O boletim eletrônico do jornal Brasil de Fato trouxe, no dia 31 de julho, um artigo do jornalista gaúcho Daniel Cassol sobre o desastre com o Airbus 320 da TAM. Para ele, o acidente trouxe mais que a revolta e o choque de quem cobriu a tragédia ou de alguma forma a presenciou. Trouxe a dor de perder a sua única irmã, a médica Lina Barbosa Cassol.
É disso que trata Feliz aniversário, minha irmã: da dor da perda. Mas não só. É também um grito de revolta. Diante e através do sofrimento, expressa a indignação com a companhia, o governo, a Justiça. É um texto de alguém que sabe que tudo podia ter sido evitado e que os responsáveis pelas perdas estão vivos. Vale a pena ler.
A Daniel Cassol e a sua família, a nossa solidariedade, bem como a todos os familiares das vítimas desta tragédia anunciada.
Leia um trecho do artigo:
"Palavras como grooving, manete e reverso vão sendo incorporadas ao nosso vocabulário, enquanto as verdadeiras causas disto que chamam 'acidente' são omitidas e a culpa, colocada em quem não pode mais se defender. Porque nada substitui o lucro, nos ensina a TAM, nem a verdade sobre uma tragédia anunciada e outras vezes já ocorrida.
(...)
A Justiça, que poderia ter fechado o aeroporto de Congonhas antes da tragédia, preferiu silenciar. O governo demonstra mais uma vez sua absoluta falta de vontade em enfrentar os interesses econômicos. E outros políticos, igualmente responsáveis por esta tragédia, porque criadores de um sistema falho e submisso aos interesses empresariais, agora fazem discursos enérgicos, usando a dor das famílias em nome de seus interesses pessoais.
Minha mãe costuma chorar pela manhã. É quando se lembra mais da Lina, ela me diz, sem saber o que vai ser da vida, agora que está sem sua amiga e companheira. Nestes dias frios e tristes no interior do Estado, cercados de gente religiosa, nos resta acreditar que de fato a Lina tinha uma missão, curta e intensa, de tornar pessoas melhores todos aqueles que conviveram com ela."
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