e seu carro revistado por estarem, segundo a polícia, consumindo maconha.
Esta não foi a primeira vez que a PM entrou no campus para reprimir estudantes. Trata-se de mais uma demonstração da política de repressão que vem sendo imposta na Universidade pelo reitor João Grandino Rodas, investigado por corrupção pelo Ministério Público. Este reitor, que não foi eleito pela comunidade universitária, tem uma ampla ficha de repressão aos estudantes e movimentos sociais.
A repressão foi acentuada com a assinatura de um convênio (entre a reitoria da USP e a PM) que foi firmado em setembro deste ano, sem a mínima consulta à comunidade universitária. Este convênio permite a entrada ostensiva da polícia no campus e prevê a instalação de quatro bases militares no campus Butantã. Os policiais têm abordado indiscriminadamente estudantes e trabalhadores. Com isso, o Reitor tenta impor seu projeto de privatização da Universidade, que já vem se concretizando através da terceirização e a precarização do trabalho e ensino.
A abordagem da PM indignou @s estudantes, que começaram a se reunir em volta d@s policiais buscando impedir uma ação mais violenta contra @s alun@s. Mais de quinhentos estudantes se uniram para impedir a prisão dos três universitários que haviam sido abordados. A polícia continuou irredutível e chamou reforços, totalizando 15 viaturas, só no estacionamento da FFLCH. Com o aumento da força policial mais estudantes se juntaram para defender a autonomia da universidade, se posicionando contra a repressão policial.
Em um ato de protesto contra a repressão, centenas de estudantes se colocaram em frente as viaturas para evitar a detenção dos estudantes. A partir deste momento, @s políciais, que estavam, em sua maioria, sem identificação pessoal, partiram para um violento confronto físico, saindo do campo das ameaças e ofensas verbais para agressões com gás lacrimogênio, spray de pimenta, bala de borracha e cassetete.
Diante da truculência da polícia, @s estudantes, que se mobilizaram contra a repressão e a violência, se defenderam conforme podiam. Após três horas de tencionamento e meia hora de confronto físico, os polícias deixaram a universidade. @s estudantes não se deixaram intimidar pela violência da polícia. Após a assembleia realizada pel@s mais de quinhentos presentes foi decido pela ocupação da Administração da FFLCH como forma de lutar contra a repressão na USP.
Seguiremos ocupad@s até que o convênio (USP- PM) seja revogado pela reitoria, proibindo a entrada da polícia militar no campus em qualquer circunstancia, bem como a garantia de autonomia nos espaços estudantis, como o Núcleo de Conciência Negra, a Moradia Retomada, o CANiL_Espaço Fluxus de Cultura da USP, entre outros. Continuaremos aqui até que se retirem todos os processos crimininais e administrativos contra @s estudantes, professores e funcionári@s.
São Paulo, 28 de outubro de 2011.
Movimento de ocupação.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
A fome e suas coincidências
Nesta terça-feira, 18, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), juntamente com o Programa Alimentar Mundial (PAM), advertiu a comunidade internacional para a situação da fome no mundo, que classificaram como "alarmante e dramática". No Brasil, a notícia repercutiu somente em alguns sites de notícias, já que a maioria dos grandes portais está ocupada noticiando outro Pan, o de Guadalajara.
Entre os destaques das declarações das duas instituições, fatos realmente assustadores. A fome mata mais do que os vírus da AIDS, da malária e da tuberculose, segundo o PAM. Acrecente-se que uma em cada 7 pessoas do mundo dorme todos os dias com fome e, para piorar, na maioria dos casos mulheres e crianças. De 2005 a 2008, os alimentos, em todo o mundo, atingiram o maior valor dos últimos 30 anos. Na Somália, localizada no chamado Chifre da África e um dos países em pior situação, 4 milhões de pessoas estão em situação crítica e aproximadamente 750 mil podem morrer de fome até o final do ano.
Pois bem, a notícia repercutiu. Mas nem os "especialistas" da FAO, nem os do PAM, deram explicações razoáveis para esse aumento da fome. E o nosso bom jornalismo, pra variar, foi na onda. Vejamos o que dizem os tais especialistas: o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed, 'explicou' que a situação atual é “mais dramática” porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional. Impressionante como são azarados os somalianos! Justo agora, que o mundo está em crise, essa terrível coincidência, esse terrível acaso do aumento de preços dos alimentos!
A próxima "explicação" serei obrigado a transcrever, porque não dá pra reescrever tamanha sabedoria: "Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. 'Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar', disse Ahmed." Estão vendo? A culpa só pode ser do povo, que inventa de procriar.
Em meio a tantos acasos e coincidências, não custa lembrar mais alguns:
- 35 anos atrás, data em que a alta dos alimentos foi tão violenta quanto a atual, "coincide" com o auge da crise do Estado de Bem Estar Social (aquele modelo econômico que oferecia um tremendo bem-estar para os 9 países mais ricos do mundo, enquanto os outros 190 padeciam de um estranho mal-estar) e começava a "gloriosa" implementação do neoliberalismo;
- no Egito, a alta desenfreada dos alimentos nos últimos meses de 2010 e começo de 2011 foi um dos principais motivos para que eclodissem as revoltas populares - uma tremenda coincidência, já que a causa mesmo das revoltas no Egito foi o Facebook;
- a fome no mundo está piorando porque, por coincidência, nesses países há graves problemas como guerras civis, o que impede que a ajuda humanitária entregue as esmolas doações vindas de várias partes do globo;
- por coincidência também, grande parte dessa população mora em regiões que enfrentam longos períodos de seca, onde, coincidentemente, não se pode encontrar nenhuma sede de governo ou qualquer coisa relacionada às riquezas produzidas no país. A propósito, essa é a última coincidência: 60% do PIB da Somália vem da agropecuária. Isso mesmo! Da produção agrícola e de gado. Em uma palavra: comida.
Com tudo isso, só posso mesmo achar que esse papo de gente morrendo de fome de um lado e concentração de riqueza de outro é mesmo conversa fiada. Tudo não passa de acaso e coincidência...
Entre os destaques das declarações das duas instituições, fatos realmente assustadores. A fome mata mais do que os vírus da AIDS, da malária e da tuberculose, segundo o PAM. Acrecente-se que uma em cada 7 pessoas do mundo dorme todos os dias com fome e, para piorar, na maioria dos casos mulheres e crianças. De 2005 a 2008, os alimentos, em todo o mundo, atingiram o maior valor dos últimos 30 anos. Na Somália, localizada no chamado Chifre da África e um dos países em pior situação, 4 milhões de pessoas estão em situação crítica e aproximadamente 750 mil podem morrer de fome até o final do ano.
Pois bem, a notícia repercutiu. Mas nem os "especialistas" da FAO, nem os do PAM, deram explicações razoáveis para esse aumento da fome. E o nosso bom jornalismo, pra variar, foi na onda. Vejamos o que dizem os tais especialistas: o diretor da FAO em Genebra, Abdessalam Ould Ahmed, 'explicou' que a situação atual é “mais dramática” porque o aumento dos preços dos alimentos ocorre no mesmo momento do agravamento da crise econômica internacional. Impressionante como são azarados os somalianos! Justo agora, que o mundo está em crise, essa terrível coincidência, esse terrível acaso do aumento de preços dos alimentos!
A próxima "explicação" serei obrigado a transcrever, porque não dá pra reescrever tamanha sabedoria: "Para ele, a elevação dos preços é uma consequência, entre outros fatores, do aumento substancial da população mundial. 'Cada ano existem no mundo mais 80 milhões de bocas para alimentar', disse Ahmed." Estão vendo? A culpa só pode ser do povo, que inventa de procriar.
Em meio a tantos acasos e coincidências, não custa lembrar mais alguns:
- 35 anos atrás, data em que a alta dos alimentos foi tão violenta quanto a atual, "coincide" com o auge da crise do Estado de Bem Estar Social (aquele modelo econômico que oferecia um tremendo bem-estar para os 9 países mais ricos do mundo, enquanto os outros 190 padeciam de um estranho mal-estar) e começava a "gloriosa" implementação do neoliberalismo;
- no Egito, a alta desenfreada dos alimentos nos últimos meses de 2010 e começo de 2011 foi um dos principais motivos para que eclodissem as revoltas populares - uma tremenda coincidência, já que a causa mesmo das revoltas no Egito foi o Facebook;
- a fome no mundo está piorando porque, por coincidência, nesses países há graves problemas como guerras civis, o que impede que a ajuda humanitária entregue as esmolas doações vindas de várias partes do globo;
- por coincidência também, grande parte dessa população mora em regiões que enfrentam longos períodos de seca, onde, coincidentemente, não se pode encontrar nenhuma sede de governo ou qualquer coisa relacionada às riquezas produzidas no país. A propósito, essa é a última coincidência: 60% do PIB da Somália vem da agropecuária. Isso mesmo! Da produção agrícola e de gado. Em uma palavra: comida.
Com tudo isso, só posso mesmo achar que esse papo de gente morrendo de fome de um lado e concentração de riqueza de outro é mesmo conversa fiada. Tudo não passa de acaso e coincidência...
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sábado, 15 de outubro de 2011
Militante do PSTU vence concurso de poesia em Criciúma
A Academia Criciumense de Letras (Acle) divulgou nesta quinta-feira, 13, a lista de vencedores de seu Concurso Literário. O vencedor do concurso é o militante do PSTU, Israel Andrade, de 26 anos. Eu sou carvão, que trata da dura vida do trabalhador nas minas de carvão, é o título do poema vencedor da categoria adulto
Em entrevista ao site ClicaTribuna, Israel disse ter ficado surpreso com a premiação, pois esperava um resultado melhor de outro poema enviado. Israel, que é estudante de sociologia na Universidade Estadual de Santa Catarina (Unesc), destacou a importância do concurso e lembrou que quase sempre, infelizmente, a cultura só é valorizada se atender aos interesses de lucratividade da Indústria Cultural.
O Blog Molotov parabeniza ao militante pelo concurso e pelo belo poema!
Em entrevista ao site ClicaTribuna, Israel disse ter ficado surpreso com a premiação, pois esperava um resultado melhor de outro poema enviado. Israel, que é estudante de sociologia na Universidade Estadual de Santa Catarina (Unesc), destacou a importância do concurso e lembrou que quase sempre, infelizmente, a cultura só é valorizada se atender aos interesses de lucratividade da Indústria Cultural.
O Blog Molotov parabeniza ao militante pelo concurso e pelo belo poema!
Israel fala ao ClicaTribuna, em Criciúma (Foto: Renan Medeiros)
Eu sou carvão
Sou coisa preta
sou pedra tirada do ventre da terra.
Sou feto parido do chão,
eu sou carvão.
A minha cor é a do piche,
eu sou azeviche;
pra me parir tem que ter pá, picareta e dinamite;
pra me parir tem que ter braço forte;
tem que ter sorte, acredite;
pois a morte é viva no útero da minha mãe
e antes de trabalhar tem que fazer oração,
tem que rezar, tem que pedir proteção,
pra me parir tem que ter calo na mão.
eu sou carvão.
Arrancam-me do solo nu
não ligo, sou pedra de exu, me vingo;
sou hulha, pirita, rejeito; sou chaga que não tem cura, doença no peito;
sou feio, de um jeito igual pichação;
sou ponto preto no pulmão
do mineiro, poeira, explosão.
Eu sou carvão
Sou coisa preta
sou pedra tirada do ventre da terra.
Sou feto parido do chão,
eu sou carvão.
A minha cor é a do piche,
eu sou azeviche;
pra me parir tem que ter pá, picareta e dinamite;
pra me parir tem que ter braço forte;
tem que ter sorte, acredite;
pois a morte é viva no útero da minha mãe
e antes de trabalhar tem que fazer oração,
tem que rezar, tem que pedir proteção,
pra me parir tem que ter calo na mão.
eu sou carvão.
Arrancam-me do solo nu
não ligo, sou pedra de exu, me vingo;
sou hulha, pirita, rejeito; sou chaga que não tem cura, doença no peito;
sou feio, de um jeito igual pichação;
sou ponto preto no pulmão
do mineiro, poeira, explosão.
Eu sou carvão
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Dilma, Fifa e a meia entrada
Apesar das opiniões muitas vezes controversas e alinhadas à burguesia, o quadro opinativo do jornal diário SBT Brasil tem trazido bons comentários sobre a polêmica Fifa x direitos do povo brasileiro. O jornalista Carlos Chagas é o comentarista do tema e tem colocado boas questões a respeito (diferente, claro, da Rede Globo de Televisão, principal interessada nos dividendos da Copa da Fifa - que insistem em chamar de Copa do Brasil).
Para assistir ao vídeo do dia 07/10/2011, clique no link do SBT Brasil.
O chargista Mário Alberto, do LanceNet, em novembro do ano passado, já mostrava um pouco do que estaria por vir...
Para assistir ao vídeo do dia 07/10/2011, clique no link do SBT Brasil.
O chargista Mário Alberto, do LanceNet, em novembro do ano passado, já mostrava um pouco do que estaria por vir...
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011
"Trégua" no Ceará?
No Ceará, depois de reprimir violentamente as manifestações de professores da rede estadual em greve, de usar o judiciário para decretar a ilegalidade da greve (que, com suor e, literalmente, muito sangue, já dura dois meses), o Governador Cid Gomes resolveu dar uma demonstração de sua "benevolência". Vai dar uma "trégua" até a próxima sexta-feira aos trabalhadores da educação. Na prática, uma ameaça velada. Se os professores não aceitarem a proposta de hoje, a partir de sábado o movimento vai precisar levantar barricada novamente. O chargista Latuff mandou bem! Nessa charge ele mostra o clima de paz do governo do Ceará.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Marx me liga
Um pouco de amenidades para começar bem a semana! A sugestão, muito bem-vinda, é do companheiro blogueiro João Paulo (do blog As Crônicas do João).
Boa semana a tod@s!
Boa semana a tod@s!
domingo, 2 de outubro de 2011
Repressão em Wall Street
Na tarde deste sábado, a polícia de Nova Iorque prendeu cerca de 700 manifestantes - quase metade de um total de 1500 pessoas - que marchavam na Ponte Brooklyn, a duas quadras de Wall Street. Leia mais...
Se do lado do capital a repressão aumenta, do outro lado cresce o apoio aos manifestantes. No décimo quinto dia do movimento Occupy Wall Street, o sindicato nacional dos trabalhadores do setor siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados, anunciou sua solidariedade ao movimento, que alcança um número cada vez maior de cidades, entre elas Chicago e Los Angeles.
Na próxima quarta-feira, 5 de outubro, trabalhadores e estudantes preparam uma grande manifestação em Wall Street.
Abaixo os últimos vídeos postados pelo movimento, feitos no 11º e 12º dias de ocupação (dias 27 e 28 de fevereiro).
Se do lado do capital a repressão aumenta, do outro lado cresce o apoio aos manifestantes. No décimo quinto dia do movimento Occupy Wall Street, o sindicato nacional dos trabalhadores do setor siderúrgico (USW), com 1,2 milhões de filiados, anunciou sua solidariedade ao movimento, que alcança um número cada vez maior de cidades, entre elas Chicago e Los Angeles.
Na próxima quarta-feira, 5 de outubro, trabalhadores e estudantes preparam uma grande manifestação em Wall Street.
Abaixo os últimos vídeos postados pelo movimento, feitos no 11º e 12º dias de ocupação (dias 27 e 28 de fevereiro).
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Ocupações de "paz e amor"
Uma pesquisa realizada pelas Nações Unidas mostra uma pequena parte das conseqüências das ocupações de “paz” realizadas pela organização. Oito em cada 10 meninas da cidade de Toulepleu, na Costa do Marfim, entrevistadas pela ONU, revelaram ter feito sexo em troca de comida com soldados do Benin ligados à missão de paz no país.
De acordo com o documento, as menores faziam sexo com soldados da força de paz em troca de alimentação ou hospedagem. A entrevista está contida em um documento da diplomacia norte-americana, de janeiro de 2010, que só foi divulgado agora pelo Wikileaks.
A notícia circulou na imprensa no mês de setembro (mais no Opera Mundi) e revela a dura realidade das ocupações militares ditas "humanitárias".
De acordo com o documento, as menores faziam sexo com soldados da força de paz em troca de alimentação ou hospedagem. A entrevista está contida em um documento da diplomacia norte-americana, de janeiro de 2010, que só foi divulgado agora pelo Wikileaks.
A notícia circulou na imprensa no mês de setembro (mais no Opera Mundi) e revela a dura realidade das ocupações militares ditas "humanitárias".
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